Quais os sinais do transtorno de personalidade borderline e como tratar?

Mudanças frequentes de humor, impulsividade e instabilidade nas emoções e nos relacionamentos estão entre as características do TPB (Transtorno de Personalidade Borderline). A pessoa com esse diagnóstico geralmente apresenta uma hipersensibilidade em suas relações e um medo intenso de abandono.

"É um padrão de personalidade que se mostra diferente da maioria das pessoas de um modo geral. Esses indivíduos vivem relacionamentos intensos e instáveis com características impulsivas, rompantes ou oscilações de humor muito bruscas e intensas", explica o psiquiatra Ricardo Jonathan Feldman. "Com isso, surgem problemas de relacionamento interpessoais e de autoimagem."

Outros características e sinais incluem:

Ao se sentirem rejeitadas, essas pessoas reagem de forma intensa e, por vezes, agressiva;

A recorrência de comportamentos, gestos e ameaças suicidas ou automutilantes é também parte dos sintomas;

Outra característica é a forma dos relacionamentos, que tendem a ser instáveis e intensos, oscilando entre extremos de idealização e desvalorização. Em outras palavras, essas pessoas mudam rapidamente de opinião em relação aos outros;

Mais um traço marcante é a mudança brusca da percepção de si mesmo e da própria identidade, o que leva a mudanças frequentes de objetivos, valores, opiniões, carreiras e até grupos de amigos;

Com muita frequência, relatam sentir um "vazio crônico";

Outra característica é a dificuldade em lidar com o próprio êxito, muitas vezes se autossabotando quando estão prestes a alcançar um objetivo.

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Estima-se que entre 1,5% e 3% da população mundial sofra desse transtorno de personalidade, que afeta tanto homens quanto mulheres. Especialistas, no entanto, apontam que esse número pode estar subestimado, uma vez que muitos casos permanecem sem o diagnóstico correto.

Como é feito diagnóstico e tratamento

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Imagem: Racool_studio/ Freepik

O psiquiatra é o profissional médico que deve analisar o histórico e o padrão de funcionamento que acompanha a pessoa desde a adolescência até o momento atual, incluindo as suas vivências.

"Para conseguir o diagnóstico correto, é necessário que o psiquiatra crie um vínculo de confiança com o paciente para entender melhor todo o processo, suas emoções, medos e angústias. A entrevista com familiares e amigos próximos também pode ser incluída no processo, auxiliando na busca pelas informações necessárias para o diagnóstico", diz Feldman.

Quanto mais cedo começar o tratamento, melhor para o paciente. A partir dos 14 anos já dá para identificar melhor os sintomas e investigar os possíveis fatores ambientais (relações, traumas, hábitos de vida etc.) que possam estar contribuindo para o desequilíbrio das emoções. Erlei Sassi Júnior, psiquiatra e psicoterapeuta

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Embora a psicoterapia seja o principal tratamento reconhecido para o paciente borderline, a maioria dos métodos traçados contempla o uso de medicamentos. Apesar de ainda não existir um único remédio que trate todos os aspectos do TPB, a medicação é útil para amenizar os sintomas associados (como antidepressivos para depressão) e domar características voltadas contra si mesmo, como a impulsividade.

*Com informações de reportagem publicada em 09/01/2024

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