Como a música clássica afeta o cérebro e sua saúde, segundo a ciência

Uma pesquisa liderada por cientistas chineses revelou que a música clássica tem efeitos positivos no cérebro, uma descoberta que poderia ajudar pacientes com depressão resistente a tratamentos.

O estudo, liderado por pesquisadores chineses e publicado na revista Cell Reports em agosto, analisou o efeito neurológico da música de compositores ocidentais, como Bach, Beethoven ou Mozart. Por meio de medições de ondas cerebrais e técnicas de neuroimagem, foi possível verificar que essas composições têm efeitos positivos no cérebro.

"Nossa pesquisa integra os campos da neurociência, psiquiatria e neurocirurgia, fornecendo uma base para qualquer pesquisa voltada para a interação entre música e emoção", explica o autor principal, Bomin Sun, diretor e professor do Centro de Neurocirurgia Funcional da Universidade Jiao Tong de Xangai. "Esperamos traduzir os resultados de nossa pesquisa para a prática clínica, desenvolvendo ferramentas e aplicativos de musicoterapia confiáveis."

Como o estudo foi feito

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Imagem: João Alvarez/Fotoarena/Folhapress

A pesquisa contou com a participação de 23 pacientes com depressão resistente a tratamentos convencionais e que já tinham eletrodos implantados em seus cérebros para estimulação profunda.

Usando esses implantes, a equipe de cientistas descobriu que a música gera efeitos antidepressivos ao sincronizar as oscilações neurais entre o córtex auditivo (responsável pelo processamento de informações sensoriais) e o circuito de recompensa (processa informações emocionais).

O estudo usou várias peças de música clássica ocidental — um estilo com o qual a maioria dos participantes não estava familiarizada — para evitar qualquer interferência que pudesse surgir da familiaridade subjetiva.

"Concluímos que as escolhas musicais durante o processo de audição formal eram individualizadas e não tinham relação com o contexto emocional da música", diz Sun.

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Futuro da música em prol da saúde

Daqui para frente, em colaboração com médicos, musicoterapeutas, cientistas da computação e engenheiros, os pesquisadores pretendem desenvolver uma série de produtos digitais de saúde baseados em musicoterapia, como aplicativos para smartphones e dispositivos vestíveis.

"Esses produtos vão integrar recomendações musicais personalizadas, monitoramento e feedback emocional em tempo real e experiências multissensoriais de realidade virtual, para fornecer ferramentas de autoajuda convenientes e eficazes para gerenciar emoções e melhorar os sintomas na vida cotidiana."

*Com informações de reportagem publicada em 16/08/2024

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