5 truques eficientes para aumentar os músculos e 3 erros para evitar
Colaboração para VivaBem*
13/11/2024 13h47
O melhor caminho para construir músculos é bem conhecido: investir em exercícios de força. Mas isso não quer dizer que você precisa lotar a barra do supino de anilhas ou tentar usar um halter maior a cada dia.
É possível fazer diversas mudanças no treino de musculação que vão ajudar no ganho de massa, como alterar o número de séries de um movimento ou até mesmo ficar mais atento à sua forma de execução.
Segundo o profissional de educação física Bruno Fischer, especialista em treinamento de força e doutorando pela UnB (Universidade de Brasília), variar esses e outros estímulos do treino é importante para evitar que o organismo se adapte aos exercícios e pare de evoluir.
Ao mesmo tempo, deslizes comuns durante a prática de exercícios e até em outros momentos do dia podem prejudicar o ganho de massa magra.
A seguir, mostramos alguns ajustes que você pode fazer para acelerar o crescimento dos músculos e equívocos comuns que podem estar afastando você do seu objetivo.
Truques para ganhar músculos
1. Aumentar o número de repetições
Antigamente, era comum ouvir nas academias que treinos para ganhos de massa muscular deveriam ser realizados com muito peso — cerca de 70% a 80% da carga máxima— e poucas repetições (de oito a 12).
No entanto, estudos têm demonstrado que é possível obter hipertrofia tanto com carga alta e um número baixo de repetições quanto com pouco peso e muitas repetições, desde que o exercício seja realizado até a falha muscular — ou seja quando, você não tem força para levantar o peso nem mais uma vez.
2. Aumentar a amplitude do movimento
Quando realiza um movimento de grande amplitude, como um agachamento profundo, em que desce o máximo que puder, você coloca seus músculos em uma posição de grande estiramento muscular.
Isso vai gerar uma grande tensão nas fibras musculares no momento de sua contração — no caso do agachamento, quando você estica as pernas —, amplificando bastante dois importantes estímulos para o crescimento muscular: a mecanotransdução e as microlesões.
Só para você entender melhor, ao fazer um exercício, as fibras musculares sofrem pequenas lesões. Então, o corpo "entende" que precisa construir fibras mais fortes para suportar a atividade. É basicamente assim que os músculos crescem e ficam mais fortes. Daí a importância de aumentar a amplitude do movimento e as microlesões.
Já a mecanotransdução, segundo Fischer, é a tradução de um estímulo mecânico em um sinal fisiológico, que estimula o crescimento muscular.
3. Reduzir o intervalo entre as séries
Um estudo publicado no The Journal of Strength & Conditioning Research mostrou que é possível ganhar massa muscular mesmo quando se utiliza cargas baixas, desde que o intervalo de descanso seja próximo a 30 segundos e as séries sejam realizadas até a falha muscular.
A explicação é que a partir do momento em que se reduz o tempo de descanso, o músculo acumula mais metabólitos e aumenta a acidose local, que por sua vez promove maior ativação das fibras tipo 2, que possuem maior capacidade de hipertrofia.
4. Investir em isometria
Ao iniciar uma série de agachamento, por exemplo, fique por 20 segundos parado na posição agachado e depois realize o número de repetições indicado para o exercício.
A tática é boa porque, quando ficamos em isometria — estático em uma posição —, a tensão exercida no músculo pode reduzir o fluxo sanguíneo momentaneamente, especialmente se a contração muscular for realizada em um ângulo no qual o músculo encontra-se em estado encurtado (geralmente próximo de 90 graus).
Isso impede a entrada de oxigênio no músculo, o que acaba fazendo com que ele fique em estado de acidose metabólica, causando um potente estímulo para hipertrofia, similar ao que acontece quando reduzimos o tempo de descanso.
Uma forma de executar esse tipo de protocolo na musculação é realizar uma contração isométrica de aproximadamente 20 segundos no início de cada série, e sem descanso iniciar as repetições dinâmicas tradicionais (geralmente entre dez e 12 repetições). O tempo de descanso entre cada série também não pode ser muito longo, senão o estresse metabólico será reduzido.
5. Realizar a fase excêntrica do movimento de forma mais lenta
Um exercício pode ser divido em duas fases distintas: concêntrica — em que você contrai o músculo — e excêntrica — ao estender o músculo. Estudos mostram que executar a fase excêntrica de um movimento de forma mais lenta pode aumentar as microlesões nas fibras musculares, o que favorece a hipertrofia.
Uma boa forma de compreender a fase excêntrica de um exercício é que ela ocorre quando o peso está descendo e você não é obrigado a fazer força para vencer a resistência da gravidade. Então, procure baixar o halter ou a barra de forma lenta durante as repetições.
Erros para evitar
1. Não descansar adequadamente entre um treino e outro
Não é durante o treino e, sim, no momento de descanso que os músculos crescem — por isso o período de recuperação é tão importante.
Em geral, para hipertrofia, o mais indicado é que se descanse de 36 a 48 horas antes de trabalhar um mesmo grupo muscular —ou seja, se treinou perna hoje, você não precisa ficar sem ir para a academia amanhã, basta malhar outra parte do corpo (peito, costas etc.).
"Quem volta a treinar um grupo muscular sem o tempo de descanso adequado não se recupera do estímulo anterior e tem que diminuir a intensidade (carga/repetições) dos exercícios", detalha Eduardo Netto, profissional de educação física.
2. Viver estressado e/ou dormir mal
Quando estamos muito nervosos ou ansiosos, há um aumento do nível de cortisol (popularmente chamado de hormônio do estresse) no organismo. Isso prejudica a produção de testosterona ("hormônio masculino"), estrogênio ("hormônio feminino") e GH (hormônio do crescimento), que são anabólicos —ou seja, favorecem a manutenção e construção do tecido muscular.
Dormir mal também prejudica a hipertrofia pois gera um estresse no organismo e aumenta o nível de cortisol. Além disso, é durante o período de sono que nosso corpo "fabrica" boa parte da testosterona (que também é produzida pelas mulheres) e GH.
3. Não se alimentar corretamente
Há muitos erros na dieta que afetam o ganho de massa muscular. Um dos principais é não ter uma alimentação saudável —em que predomine o consumo de alimentos naturais: frutas, verduras, legumes, carnes, ovos, castanha—, que forneça a quantidade adequada de proteínas, carboidratos e gorduras.
O ideal é consultar um nutricionista para elaborar um cardápio com as porções ideias e com balanço energético positivo (com mais calorias do que seu corpo gasta por dia).
Como você deve saber, a proteína é um nutriente essencial para a construção muscular —para hipertrofia, o recomendado é consumir cerca de 2 g do nutriente por quilo de peso corporal ao dia. Se você pesa 70 kg, por exemplo, deve consumir cerca de 140 g de proteína por dia.
*Com informações de reportagens publicadas em 01/08/2018 e 27/08/2021