Nunca é tarde para mudar hábitos: 'Perdi 54kg e controlei obesidade aos 48'

Com 123 kg, Daniela Damato Bemfeito decidiu mudar seu estilo de vida após ficar impressionada com a própria aparência em uma foto, aos 48 anos. Ela começou a fazer musculação, melhorou a alimentação e aprendeu a controlar a ansiedade, o que contribuiu para diminuir sua vontade de comer. Em 11 meses, ele eliminou 54 kg e depois fez uma cirurgia para retirar 2 kg de pele da barriga. Ela atualmente está com 51 anos e conta como controla a obesidade:

"Minha família sempre teve uma alimentação desequilibrada. Meu pai era obeso e amava comer. A linguagem do amor dele era me presentear com alimentos deliciosos e calóricos. Após a escola, passeávamos de carro e íamos comer doces e salgadinhos. Meu pai dizia com orgulho: 'ela é criança, mas come igual adulto'.

Quando eu estava com 6 anos, uma médica me orientou a iniciar uma dieta e a trocar o açúcar por adoçantes. A partir daí, minha infância, adolescência e vida adulta passaram a ser de tentativas de emagrecer. Até conseguia eliminar muito peso, mas sofria com o efeito sanfona.

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Imagem: Arquivo pessoal

Estava acima do peso quando casei e, após ter gêmeos, engordei 48 kg. Com 40 anos, eu pesava 130 kg.

Minha mãe foi diagnosticada com Alzheimer em 2016 e eu descontava todo o sofrimento na comida. Meu único prazer na vida era comer e comer, nunca me sentia saciada. Parecia que eu tinha um buraco no estômago que nunca seria preenchido. Hoje, entendo que comia demais para tentar diminuir minhas dores emocionais.

Mudança no estilo de vida

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Imagem: Arquivo pessoal

Em 2021, fui a um casamento e fiquei impressionada ao me ver em uma foto. Ali, caiu a ficha do quanto eu estava obesa e como isso tornava minha autoestima péssima.

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Fui a um médico decidida a fazer a cirurgia bariátrica, mas desisti ao conversar com um amigo que também é médico. Ele me alertou que, mesmo com a operação, eu teria de mudar meus hábitos, ou em algum momento voltaria a engordar. 'Se você terá que fazer uma mudança de vida de qualquer jeito, por que não começar isso agora?', questionou meu amigo.

Segui seu conselho e comecei a adotar novos hábitos em novembro de 2021. Na época, estava com 123 kg e 48 anos. Iniciei sem ajuda especializada, fiz uma reeducação alimentar, cortei os doces, refrigerantes produtos industrializados, foquei no consumo de proteína e inseri mais frutas, legumes e verduras no cardápio. Atualmente, faço acompanhamento com nutricionista e nutróloga e quero melhorar a minha relação com a comida, estou aprendendo a comer, o que é diferente de viver para comer.

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Imagem: Arquivo pessoal

Procurei uma academia, mas não tinha certeza de que daria certo treinar, pois achava que existia muito preconceito nesse tipo de local. Não é fácil para quem está acima do peso e com autoestima baixa frequentar um ambiente em que muitas pessoas querem o tempo todo passar uma imagem de sucesso, beleza e bem-estar. Mas tive sorte e fui acolhida pelos professores.

A musculação foi um divisor de águas na minha vida, não tinha noção de como fazer uma atividade bem-feita e focada é diferente e traz resultados. Também comecei a fazer caminhadas na rua e em parques, enquanto ouvia músicas e orações.

Durante o processo, machuquei a coluna ao ajudar a minha mãe em um movimento e fiquei 15 dias com dor. Uma quiroprata que era professora de ioga me incentivou a praticar a modalidade para aliviar dores e fortalecer a região lombar. Inicialmente, eu disse que não conseguiria devido à obesidade. Mas ela me encorajou falando que tinha alunas acima do peso que conseguiam realizar todas as posturas.

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Imagem: Arquivo pessoal

Fiz uma aula experimental e tive dificuldades, mas amei a experiência. Aprendi a respirar, a regular minhas emoções, a me manter mais calma e menos ansiosa, o que contribuiu para diminuir o meu desejo por comida. Comecei a praticar mindfulness e a prestar atenção nos alimentos e na forma como me alimentava, além de buscar entender algumas questões, como: 'por que eu comia tanto?'

Nos primeiros seis meses eliminei 35 kg e cheguei a 88 kg. Ainda estava acima do peso, mas já conseguia fazer coisas que antes tinha dificuldade, como lavar os meus pés no banho e amarrar o cadarço.

