Pelos do corpo não são todos iguais e têm funções específicas

Embora estejam presentes dos pés à cabeça e sejam estruturalmente parecidos, nossos pelos não são todos iguais. Variam de acordo com função, idade, região anatômica, gênero, fatores hormonais e, basicamente, se dividem em dois tipos: velos, que são finos, curtos e pouco pigmentados (presentes em crianças, rostos femininos e áreas calvas do couro cabeludo), e os pelos terminais, mais espessos, compridos, duros e pigmentados.

Os pelos terminais aparecem principalmente com o avançar da idade, substituindo os pelos velos, e em resposta ao desenvolvimento da sexualidade. Estão presentes nas axilas, região íntima, pernas, braços, abdome, barba e sobrancelhas. Os cabelos também são pelos desse tipo, mas com a diferença de terem uma concentração e crescimento muito maiores na pele.

Em comum, todos esses pelos servem para nos proteger, seja de frio, calor, radiação solar, fricção da pele, infecções devido a pequenos cortes e até doenças. Sim, falhas estruturais e anormalidades de crescimento, podem, por exemplo, indicar que há algo de errado com a nossa saúde, como a presença de um distúrbio endocrinológico ou mesmo tumores.

Quais pelos manter?

Cílios protegem os olhos
Cílios protegem os olhos Imagem: iStock

Se você se expõe muito ao sol, deixar os cabelos, a barba e os pelos do tórax, por exemplo, somados à aplicação do filtro solar pode contribuir para sua proteção contra os raios UV. Mas você pode interferir neles, como nas sobrancelhas, muito eficazes quando estamos expostos ao ar livre, pois barram o suor e as sujidades que escorrem ou caem da testa para os olhos.

Por falar em olhos, os cílios, ao contrário dos cabelos e sobrancelhas, têm uma necessidade maior de serem mantidos, ou no mínimo preservados. É que eles protegem a visão contra a entrada direta de ciscos, insetos e outros corpos minúsculos que podem machucá-la e contribuem para o ato de piscar, que também lubrifica a córnea e expulsa micro-organismos.

Embora se reponham naturalmente, para manter os cílios saudáveis e evitar que caiam é preciso lavar sempre as mãos antes de tocá-los, retirar maquiagem antes de dormir, dosar na aplicação de "máscaras" próprias para eles, curvex, que pode quebrá-los, e versões postiças. Quem tem poucos cílios, terçol e inflamações recorrentes deve tomar cuidados redobrados.

Fios inconvenientes, mas necessários

Feios quando estão para fora das narinas e bordas dos ouvidos, os pelos dessas áreas podem ser aparados, mas devem permanecer no caminho interno. É que eles retêm partículas de poeira (os das cavidades nasais, chamados vibrissas, ainda filtram impurezas durante a inalação), lubrificam e evitam que insetos, bactérias e, consequentemente, infecções se instalem mais facilmente.

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Nas axilas, manter os pelos diminui a fricção da pele e ajuda a reter o suor (o que também fazem os pelos das costas, pernas, tórax e nádegas), evitando que ele escorra e cause manchas grandes. Aparar ou depilar esses pelos, por outro lado, pode facilitar a limpeza e reduz os odores e a umidade local que favorece fungos e bactérias, mas não controla a transpiração.

Depilar, ou não, a região íntima?

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Imagem: Getty Images

Assim como depilar qualquer parte do corpo é uma decisão particular, com a região pubiana, genital e perianal (entre períneo e ânus) não é diferente. Há quem, por motivos estéticos, ou impressão de "higiene", prefira removê-los. Agora, se eles nascem lá, existe um motivo.

Os pelos íntimos não só seguram o suor, como contribuem para o prazer, devido ao atrito entre os genitais, indicam maturidade sexual, protegem a pele durante a fricção do caminhar e do sexo e mantém a flora saudável. Além disso, manter os pelos íntimos evita, indiretamente, infecções sexualmente transmissíveis e doenças.

É que a depilação, principalmente com lâminas e feita de forma errada, pode provocar pequenas lesões e pelos encravados que, sem uma higiene adequada —que nada tem a ver com a presença dos pelos—, facilitam contaminações. Os cortes ou folículos abertos e inflamados são uma porta de entrada para bactérias, fungos, vírus, além de facilitarem o aparecimento de micoses, coceiras e alergias.

