'Pedi para não deixar morrer': Rodrigo Goes faz relato de parto emocionante
O nutricionista Rodrigo Góes ficou famoso na internet por seu bordão "fake natty", mas em outubro deixou o humor de lado e usou suas redes sociais para fazer um relato de parto emocionante. Ele quase perdeu a mulher por conta de uma hemorragia após o nascimento da segunda filha.
Bárbara Maltez Góes teve um sangramento no colo do útero que fez com que ela perdesse 50% do sangue do corpo. A pressão caiu muito, ela perdeu a consciência e só não morreu por uma ação rápida de sua obstetra - que cogitou retirar o útero por não localizar o motivo da hemorragia.
Para VivaBem, Góes contou o que passou naquele momento e o trauma que tem até hoje.
"Sou pai de segunda viagem. Nossa primeira filha faz quatro anos em dezembro. A segunda, do fatídico parto, chegou ao mundo no dia 19 de outubro.
A Bárbara (minha esposa), se quisesse, era a candidata perfeita para fazer um parto em casa: ela é atleta, se manteve ativa durante toda a gravidez, tem pouca gordura corporal. Todo mundo falava. Mas somos da área da saúde, e preferíamos fazer tudo no hospital. Ainda bem. Não fosse por isso, ela teria morrido.
Bárbara teve parto normal, com analgesia, e humanizado. Foi tudo bem até o nascimento da Flora. Minha mulher estava de cócoras, comigo a apoiando por trás. A médica pediu para ela levantar com cuidado e ir para a maca, mas sem olhar para baixo, porque tinha muito sangue.
Tudo aconteceu muito rápido. A médica não conseguia estancar o sangramento no quarto e percebeu muito rapidamente que a Bárbara precisava do centro cirúrgico. Chamou o anestesista e a levaram imediatamente.
Eles davam ponto no colo do útero dela, mas como a região estava muito sensível, ele abria. E o sangramento não parava. Não me deixaram entrar na sala de cirurgia com ela, fui seguindo a maca até onde pude. Saí do quarto, vi meu pai e gritei para ele ficar com a nossa filha. Nem deu tempo de explicar o que estava acontecendo.
Eu pedia para a médica não deixar minha mulher morrer. Todo o corpo médico estava muito preocupado. Eu perguntava se ela ia morrer e ninguém me respondia. Minha mulher chegou a perder 50% do sangue. Não conseguia ficar acordada. Ela recobrava a consciência e desmaiava de novo. A pressão estava muito baixa.
Depois de um tempo, eu consegui entrar na sala. Mas os médicos estavam concentrados, ninguém me respondia nada. Foi um dos piores sustos da minha vida. Nessa hora, nada importa, não tem dinheiro que possa te salvar. Tá nas mãos dos médicos.
Os médicos cogitaram fazer a retirada do útero, mas descobriram a tempo que, na verdade, o problema da Bárbara era no colo do útero. E aí conseguiram estancar o sangramento. Foi muito difícil encontrar onde estava o problema.
Se a médica não tivesse sido rápida, minha mulher tinha morrido. Depois do centro cirúrgico, ela foi para a UTI, mas ficou só um dia lá. Precisou tomar duas bolsas de sangue gigantescas para começar a se recuperar. Bárbara ficou com fraqueza por umas três semanas.
Passado um mês, posso dizer que estamos mais tranquilos. Já choramos muito relembrando esses momentos. Foi um dia muito feliz, mas também bem traumático. A ficha só caiu depois."
O que diz obstetra
O ginecologista e obstetra Nelson Sass, do Hospital São Paulo da Unifesp, alerta que hemorragias após o parto são perigosas, mas também muito comuns. "O nascimento é um momento que pode levar a grandes sangramentos, o médico precisa ficar atento ao que chamamos de atonia uterina", explica.
Segundo Sass, o útero é um músculo, que consegue, por exemplo, se contrair - como acontece na menstruação. Durante a gravidez, seu volume aumenta muito para abrigar o bebê, a placenta e o líquido amniótico. Após o parto, ele não volta imediatamente ao tamanho normal.
"Um sangramento discreto faz parte, mas se acontece uma hemorragia o médico precisa agir rápido", explica Sass. Ele afirma que os riscos disso acontecer podem ser maiores durante um parto normal, mas ainda assim, reforça a segurança do procedimento.
"Não temos que evitar partos normais. Pelo contrário. Independente da forma, há risco. Se for uma gestação de gêmeos, por exemplo, um bebê muito grande ou um parto prolongado, as chances aumentam", explica o especialista.
Para estancar a hemorragia, o médico precisa fazer uma revisão cuidadosa do útero e do colo do útero. "Às vezes, a única saída é retirar o órgão", concluí.