Como Rickson Gracie: saiba identificar sinais precoces de Parkinson
De VivaBem, em São Paulo
03/12/2024 05h30
A lenda do jiu-jitsu Rickson Gracie, 65, disse saber que está perdendo parte de sua autonomia para a doença de Parkinson, com a qual foi diagnosticado em 2021. Em entrevista ao UOL, disse que "o Parkinson virou quase um irmão. Um associado que não posso mais largar".
O Parkinson acomete 1% da população acima dos 60 anos, em especial os homens, mas também pode se manifestar na juventude, o que é mais raro (10%). Rickson Gracie, por exemplo, foi diagnosticado aos 61 anos.
Os sintomas variam de pessoa para pessoa e podem levar anos para se manifestarem, mesmo após um diagnóstico conclusivo.
Como reconhecer os sintomas
Apesar do tremor ser popularmente associado ao Parkinson, algumas pessoas não o terão ao longo da evolução da doença. O único sintoma obrigatório é a lentidão, algo que os médicos chamam de bradicinesia. Mas há outros três principais: tremor no repouso, rigidez e instabilidade postural. Outras possíveis manifestações do Parkinson podem ser:
Sinais motores
- Redução do volume da voz;
- Problemas de equilíbrio e quedas;
- Dificuldade para engolir;
- Marcha de pequenos passos;
- Micrografia (redução do tamanho da letra).
Sinais não motores
- Depressão;
- Ansiedade;
- Constipação;
- Hiposmia (perda do olfato);
- Declínio cognitivo e demência;
- Hipotensão ortostática (queda da pressão decorrente da postura);
- Dor;
- Alucinações e psicose;
- Distúrbios do sono;
- TCI (Transtorno do Controle dos Impulsos);
- Problemas gastrointestinais;
- Disfunções sexuais e urinárias.
- Como diagnosticar a doença
Sintomas vêm antes do diagnóstico
Algumas manifestações do Parkinson podem acontecer de três a cinco anos antes de um diagnóstico final — o que os especialistas chamam de sintomas pré-motores: redução da capacidade olfatória (hiposmia), constipação, depressão, alterações do sono.
Quando tais sintomas aparecem isoladamente, eles são considerados inespecíficos. Mas se a eles se somam o tremor antes inexistente, a lentificação do caminhar, do vestir-se, do entrar e sair do carro, dirigir ou digitar, é sinal de que uma investigação é urgente.
O especialista treinado para tratar a doença de Parkinson é o neurologista, mas o clínico geral e o geriatra também podem avaliar.
Como é a consulta?
Se você chegar com essas queixas ao consultório, o médico levantará seu histórico de saúde e fará exame físico minucioso para identificar rigidez, tremor, mudança na letra, perda do olfato, entre outros sintomas.
Informe ao médico sobre o uso contínuo de medicamentos, pois alguns deles, como os utilizados para vertigem, psiquiátricos e antieméticos, podem mimetizar sintomas típicos da doença de Parkinson.
Infelizmente, não há um exame específico para confirmar a doença, mas profissionais de saúde podem solicitar exames de sangue para detectar alterações hormonais, infecções e deficiências vitamínicas, com o intuito de descartar outras condições semelhantes.
Exames de imagem, especialmente ressonância magnética, também podem ser realizados para identificar doenças semelhantes e observar alterações associadas ao Parkinson. Embora existam biomarcadores que indicam redução da função dopaminérgica, esses testes ainda não são comuns na prática clínica.
Há tratamento?
Até o momento, não há um tratamento ou remédio capaz de reverter a doença, ou controlar o seu avanço. O que se pode fazer atualmente é reduzir sintomas.
O ideal é que o tratamento seja interdisciplinar e inclua especialistas como fisioterapeuta, psicólogo, psiquiatra, educador físico, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, entre outros. Contudo, deve se basear no seguinte tripé: uso de medicamentos, reabilitação e exercícios físicos.