O que acontece no seu corpo quando você troca o açúcar pelo mel
O uso da maquiagem é um fenômeno universal que tem como principal motivação o aumento da autoestima. Nesse quesito, esse tipo de cosmético é considerado benéfico, mas os cientistas não perdem de vista os potenciais prejuízos que ele pode causar, já que a maioria desses produtos tem componentes derivados do petróleo e conservantes com ação no sistema endócrino e nos hormônios, como os parabenos.
Embora os especialistas garantam que os produtos que utilizamos no dia a dia são considerados seguros, eles destacam que maquiagens são usadas em regiões sensíveis da pele — como as mucosas (olhos e boca). Daí a necessidade de conhecer os possíveis riscos para evitar surpresas indesejadas.
Mulheres são as mais afetadas porque usam muitos desses itens e com maior frequência.
Em geral, elas acreditam que maquiagens são inofensivas: o foco são os efeitos positivos imediatos; os de longo prazo são ignorados.
A maioria dos cosméticos tem polietilenoglicol (PEG), acrilato e petrolato, derivados do petróleo que podem conter impurezas e metais pesados.
Os efeitos na sua pele
Os cientistas classificam as consequências do uso de maquiagem como benéficas ou potencialmente prejudiciais. Entenda esses efeitos:
Positivo: mais por menos
Para além da ação embelezadora, os fabricantes têm investido em fórmulas com ingredientes bioativos, ou seja, que oferecem outros benefícios para a saúde da pele. A estratégia busca também reduzir etapas do skincare. São exemplos os corretivos com extratos vegetais de efeito calmante, como a calêndula e a camomila. Enquanto embelezam, cuidam da região da pele onde são aplicados.
Para garantir hidratação, a maquiagem pode conter ácido hialurônico, vitamina E ou manteiga vegetal.
A proteção solar é outro possível benefício: ao oferecer uma camada a mais de proteção contra as agressões dos raios UV e a poluição, a maquiagem colabora para a prevenção de danos causados pela excessiva exposição ao sol, afastando o aparecimento de manchas.
Negativo: apesar da baixa gravidade, prejuízos não são raros
Os dermatologistas consultados afirmam que os potenciais prejuízos não são graves, mas também não são raros. Isso dependente ainda do tempo de exposição aos produtos e do tipo de pele de cada pessoa.
O efeito mais comum do uso diário é o aparecimento de espinhas, especialmente na pele jovem — que, naturalmente, pode ser mais oleosa.
Já no médio e longo prazo, usar maquiagem todos os dias pode ter como consequência o aumento da sensibilidade, alergias, alterações da flora microbiana e piora de quadros de dermatites.
Negativo: irritações na região ocular
Essas são possíveis consequências danosas da utilização diária da dobradinha maquiagem e demaquilante.
Ao longo do tempo, pode haver impregnação dos produtos nos tecidos superficiais do olho, o que leva ao excesso de lacrimejamento. Nesses casos, a ordem é suspender temporariamente o uso do produto ou trocar por outras marcas, além de tratamento local.
Quanto maior for a exposição aos itens, maiores são os efeitos cumulativos e os problemas futuros. Daí a necessidade da remoção completa da maquiagem com produtos adequados todos os dias.
Tem contraindicação
De modo geral, há boa tolerância ao uso de maquiagem, mas em determinadas situações essa prática deve ser evitada. Veja algumas delas:
Todas as condições de irritação ocular aguda (blefarites, conjuntivites, alergias).
Pós-operatório de cirurgias oculares (o tempo varia de acordo com o tipo da intervenção).
Procedimentos dermatológicos/estéticos (como o microagulhamento).
Infecções da pele e presença de feridas/cortes abertos.
Alergias a componentes do produto.
Presença de rosácea, acne, dermatite.
Ter pele sensível.
Alergia crônica nas mãos.
Descamação localizada na área da face.
Na hora da compra
Embora a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) regule esses produtos e esteja atenta à segurança deles, quando chegar a hora de trocar a maquiagem, prefira marcas confiáveis e comprometidas com a qualidade dos ingredientes usados em sua composição. Conhecer a origem do produto permite que você possa ter maior controle sobre os eventuais efeitos do cosmético.
Informações importantes para conferir no rótulo da embalagem:
Tipo de formulação, finalidade e restrições do uso, marca, lote, nome do fabricante ou importador, país de origem e descrição dos componentes.
Declaração de ser hipoalergênico, ou seja, a fórmula foi desenvolvida para evitar alergias.
Declaração de não comedogênico, o mesmo que não causador de acne.
Data de validade do produto fechado e/ou após aberto.
Presença de proteção solar.