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Quando e como tirar os pelos

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Imagem: Getty Images

A remoção dos pelos, como já mencionado, é uma escolha pessoal. Porém, pode ser indicada antes de cirurgias, se houver necessidade, ou quando há inflamação excessiva diagnosticada pelo médico. Também não há contraindicação quanto à forma de depilar, contanto que seja observada a sensibilidade cutânea individual para evitar dermatites e foliculite (inflamação).

O mais indicado para os pelos das áreas íntimas, se quiser interferir neles, é apará-los, em vez de removê-los por completo. Aparar contribui para que essas regiões fiquem menos abafadas, reduzindo ainda a retenção do suor, bactérias e o odor provocado por elas e facilita a limpeza.

Os pelos das axilas, assim como outros, de pernas, coxas, tórax, também podem ser aparados. Já a depilação completa requer cuidado para não ferir, irritar e desproteger a pele. Se estiver em tratamento de dermatose, o mais aconselhável é esperar finalizá-lo para depois realizar o procedimento, que também é contraindicado em áreas com algum tipo de inflamação, lesão, vermelhidão ou queimadura.

Para fazê-la, a área precisa estar limpa e os materiais esterilizados. Além de lâminas, podem ser empregados ceras e cremes depilatórios (seguindo recomendações para evitar acidentes), pinças (para pelos pontuais), luz pulsada e laser (indicados para tratar doenças, pelos com aspecto e crescimento anormais e remoção permanente). Na dúvida, consulte um profissional.

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Nas entradas das narinas e ouvidos, a remoção segura dos fios pode ser realizada com uma tesourinha, que também serve para aparar sobrancelhas e barba. Outras saídas incluem o aparador elétrico, que faz um corte mais rápido e a depilação a laser. Cera, lâmina e pinça não são sugeridos, pois podem ferir a mucosa e deixar o folículo inchado e vulnerável a infecções.

Se a remoção dos pelos das sobrancelhas com pinça for muito frequente e traumática, os pelos demoram ou param de crescer. Esse hábito também pode resultar em falhas e afinamento dos fios. O ideal é esperar o intervalo natural de crescimento delas, de 20 a 30 dias.

Dúvidas que todo mundo tem

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Imagem: Priscila Barbosa/VivaBem

Se você já ouviu falar que ao arrancar um único fio branco, em especial da cabeça, outros mais nascerão no mesmo lugar, saiba que isso não passa de mito. Em cada folículo capilar, onde fica a raiz do pelo, cresce apenas um fio por vez e que sempre nascerá da mesma cor. Se o pelo cresceu branco geralmente é porque o folículo está em processo natural de envelhecimento.

O que causa a impressão de multiplicação é o reflexo produzido pelos fios brancos nos demais, além de sua textura, um pouco mais espessa. Apesar de saber que não há problema em retirá-los, se puxá-los com frequência, a raiz do pelo pode danificar e o pelo não nascer mais.

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Quanto aos pelos que "engrossam" depois de uma depilação, na verdade o que se sente é o crescimento natural deles. Se não foram arrancados pela raiz e estão curtos, também acabam gerando sensação de que raspam ao se alisar a pele com a mão. O único jeito de evitar isso é com uma depilação definitiva a laser, mas que em alguns casos pode exigir manutenção.

Agora, se sua dúvida é como evitar pelos encravados e as erupções com pus (foliculite), relacionadas a ele, adote: esfoliação semanal e também sempre um dia antes da depilação para desobstruir os poros, roupas que facilitem a transpiração e não causem atrito, depilação com lâminas novas e só após banho ou aplicação de toalha quente e úmida sobre a região.

Se o pelo já estiver encravado, não tente espremer ou depilar para não contaminar e piorá-lo ainda mais. Pode se tentar no banho fazer uma esfoliação delicada para abrir o folículo e depois tratar a inflamação com compressas de água morna e aplicação de pomada com antibióticos e corticoides. Não funcionou ou a área está muito inchada e dolorida? Procure um médico.

Fontes: dermatologistas Aline Blanco, Juliana Toma, Leonardo Abrúcio e Lilia Guadanhim.

*Com reportagem de outubro de 2020.

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