Parece filme, mas não é: hospital abre laboratório supertecnológico em SP
Imagine a seguinte cena: um funcionário do hospital vem, dá aquela picadinha dolorida no seu braço e coleta seu sangue. Depois, a amostra é inserida em um pequeno "túnel" e, em menos de 10 segundos, chega diretamente no laboratório. Parece coisa de filme, mas não é. A tecnologia faz parte de um novo laboratório de análises clínicas inaugurado em novembro, em São Paulo.
O Hospital Sírio-Libanês apostou no uso de inteligência artificial e no alto nível de automatização — dispensando quase todas as intervenções manuais. De acordo com a instituição, o parque tecnológico está entre os mais modernos e avançados da América Latina.
VivaBem visitou o local e acompanhou cada etapa do laboratório, que fica na Bela Vista, zona sul de São Paulo.
Viagem do tubo dura 10 segundos
O que mais impressiona é a chegada dos tubos, com amostras de exames, pelo sistema tubular. O objeto viaja da sala de cirurgia ou do pronto-socorro por esses túneis que ficam escondidos entre as paredes.
Eles são dispensados em um ponto de coleta, localizado em diversos locais do hospital, e cerca de 10 segundos depois já estão na esteira do laboratório.
Quando o exame vem de um paciente de emergência, ele cai direto na esteira das "urgências". O resultado é rapidamente analisado e devolvido ao médico.
Agora, se é um exame de rotina, que não necessita de tanta agilidade, ele pode chegar por uma cápsula que cabe mais de um tubo —diferente do da emergência que vai descendo um por vez, mais rapidamente.
Uma vez na esteira, a máquina é capaz de analisar diversos indicadores, como hemograma, função renal e hepática, além da coagulação. Nesta etapa, não é necessária a presença de um funcionário —a tecnologia, que inclui uso de inteligência artificial, dá conta de tudo, inclusive quando é preciso coletar uma nova amostra.
A IA detecta resultados alterados, desencadeando automaticamente um algoritmo de checagem e inclusão de outros exames confirmatórios ou complementares.
"75% da volumetria dos exames dos pacientes podem ser analisados na esteira", explica Mirtes Sales, médica patologista clínica e gerente médica.
Mas quando o médico pede um exame que não pode ser analisado nesta esteira, a amostra retorna e, depois, um funcionário a encaminha para o local correto. No caso do hospital, as máquinas de exames complementares, que investigam alergias e doenças autoimunes, por exemplo, ficam no mesmo lugar.
Segundo César Higa Nomura, diretor de medicina diagnóstica do Sírio-Libanês, o tempo de espera dos pacientes no PS reduziu, até o momento, em 50%. Como o local foi inaugurado em novembro, os resultados ainda estão sendo acompanhados.
'Soroteca': o depósito das amostras
Assim que o técnico pega os tubos e os coloca na esteira, ele é rapidamente analisado e segue seu "caminho", que pode ser "concluído" e encaminhado para uma "soroteca" — um tipo de depósito de amostras dos pacientes, que permanece lá de sete a dez dias.
Aliás, esse armazenamento facilita alguns processos. Se o médico precisar de um exame complementar, uma nova picada no braço não é necessária. Basta acionar o laboratório, que vai utilizar a mesma amostra coletada anteriormente —mas precisa estar dentro do prazo, é claro. Nesta grande "nuvem", há amostras de sangue, plasma, urina, e é possível armazenar 27 mil tubos.
Consequentemente, o hospital pretende diminuir a quantidade de lixo hospital. "É uma redução de 20% a 25% no número de tubos", explica Nomura.
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