Fica com olhos irritados no verão? Veja como evitar esse e outros problemas
Diana Cortez e Heloísa Noronha
Colaboração para VivaBem
10/12/2024 05h31
Não é só sua pele que merece cuidados especiais nos meses mais quentes do ano: a saúde ocular também precisa de atenção.
No calor, nossos olhos ficam expostos a diversos fatores que podem gerar problemas, como radiação UV, vento, calor, água do mar, cloro das piscinas e aumento das atividades ao ar livre.
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A seguir, mostramos o que você pode fazer para minimizar o risco de irritações, infecções e lesões.
Proteja seus olhos
A conjuntivite, inflamação da membrana que recobre a parte branca do olho, é um dos problemas mais comuns na temporada de calor. O risco aumenta devido a altas temperaturas, maior umidade e ao contato mais frequente entre pessoas em locais como praias, aviões e outros transportes coletivos, uma vez que a conjuntivite pode ser causada por vírus, bactérias ou fungos.
O contágio ocorre por contato com secreções oculares contaminadas, seja de forma direta (abraço, beijo, aperto de mão), seja indireta (compartilhamento de objetos). Para se prevenir, adote os seguintes cuidados:
- Evite compartilhar itens de uso pessoal, como toalhas e óculos.
- Lave as mãos com frequência e evite coçar os olhos.
- Não frequente piscinas ou fontes de água sem tratamento adequado ou que estejam sujas.
- Fique atento ao cloro de piscinas, que pode causar a chamada conjuntivite química, deixando os olhos vermelhos.
Adote barreiras físicas
O uso de óculos de sol, protetor e chapéu, boné ou viseira é essencial para evitar o contato direto com o sol, o ressecamento dos olhos e as queimaduras nas pálpebras por conta das radiações UVA e UVB.
Queimaduras oculares, especialmente da córnea (ceratite actínica), podem ocorrer devido à exposição prolongada ao sol ou à luz refletida na água e areia. Por isso, também recomenda-se fugir da exposição direta entre 10h e 16h, quando a ação dos raios ultravioleta é mais intensa.
Escolha os óculos de sol com cuidado
Escolher óculos de sol vai além do estilo, uma vez que eles precisam oferecer proteção contra os raios solares. Modelos com lentes que bloqueiam entre 99% e 100% da radiação UVA e UVB são ideais para ajudar a prevenir doenças como catarata e degeneração macular. Confira algumas dicas para acertar na escolha.
Prefira lentes de policarbonato: leves e resistentes, são ideais para atividades ao ar livre, crianças e pessoas com visão monocular.
Opte por óculos originais e certificados: regulamentados por órgãos de saúde, eles garantem proteção de qualidade.
Escolha modelos maiores: protegem não apenas os olhos, mas também a região ao redor, reduzindo os danos às pálpebras e a exposição ocular ao sol.
Aposte na hidratação dos olhos
Esse cuidado ajuda a preservar a saúde ocular durante o verão, uma vez que o calor e o vento podem causar ressecamento nos olhos e desconforto. O uso de colírios lubrificantes (lágrimas artificiais) ajuda a manter a superfície ocular umedecida, evitando a chamada síndrome do olho seco, e serve ainda para lavar os olhos dos agentes irritantes como o sal e cloro.
Dica: coloque o lubrificante na geladeira, pois a temperatura fria contribui para diminuir a sensação de coceira ou ardor.
Use óculos de natação para mergulhar
Ao nadar em piscinas ou no mar, evite mergulhar com os olhos abertos ou esfregá-los a cada mergulho.
Usar óculos de natação bem ajustado ao rosto pode evitar o contato direto com o cloro das piscinas ou o sal do mar, que podem irritar os olhos. Após nadar, lave os olhos com soro fisiológico ou lubrificantes oculares.
Vale lembrar que lentes de contato não podem ser usadas para mergulhar ou até tomar banho de chuveiro, pois podem ser contaminadas pela água. Infecções como a provocada pela Acanthamoeba, um gênero de ameba, são graves e podem levar à cegueira.
Atenção ao protetor solar
Em dias de sol forte ou durante exercícios intensos, especialmente na praia, o suor pode levar resquícios de protetor solar aos olhos, causando irritação. Para evitar isso, use faixas ou bonés —que impedem que o suor escorra pela testa—, opte por filtros solares específicos para o rosto e resistentes ao suor e evite aplicar o produto em excesso.
Protetores em bastão ou creme, formulados para a região dos olhos e com FPS adequado, são sempre uma boa. Espere o produto ser absorvido pela pele, aplique com cuidado e mantenha distância da área muito próxima aos olhos.
Se houver irritação, lave os olhos com água ou soro fisiológico e evite esfregá-los.
Entrou areia? Não esfregue!
Coçar os olhos pode causar abrasões na córnea, resultando em danos oculares. Evite também tentar remover a areia com objetos ou cotonetes, pois isso pode empurrar as partículas ainda mais para dentro dos olhos, agravando o problema. A remoção inadequada da areia pode levar a complicações, como ceratite ou úlceras corneanas —lesões dolorosas e de difícil tratamento, que podem comprometer permanentemente a visão.
A primeira medida é agir rapidamente para evitar complicações. Lave os olhos com soro fisiológico ou água potável, olhando em todas as direções enquanto o líquido escorre. Esse movimento ajuda a enxaguar as partículas de forma mais eficaz. Além disso, pisque várias vezes para facilitar a remoção da areia e use lágrima artificial para aliviar o desconforto e melhorar a lubrificação ocular.
Se o incômodo persistir ou vier acompanhado de outros sintomas, como visão embaçada, dor ou vermelhidão, procure um médico. Sintomas como lacrimejamento intenso após a exposição solar também são sinais de que você deve consultar um oftalmologista o mais rapidamente possível.
FONTES: Ione Alexim, oftalmologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Letícia Oliveira, oftalmologista do Hospital Nove de Julho; e Victor Cvintal, médico oftalmologista do Hospital Santa Catarina - Paulista.