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O que acontece no seu corpo quando você come muita carambola

Imagem: Arte UOL

Cristina Almeida

Colaboração para VivaBem

12/11/2024 05h30

Perfumada, carnuda, dourada, em forma de estrela e suculenta, a carambola é uma fruta recheada de vitaminas e minerais, e pode ser uma opção nutritiva para garantir maior consumo de alimentos in natura no seu dia a dia.

Com fama de trazer boa sorte e abundância em muitas culturas, o interesse pela carambola, entre os cientistas, decorre do fato de ela ser fonte natural de antioxidantes, cujos efeitos protegem a saúde das células, evitando a ação dos radicais livres.

O outro lado dessa alta qualidade nutricional é que a fruta contém componentes tóxicos, como a caramboxina e o oxalato, que podem oferecer risco para determinados indivíduos.

A carambola é originária da Ásia e medicinas tradicionais como a ayurveda e a chinesa reconhecem suas propriedades medicinais.

O fruto pode ser consumido como suco, salada, picles ou geleia.

Flores e folhas são utilizadas em chás.

Possui componentes ácidos que são úteis na remoção da ferrugem.

Os efeitos no seu corpo

A mais atual ciência da nutrição já esclareceu que a ação de um determinado alimento não deve ser considerada isoladamente. A razão para isso é que o bom funcionamento do corpo humano depende da interação de outros nutrientes obtidos por meio da dieta.

Assim, quando inseridos em um cardápio equilibrado, os componentes nutricionais da carambola proporcionam os seguintes resultados:

  • Mais hidratação, fibras e vitamina C

A carambola (Averrhoa carambola L) é composta por água, fibras insolúveis, antioxidantes, vitaminas e minerais, sendo os principais deles o potássio, o fósforo e o magnésio.

O extrato das folhas, frutos e raízes contém um conjunto de antioxidantes e fitoquímicos como saponinas, flavonoides, fitoesterois e fenóis (antocianinas e antocianidinas).

Entre os antioxidantes, destaca-se a alta concentração de vitamina C: 100 g possui cerca de 61 mg. Basta 1 unidade para quase suprir totalmente a recomendação de consumo diário, que é de 65 mg (mulheres) e 90 mg (homens).

Todas essas características fazem da fruta uma excelente opção para quem deseja incluir na dieta itens com baixa caloria (cada 100 g de carambola contêm 46 kcal), hidratantes e que contenham alto teor de fibras.

A recomendação de consumo diário de fibras é de 5 g a 30 g de fibras: 1 unidade média atinge cerca 10% dessa sugestão: 100 g da fruta contêm 2 g.

  • Potencial defesa contra doenças

A maioria dos estudos científicos hoje disponíveis sobre as propriedades da carambola foram feitos em animais, sendo escassas pesquisas em humanos. Apesar disso, os resultados são promissores. Confira alguns deles:

Melhora das defesas do corpo, resultado do alto teor de antioxidantes (flavonoides, vitamina C, compostos fenólicos).

Combate enfermidades metabólicas. O conjunto de antioxidantes auxilia no equilíbrio da glicemia (taxa de açúcar no sangue), na redução da pressão arterial, do colesterol e do triglicérides (gorduras do organismo). Tais mudanças poderiam colaborar para a redução do IMC (índice de massa corporal).

Ação anti-inflamatória, antifúngica e antibiótica, o que faz da fruta auxiliar de medicinas tradicionais para o alívio da febre, tosse, diarreia, dor de cabeça crônica, problemas da pele (eczema, infecções fúngicas) e até hemorroidas.

Nutritiva, mas não é para todos

Imagem: iStock

A carambola possui dois componentes tóxicos: a caramboxina e o oxalato. Como eles não possuem função alguma no organismo, uma vez que sejam consumidos por uma pessoa saudável, são absorvidos, filtrados pelos rins e eliminados.

Já para quem tem doença renal, a fruta é contraindicada porque não é possível contar com a eficiência desse processo natural de filtragem. Assim, quanto maior for o comprometimento, maiores são os riscos de toxicidade.

No caso da caramboxina, a permanência dela na corrente sanguínea está associada a sintomas como náuseas e soluços, além de manifestações neurológicas como confusão mental e até convulsões.

A substância também atua como antinutriente, ou seja, ela reduz a absorção no corpo humano de alguns minerais.

O oxalato, por sua vez, se relaciona à formação de cálculos renais, as famosas pedras nos rins.

A maior ou menor gravidade desses quadros parece depender da presença de outras doenças (comorbidades) além das renais, como problemas gastrointestinais e no pâncreas, além de níveis de hidratação e o tipo da fruta (espécie azeda ou doce).

Dadas essas particularidades, ainda não foi possível definir qual seria a "dose" exata com potencial tóxico para esses indivíduos. Assim, a sugestão é evitar a fruta, caso você se encaixe em algumas das condições descritas. Dados publicados pela revista científica Food Science & Nutrition.

Interações com medicamentos

Alguns alimentos não combinam com determinadas medicações porque o consumo pode aumentar ou reduzir o efeito esperado pelo remédio.

No caso da carambola, ela é contraindicada para pessoas que fazem uso de venetoclax, um fármaco indicado no tratamento de alguns tipos de leucemia e linfoma.

O consumo da fruta, do suco ou suplementos que possam contê-los pode aumentar a quantidade do medicamento na circulação sanguínea.

Fontes: Caroline Bertoncini, nutricionista, mestre e doutora em ciências pela FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo) e professora do curso de nutrição, da disciplina de dietoterapia e temas atuais em nutrição; Magda Rosa Ramos da Cruz, professora do curso de nutrição da PUC-PR; e Nathalia Ramos, nutricionista do HU-Univasf (Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale São Francisco), que integra a rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) em Petrolina (PE). Revisão técnica: Magda Rosa Ramos da Cruz.

Referências:

Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)

UFABC (Universidade Federal do ABC)

Tabela TACO (Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos)

Lakmal K. et al. Nutritional and medicinal properties of Star fruit (Averrhoa carambola): A review. Food Sci Nutr. 2021. Disponível em https://doi.org/10.1002/fsn3.2135

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