Em 2022, eu me divorciei após mais de 30 anos de relacionamento. Pela primeira vez na vida não senti a necessidade de comer e aproveitei isso para olhar mais para mim, focar no emagrecimento e descobrir novos prazeres. Fiz novas amizades, estou namorando há quase dois anos, comecei a fazer dança de salão e aprendi a dançar samba e forró. Em cinco meses, perdi mais 19 kg, chegando a 69 kg.

Mudar quando fazemos a mesma coisa há anos exige fé, aceitação, disciplina e humildade

Cirurgia para tirar 2 kg de pele

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Imagem: Arquivo pessoal
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Em 11 meses de processo eliminei 54 kg, minha barriga e peito ficaram caídos e com muito excesso de pele. Tinha vergonha, não me sentia bem e usava calcinhas de cintura alta, cintas e roupas de ginástica para segurar e disfarçar a barriga.

Além da questão estética, o excesso de pele me causava alguns desconfortos, eu tinha muitas assaduras, coceira e transpirava bastante. Após o banho, secava a região com secador de cabelo para ficar bem sequinha e passava pomada anti-assadura.

Fiquei com excesso de pele por um ano e três meses até que, em janeiro de 2024, fiz a abdominoplastia pelo plano de saúde, pois o procedimento foi considerado corretivo. Tirei mais de 2 kg de pele da barriga, 70 gramas de pele dos seios e refiz as mamas —não coloquei próteses. Minha cirurgia demorou cerca de 9 horas e foi bem-sucedida. Fiquei muito satisfeita com o resultado.

Mudança para a vida toda

Daniela Damato Bemfeito
Daniela Damato Bemfeito Imagem: Arquivo pessoal

Eu me vigio todos os dias, porque sei que a minha tendência é comer muito e, se não não tiver controle, voltarei a engordar. Para mim, não existe ex-obeso, mas sim obeso que emagreceu e controla a doença.

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Prefiro estar sempre atenta com meus hábitos do que me enganar e perder tudo o que conquistei

Atualmente, estou com 67 kg e mantenho o peso controlado com alimentação regrada, musculação, caminhada, ioga e terapia. Quero também voltar para a dança.

Conseguir me manter magra é uma das conquistas, mas não a única.

Ter objetivos e investir em mim e nos meus sonhos é fundamental para a minha autoestima e segurança em outras áreas da minha vida, incluindo a profissional. Estou realizando o sonho de montar uma loja para atender minhas clientes, trabalho há 19 anos no ramo de vendas de semijoias e prata.

Eu me sinto mais feliz e leve com o meu novo estilo de vida. Ser positiva, otimista e generosa comigo mesma é algo que escolho todos os dias."

Tire dúvidas sobre a cirurgia de retirada de pele

1 - Para quem a cirurgia de retirada de excesso de pele é indicada?

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A cirurgia de remoção de pele é recomendada para pessoas que emagrecem muito —com bariátrica, remédios ou naturalmente— e acabam ficando com sobras de tecido, principalmente no abdome, nos seios, nos braços, nas coxas e no rosto.

Esse excesso de pele pode abalar a autoestima da pessoa e também traz prejuízos para a saúde física, gerando assaduras, infecções cutâneas e dificuldade em realizar exercícios e atividades do dia a dia, conforme explicou Daniel Regazzini, cirurgião plástico e diretor do Departamento de Comunicações da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).

2 - Como é feita a cirurgia de retirada de excesso de pele?

A remoção é feita após o paciente alcançar o peso estabelecido pelo profissional de saúde que acompanhou o processo de emagrecimento. Antes da operação, a pessoa precisa cumprir um extenso protocolo, com exames e avaliações das equipes clínicas e assegurar uma dieta rica em proteínas.

Não existem regras quanto ao número de cirurgias a serem realizadas, mas, para uma maior segurança e um pós-operatório mais tranquilo, deve-se evitar procedimentos que durem mais de seis horas ou sejam feitos em mais de 30% da área corporal operada.

3 - Como é a recuperação da cirurgia de retirada de excesso pele?

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Durante a recuperação, alguns fatores devem ser levados em conta como:

  • prevenção da trombose venosa profunda;
  • prevenção de deiscências (abertura espontânea dos pontos cirúrgicos ou da cicatriz) e infecções;
  • estabelecer dieta rica em proteínas;
  • retorno a atividades (em torno de 20 dias após a cirurgia).

Além disso, é fundamental manter as cicatrizes sempre limpas e secas, isso ajuda na qualidade da cicatriz final.

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