Uso de fragrância: a depender do seu tipo de pele, esse componente pode desencadear irritações.
Ih, não sei o que deu errado
Mesmo tomando todas as precauções, pode aparecer algum tipo de reação e você não consegue identificar qual foi o produto causador do problema.
Nesses casos, é importante passar por uma avaliação médica. Na maioria das vezes, os especialistas sugerem a suspensão do uso de todos os itens que você tem utilizado até a plena recuperação.
Na sequência, será reintroduzido um produto a cada semana, começando pelo que possua menor potencial de prejuízo, como o hidratante, até chegar a itens com maior poder fixador, como o rímel e o delineador.
Caso o problema persista, poderá ser indicado um teste de contato para tentar descobrir o possível causador da reação.
Aposte na limpeza
Para quem usa maquiagem todos os dias, manter pincéis e esponjas limpos é outra medida que reduz a probabilidade do aparecimento de infecções, erupções e acne.
As esponjas devem ser lavadas todos os dias em uma mistura de água e sabão líquido suave.
Já os pincéis devem ser higienizados a cada sete ou dez dias, no máximo. Veja o passo a passo:
Coloque as cerdas sobre a água corrente para tirar o excesso da maquiagem. Evite molhar a ponta do pincel.
Prepare uma solução com água morna e xampu e lave as cerdas, esfregando-as nas palmas das mãos.
Repita a operação até que não haja mais sujeira.
Tire o excesso de umidade com papel absorvente e deixe secar em local ventilado.
Nada dura para sempre
Se você usa maquiagem diariamente, é bem possível que os produtos acabem rapidamente. No entanto, é importante ficar de olho no prazo de validade dos seus itens preferidos para se prevenir.
Como esses prazos variam de marca para marca, para não esquecer, anote com uma fita crepe na embalagem a data da compra para controlar a passagem do tempo. Confira os limites sugeridos pela AAD (Academia Americana de Dermatologia):
Delineador (líquido) e rímel: três meses.
BB cream, blush, lip balm, lip gloss ou plumper: seis meses.
Sombra (em pó): seis a nove meses.
Sombra para sobrancelhas, batom e lápis de boca: dois anos.
Pó e lápis de olho: dois a três anos.
Dicas de uso seguro
Os dermatologistas consultados sugerem as seguintes medidas para aproveitar ao máximo o efeito dos cosméticos, sem correr riscos. Confira:
Diante de qualquer sinal de mudanças na pele, procure um dermatologista para avaliação.
Lave as mãos antes de começar a maquiagem e mantenha pincéis e esponjas higienizados. A medida evita a proliferação de microrganismos.
Escolha itens adequados ao seu tipo de pele e região que se deseja aplicar, respeitando as características de cada produto. Um produto testado para uso nos olhos, na face ou nos lábios pode ter efeitos diferentes em outras regiões da face.
Mantenha a pele bem hidratada para criar uma barreira de proteção. Um primer pode fazer esse papel.
Adote a seguinte ordem de aplicação de produtos: 1) Hidratante 2) Filtro solar 3) Maquiagem.
Evite usar maquiagem durante a prática de exercícios, para permitir a adequada transpiração, já que o produto promove a obstrução dos poros.
Prefira não compartilhar seus produtos de beleza.
Mantenha a nécessaire limpa e fechada, e evite expor o item em locais de alta temperatura.
Descarte cosméticos que mudaram de cor ou odor.
Evite dormir com a maquiagem. Manter a pele limpa previne a obstrução dos poros e complicações de quadros dermatológicos.
Dê preferência a demaquilantes apropriados para o seu tipo de pele, especialmente se ela for sensível.
Fontes: Luiz Dario, dermatologista e assessor do Departamento de Cosmiatria da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia); Patricia Akaishi, oftalmologista, membro do CBO/ SBCPO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia/ Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular) e chefe do Setor de Vias Lacrimais e Estética Periocular do HCFMRP-USP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo); Vanessa Medeiros, dermatologista do HC-UFPE/Ebserh (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, que integra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), professora de dermatologia da mesma universidade; possui doutorado em medicina tropical. Revisão técnica: Luiz Dario.
Referências: AAD (Academia Americana de Dermatologia).
Nayak M, Ligade VS, Prabhu SS. Awareness level regarding adverse reactions caused by cosmetic products among female patients: A cross-sectional study. J Cosmet Dermatol. 2023. Disponível em https://doi.org/10.1111/jocd.15734
Panico A. et al. Skin safety and health prevention: an overview of chemicals in cosmetic products. J Prev Med Hyg. 2019. Disponível em https://doi.org/10.15167%2F2421-4248%2Fjpmh2019.60.1.1080
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