Famosas adotam dieta do ovo, mas será que é seguro para saúde?
Cada vez mais famosos estão aderindo à dieta do ovo, seja para emagrecer ou ganhar massa muscular. Da influenciadora Virgínia Fonseca à nora de Angélica e Luciano Huck, Duda Guerra, a alimentação à base de ovos é um hit. Até o ator Fábio Assunção, para viver seu personagem no filme "Motel Destino", comeu durante três meses de quatro a cinco ovos pela manhã e nada mais durante o dia. O hábito alimentar fez com que ele perdesse 10 kg.
Mas será que essa dieta é segura para a saúde?
Diminui a oferta de nutrientes
Dietas restritivas nesse nível não são novidade e nunca serão saudáveis, alerta Flavia Auler, coordenadora do curso de nutrição na PUC-PR.
Para quem restringe o consumo a um único alimento, aumenta o risco de deficiências nutricionais, como as de vitaminas, minerais e carboidratos. E o corpo precisa dessas outras substâncias para manter as suas reações químicas.
"Comer só ovos não faz parte do hábito alimentar de ninguém. Mesmo em dietas, as pessoas comem outros grupos alimentares, como frutas e verduras", lembra a nutricionista. A deficiência de outros nutrientes no organismo pode causar sintomas como fraqueza, desmaios, convulsões, dor de cabeça e alterações de humor.
Ovo tem zero carboidrato, e o corpo não consegue sustentar dieta por muito tempo sem esse macronutriente. Algumas células são dependentes de carboidratos. Eu não estou defendendo o consumo da substância na forma de açúcar simples, mas como um grupo de nutrientes. Essa ausência pode ser muito perigosa. Flavia Auler, nutricionista
Aumenta o risco de colesterol alto
Mesmo para quem mescla o consumo de ovos em altas quantidades com outros alimentos, também há consequências causadas pelo colesterol presente na gema do ovo.
Comer poucas gemas por dia não traz riscos, mas quatro a cinco extrapolam o limite recomendado de 12 ovos por semana. Podem surgir disfunções no fígado e mudanças no perfil lipídico —a quantidade de moléculas de gordura no organismo.
Mesmo com data para parar, não dá para falar que está tudo bem seguir uma dieta assim. A pessoa vai sofrer as consequências, principalmente de deficiência de nutrientes. Flavia Auler, nutricionista
Eleva o risco de efeito sanfona
Ao parar uma dieta tão restritiva, a pessoa recupera o peso perdido. Isso acontece porque é impossível manter um padrão alimentar tão limitado. O resultado de nenhuma dieta que traz perda de peso rápida é duradouro.
"Emagrecer é um processo de mudança de hábitos, e o consumo de um único alimento não produz mudanças", explica Auler. "A reeducação alimentar passa por fases e só depois a pessoa experimenta algumas perdas de peso e de medidas. Não é fácil emagrecer, e quem diz que é só fechar a boca e fazer exercício está sendo muito reducionista."
Mas o ovo tem seu lado positivo
Apesar do consumo em excesso ou restrito trazer riscos à saúde, o ovo ingerido de forma moderada é um importante aliado para a saúde, principalmente para quem busca hipertrofia.
"Quem pratica exercício físico buscando aumento significativo de massa muscular (hipertrofia) necessita de uma dieta rica em proteínas de alto valor biológico. O ovo, por ser mais barato, de fácil preparo, combinar com várias receitas e ser de fácil digestão, acaba sendo adotado na dieta deste público", explica a nutricionista Elis Machado, graduada pela UFBA (Universidade Federal da Bahia).
O que um ovo contém?
Um ovo médio (60 g) tem aproximadamente 84 kcal e fornece:
Proteínas (7 g): de alta qualidade, presentes na clara e na gema.
Lipídios (5,5 g): como a gordura saturada, colesterol, gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas.
Vitaminas: incluindo as vitaminas A, D, E, K e do complexo B.
Minerais: entre eles o ferro, selênio, fosforo, zinco, iodo, cobre, cálcio. A maioria está presente na gema do ovo.
Fosfolipídios: essenciais para manter a integridade estrutural e funcional do sistema nervoso.
Luteína e zeaxantina: carotenoides que estão associados à redução da degeneração macular relacionada à idade e do risco de desenvolver catarata.
Quanta proteína é preciso para ganhar músculos?
Segundo Paola Machado, fisiologista do exercício, mestre em ciências da saúde e doutora em nutrição pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em geral, devemos ingerir de 1,2 g a 2 g de proteína por quilo de peso, dependendo do nível diário de atividade física.
Então, uma pessoa que pesa 70 kg e malha pesado necessitaria de cerca de 140 g de proteína por dia. Essa quantidade do nutriente pode ser alcançada com uns 5 a 7 filés de frango, de peixe ou de carne bovina, por exemplo. Ou uns 20 ovos. Obviamente, você não precisa escolher só uma fonte de proteína: pode comer ovo e iogurte no café da manhã e lanches; e peixe, carne e frango no almoço e jantar, por exemplo.
*Com informações de reportagens publicadas em 21/09/2022, 27/08/2024, 04/12/2023 e 22/02/2024