O que acontece no seu corpo quando você come muita carambola

Perfumada, carnuda, dourada, em forma de estrela e suculenta, a carambola é uma fruta recheada de vitaminas e minerais, e pode ser uma opção nutritiva para garantir maior consumo de alimentos in natura no seu dia a dia.

Com fama de trazer boa sorte e abundância em muitas culturas, o interesse pela carambola, entre os cientistas, decorre do fato de ela ser fonte natural de antioxidantes, cujos efeitos protegem a saúde das células, evitando a ação dos radicais livres.

O outro lado dessa alta qualidade nutricional é que a fruta contém componentes tóxicos, como a caramboxina e o oxalato, que podem oferecer risco para determinados indivíduos.

A carambola é originária da Ásia e medicinas tradicionais como a ayurveda e a chinesa reconhecem suas propriedades medicinais.

O fruto pode ser consumido como suco, salada, picles ou geleia.

Flores e folhas são utilizadas em chás.

Possui componentes ácidos que são úteis na remoção da ferrugem.

Os efeitos no seu corpo

A mais atual ciência da nutrição já esclareceu que a ação de um determinado alimento não deve ser considerada isoladamente. A razão para isso é que o bom funcionamento do corpo humano depende da interação de outros nutrientes obtidos por meio da dieta.

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Assim, quando inseridos em um cardápio equilibrado, os componentes nutricionais da carambola proporcionam os seguintes resultados:

  • Mais hidratação, fibras e vitamina C

A carambola (Averrhoa carambola L) é composta por água, fibras insolúveis, antioxidantes, vitaminas e minerais, sendo os principais deles o potássio, o fósforo e o magnésio.

O extrato das folhas, frutos e raízes contém um conjunto de antioxidantes e fitoquímicos como saponinas, flavonoides, fitoesterois e fenóis (antocianinas e antocianidinas).

Entre os antioxidantes, destaca-se a alta concentração de vitamina C: 100 g possui cerca de 61 mg. Basta 1 unidade para quase suprir totalmente a recomendação de consumo diário, que é de 65 mg (mulheres) e 90 mg (homens).

Todas essas características fazem da fruta uma excelente opção para quem deseja incluir na dieta itens com baixa caloria (cada 100 g de carambola contêm 46 kcal), hidratantes e que contenham alto teor de fibras.

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A recomendação de consumo diário de fibras é de 5 g a 30 g de fibras: 1 unidade média atinge cerca 10% dessa sugestão: 100 g da fruta contêm 2 g.

  • Potencial defesa contra doenças

A maioria dos estudos científicos hoje disponíveis sobre as propriedades da carambola foram feitos em animais, sendo escassas pesquisas em humanos. Apesar disso, os resultados são promissores. Confira alguns deles:

Melhora das defesas do corpo, resultado do alto teor de antioxidantes (flavonoides, vitamina C, compostos fenólicos).

Combate enfermidades metabólicas. O conjunto de antioxidantes auxilia no equilíbrio da glicemia (taxa de açúcar no sangue), na redução da pressão arterial, do colesterol e do triglicérides (gorduras do organismo). Tais mudanças poderiam colaborar para a redução do IMC (índice de massa corporal).

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Ação anti-inflamatória, antifúngica e antibiótica, o que faz da fruta auxiliar de medicinas tradicionais para o alívio da febre, tosse, diarreia, dor de cabeça crônica, problemas da pele (eczema, infecções fúngicas) e até hemorroidas.

Nutritiva, mas não é para todos

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Imagem: iStock

A carambola possui dois componentes tóxicos: a caramboxina e o oxalato. Como eles não possuem função alguma no organismo, uma vez que sejam consumidos por uma pessoa saudável, são absorvidos, filtrados pelos rins e eliminados.

Já para quem tem doença renal, a fruta é contraindicada porque não é possível contar com a eficiência desse processo natural de filtragem. Assim, quanto maior for o comprometimento, maiores são os riscos de toxicidade.

No caso da caramboxina, a permanência dela na corrente sanguínea está associada a sintomas como náuseas e soluços, além de manifestações neurológicas como confusão mental e até convulsões.

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A substância também atua como antinutriente, ou seja, ela reduz a absorção no corpo humano de alguns minerais.

O oxalato, por sua vez, se relaciona à formação de cálculos renais, as famosas pedras nos rins.

A maior ou menor gravidade desses quadros parece depender da presença de outras doenças (comorbidades) além das renais, como problemas gastrointestinais e no pâncreas, além de níveis de hidratação e o tipo da fruta (espécie azeda ou doce).

Dadas essas particularidades, ainda não foi possível definir qual seria a "dose" exata com potencial tóxico para esses indivíduos. Assim, a sugestão é evitar a fruta, caso você se encaixe em algumas das condições descritas. Dados publicados pela revista científica Food Science & Nutrition.

Interações com medicamentos

Alguns alimentos não combinam com determinadas medicações porque o consumo pode aumentar ou reduzir o efeito esperado pelo remédio.

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No caso da carambola, ela é contraindicada para pessoas que fazem uso de venetoclax, um fármaco indicado no tratamento de alguns tipos de leucemia e linfoma.

O consumo da fruta, do suco ou suplementos que possam contê-los pode aumentar a quantidade do medicamento na circulação sanguínea.

Fontes: Caroline Bertoncini, nutricionista, mestre e doutora em ciências pela FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo) e professora do curso de nutrição, da disciplina de dietoterapia e temas atuais em nutrição; Magda Rosa Ramos da Cruz, professora do curso de nutrição da PUC-PR; e Nathalia Ramos, nutricionista do HU-Univasf (Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale São Francisco), que integra a rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) em Petrolina (PE). Revisão técnica: Magda Rosa Ramos da Cruz.

Referências:

Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)

UFABC (Universidade Federal do ABC)

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Tabela TACO (Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos)

Lakmal K. et al. Nutritional and medicinal properties of Star fruit (Averrhoa carambola): A review. Food Sci Nutr. 2021. Disponível em https://doi.org/10.1002/fsn3.2135

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