Ela fez um terço com as pedras que tirou da vesícula: 'Foram 62'
Dona Vanda Maria, 90, viralizou no TikTok após sua neta, Letícia Martins, 23, postar um vídeo onde a avó mostra seu terço feito com pedras que ela retirou da vesícula há 26 anos. "O médico tirou 62 pedras. Chegando em casa, lavei e coloquei em cima da cama. Decidi fazer um terço", disse em uma publicação na rede social.
Para VivaBem, Letícia contou um pouco da história da avó. O vídeo em que ela mostra o terço já tem mais de três milhões de visualizações.
"A cirurgia aconteceu há 26 anos. Na época, minha avó começou a sentir enjoos e a levaram para o hospital. Como ela tinha acabado de voltar de viagem, acharam que era intoxicação alimentar. Foram necessárias duas visitas ao pronto-socorro para os médicos perceberem que a vesícula dela estava prestes a estourar", diz a neta.
@leticiamxrtinso lore da minha vó é incomparável
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Vanda Maria retirou a vesícula e os cálculos foram contados depois do procedimento.
"O anestesista que atuou na cirurgia era um amigo da família e perguntou se minha avó queria ficar com as pedras. Como ela achou os cálculos bonitos, resolveu guardá-los", diz Letícia. Foi quando já estava em casa, na companhia de uma amiga, que a ideia do terço surgiu.
"Minha avó conta que, como eram 62 pedras, uma amiga sugeriu que ela fizesse um rosário com elas", diz Letícia. Depois de lavá-las em casa, e ver que elas não tinham nenhum cheiro, decidiu enviá-las para um especialista produzir o item religioso.
"O homem disse que foi muito difícil furar as pedras, porque eram muito duras. Mas não foram lapidadas e nem envernizadas, elas já eram assim", conta Vanda Maria no vídeo.
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'Ter 62 pedras não é nada absurdo'
Nas redes sociais, muitas pessoas alegaram que Vanda Maria estivesse mentindo, mas a medicina reforça: ter essa quantidade de pedras, em tamanho de contas, e bem duras, é muito comum.
"Já vi pessoas com pedras muito grandes, com três ou quatro centímetros, e já vi centenas de pedras muito pequenas. Tive pacientes com mais de mil pedras. É bastante comum. Ter 62 não é nada absurdo. Vemos com frequência", diz Alexandre Sakano, cirurgião do aparelho digestivo da Beneficência Portuguesa, de São Paulo.
A consistência da pedra varia de acordo com o tipo de resíduo acumulado na vesícula. "Pedras feitas de sais biliares, que são minerais que unem a resíduos de remédios, podem ser bem duras, muito difíceis de quebrar. E podem funcionar, sim, em um colar. Se forem pedras formadas por gordura ou cálculos de colesterol, serão mais moles, com textura de argila", explica Sakano.
Pedras na vesícula podem ocorrer por várias causas e as mulheres são as maiores vítimas por conta das alterações hormonais. "Várias gestações, obesidade, operações ou uma vesícula parada pode facilitar o surgimento de pedras", diz Bruno Zilberstein, professor titular de cirurgia do aparelho digestivo e coloproctologia da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic, em Campinas (SP).
Ele alerta também sobre os sintomas clássicos da doença e reforça: não há como evitar. É uma questão de hábito alimentar, aparece com o tempo e faz parte da evolução natural. "A pessoa pode ter cólicas na parte superior do abdômen sempre que fizer alguma refeição gordurosa, fortes dores e até mesmo febre", explica.