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Lula: quais os riscos de pancadas na cabeça e o que podem causar?

Colaboração para VivaBem*

10/12/2024 11h47

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou por uma cirurgia de emergência na madrugada desta terça (10) para drenagem de um sangramento dentro do crânio após sentir dores de cabeça. Segundo o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Lula passa bem após o procedimento e segue monitorado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O que aconteceu com o presidente?

Sangramento é consequência de queda que Lula sofreu em 19 de outubro, diz equipe médica. Na data, ele caiu no banheiro do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, e bateu a cabeça. O presidente voltou a sentir fortes dores de cabeça no fim da tarde de ontem, após encontro com os presidentes da Câmara e do Senado no Palácio do Planalto.

Os sintomas têm ligação com a região afetada pela pancada. Lula sofreu "um ferimento corto-contuso [pancada que corta a pele] na região occipital da cabeça", informou na ocasião o Sírio-Libanês. A região occipital está localizada na base da traseira do crânio. Internamente, nesta área está localizado o córtex visual do cérebro, que processa as informações visuais enviadas pelos olhos. Um trauma de alto impacto na região pode afetar a visão ou causar sintomas como tonturas e dores de cabeça.

Esses ferimentos podem variar de leves a graves, dependendo da profundidade do corte, da área afetada e dos danos internos. Se o machucado for superficial, o tratamento é mais simples. Mas se for profundo, atingindo ossos do crânio ou causando sangramento interno, o caso é mais grave e pode exigir cuidados intensivos, até uma cirurgia.

A cirurgia, chamada trepanação, consistiu em uma pequena perfuração do crânio, onde foram introduzidos drenos. "Não é uma abertura do crânio importante. Há uma cicatrização espontânea", explicou o médico Mauro Suzuki, da equipe de Lula. A previsão é que ele permaneça na UTI por 48 horas.

Quedas são comuns e perigosas em idosos

Os idosos caem por vários motivos, mas os principais são a fraqueza da musculatura e a perda de sensibilidade por distúrbio neurológico (como consequência de doenças crônicas, por exemplo). Idosos perdem parte do controle neurossensorial que adquirimos ainda na infância, ao desenvolver o equilíbrio. Há também um atraso da conexão cerebral com o músculo. Por isso, pessoas com mais de 65 anos caem mais.

Há diminuição da qualidade da visão e da audição, perda óssea (especialmente em mulheres) ou até mesmo o efeito colateral de alguns remédios que levam a quedas. Elas são mais perigosas com o avanço da idade por acarretarem maiores complicações do que em pessoas jovens.

Estima-se que há uma queda para um em cada três indivíduos com mais de 65 anos e que um em 20 sofram uma fratura ou necessitem de internação. Dentre os mais idosos, com 80 anos ou mais, 40% sofre acidentes deste tipo a cada ano. Dos que moram em asilos e casas de repouso, a frequência de quedas é de 50%. Os dados são do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, de 2020.

O que uma pancada na cabeça pode causar?

Concussão cerebral: um tipo de trauma cranioencefálico que engloba sintomas como dor de cabeça, dificuldade de concentração, sensibilidade a barulhos, tonturas, insônia, dificuldades visuais, que se resolvem em dias ou semanas;

Hematomas intra ou extracerebrais: sangramentos que podem ocorrer entre as membranas cerebrais ou externamente na cabeça;

Fratura do crânio: quebra nos ossos que formam a estrutura protetora da cabeça, que podem variar em gravidade, desde pequenas rachaduras até fraturas mais graves, que podem causar danos ao cérebro e outras estruturas;

Traumatismo cranioencefálico grave: pode gerar perda de consciência, confusão mental, problemas graves de memória, alterações de humor e de personalidade, crise convulsiva, paralisia de braços e pernas, dificuldade de fala.

Quais sinais observar após uma batida na cabeça?

Desmaiar já é um sinal de que uma busca imediata por socorro é necessária. O primeiro ponto importante a perceber quando uma pessoa leva uma pancada na cabeça é se ela está ou não consciente.

Caso a pessoa esteja acordada, é importante estar atento a sinais como:

  • Desorientação ou confusão mental;
  • Náuseas e vômitos;
  • Persistência da tontura;
  • Dor de cabeça que persista de forma intensa ou que aumente de forma progressiva;
  • Qualquer sintoma neurológico súbito como perda de força, formigamento;
  • Alterações da visão como visão turva, dupla, alteração do campo visual, cegueira;
  • Dificuldades na fala, fala estranha ou dificuldade de compreensão;
  • Crise convulsiva;
  • Incoordenação motora, desequilíbrio ou "andar diferente";
  • Saída persistente de líquido claro ou sanguinolento pelo nariz, ou pela orelha.

O que fazer após a pancada?

Quando a pessoa está desacordada, o mais importante é buscar ajuda médica imediata e evitar movimentá-la. Como há risco de lesão não só cerebral, mas também da coluna cervical, o ideal é evitar, principalmente, mexer em seu pescoço. Tente deixar a pessoa em uma superfície plana, com as costas bem apoiadas.

Se a pessoa estiver acordada, é ainda assim importante testar seu nível de consciência: converse com ela, fazendo aquelas perguntas básicas como o nome, idade, em que mês e ano estamos e que local é aquele. Vale também observar se a pessoa consegue abrir e fechar os olhos e movimentar seus braços e pernas a comandos simples.

Não posso deixar a pessoa dormir depois do trauma?

Esta crença está relacionada a conseguir ou não monitorar essa pessoa: ao dormir, não é possível saber se algum sintoma novo se manifestou.

Mais fácil do que ficar acordando a pessoa frequentemente, é pedir para que ela não durma nas próximas horas.

Como tratar e o que esperar da consulta médica

Caso você sinta que deve buscar ajuda, será atendido por um médico neurologista, que começará questionando sobre a forma como a pancada ocorreu (onde a cabeça foi atingida, com qual objetivo e que força) e os sintomas ocorridos imediatamente após e nos minutos e horas subsequentes.

Se necessário, ele pode pedir exames para entender o estado dos ossos do crânio e do cérebro, como raio-X, ressonância magnética e tomografia computadorizada.

Se a lesão for simples, podem ser indicados apenas remédios para os sintomas, como analgésicos, anti-inflamatórios e antieméticos (remédios para enjoo). Em caso de lesões, podem ser indicados outros tratamentos, que vão depender do quadro apresentado.

A maioria das pancadas não causa problemas mais sérios. No entanto, se ela ocasionar consequências mais graves e o paciente decidir ignorá-la, pode gerar sequelas neurológicas definitivas e até mesmo a morte cerebral.

Fontes: Elisangela Neto Ribeiro Chaves, geriatra; Feres Chaddad, professor e chefe da Disciplina de Neurologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e chefe da neurocirurgia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Fernando Gomes Pinto, neurocirurgião e professor livre docente da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo); Guilherme Torezani, neurologista do Hospital Icaraí; Luciano Miller, ortopedista e cirurgião de coluna; Marcos Lange, neurologista do CHC-UFPR/Ebserh (Complexo Hospitalar das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) e coordenador da pós-graduação em neurossonologia do Cetrus (SP); Natan Chehter, geriatra e médico hospitalista; Nemi Sabeh Jr, ortopedista e traumatologista e Samir Magalhães, neurologista e chefe da Divisão Médica do Hospital Universitário Walter Cantídio, do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh (Universidade Federal do Ceará).

*Com informações de matérias publicadas em 01/11/2023, 20/10/2024, 21/10/2024 e 04/11/2024.

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