Verão sem ressaca: como minimizar a desidratação ao ingerir álcool no calor

Cerveja e caipirinha estão entre as escolhas favoritas dos brasileiros para se refrescar no verão. No entanto, o consumo de álcool pode levar a um problema sério e comum: a desidratação, especialmente nos dias quentes, que intensificam esse quadro e agravam seus sintomas.

E, se você não sabe, é justamente a desidratação provocada pelo álcool a responsável por muitos dos desconfortos que temos no dia após a bebedeira —a popular ressaca!

Mas por que o álcool tem esse efeito negativo tão potente sobre o organismo? E existe uma forma de minimizar esses danos? Explicamos a seguir.

Por que o álcool favorece a desidratação no calor?

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"O álcool bloqueia o hormônio ADH, que tem ação antidiurética e ajuda os rins a reterem água. Por isso, aumenta a produção de urina, resultando na eliminação de líquidos do organismo.

André Camara de Oliveira, endocrinologista e diretor da Sbem-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo), explica ainda que a substância ainda provoca a vasodilatação e o aumento da temperatura corporal, fazendo que o corpo produza suor (e perca mais líquidos).

Desse modo, a tendência é que ocorra um déficit hídrico no organismo, ou seja, desidratação. Além disso, ao consumir álcool, o corpo também perde eletrólitos importantes, como sódio e potássio, essenciais para o equilíbrio da hidratação.

Como reconhecer os sinais?

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A primeira pista de que seu corpo pode estar desidratado é a sensação persistente de boca seca e sede que não passa.

"Outros sinais comuns são mal-estar geral —como fraqueza, dor de cabeça e enjoo—, urina mais escura e irritabilidade", alerta Décio Chinzon, gastroenterologista e professor de pós-graduação em gastroenterologia clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Quanto maior a ingestão de álcool, piores serão os desconfortos e, consequentemente, os efeitos negativos da desidratação. "O fígado tem uma capacidade de metabolização do álcool reduzida", comenta Chinzon.

Se não for tratada logo, a desidratação pode evoluir para desfechos mais graves, como desmaios ou queda brusca de pressão arterial.

Há quantidade segura de consumo alcoólico?

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Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), não existe uma dose segura e qualquer quantidade já aumenta o risco de diversas doenças.

Falando só na questão da desidratação, os especialistas ouvidos nesta reportagem afirmam que a moderação e o bom senso são a chave. "O quanto cada pessoa pode beber com segurança varia de acordo com uma série de fatores. Por exemplo, idade, gênero, peso e predisposição genética. Então, algumas pessoas podem tolerar uma ou duas doses, enquanto outras toleram maiores quantidades", esclarece a médica endocrinologista Daniele Zaninelli.

"Além disso, a velocidade de consumo das bebidas alcoólicas, o teor alcoólico de cada uma e se há reposição adequada de água ou outras bebidas não alcoólicas durante o consumo são fatores que podem fazer a diferença", completa a médica.

Como minimizar os danos do álcool e curtir o verão

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Na avaliação do endocrinologista André Camara de Oliveira, é fundamental alternar a ingestão de álcool com água. "Um exemplo: se você beber uma ou duas latinhas de cerveja ou um drinque, consuma 500 ml de água."

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Apostar em bebidas com menor teor alcoólico e mais hidratantes também podem diminuir os prejuízos de uma possível desidratação. "Coquetéis com mais gelo e água são boas opções. Mas, é claro, sempre com moderação", reforça Oliveira.

Caso apresente sintomas de desidratação, além de água, tome bebidas isotônicas, água de coco ou soluções de reidratação (vendidas em farmácias). "Todos eles repõem os eletrólitos perdidos durante o processo de desidratação", orienta o gastroenterologista.

Por fim, evite a exposição prolongada ao sol enquanto bebe e capriche em refeições com alimentos ricos em água, como melancia, pepino, melão, abacaxi.

Fontes: Daniele Zaninelli, médica endocrinologista, mestre pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), membro da diretoria da Sbem-PR (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e da Câmara Técnica de Endocrinologia e Metabologia do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR); Décio Chinzon, gastroenterologista do Alta Diagnósticos, professor de pós-Graduação de Gastroenterologia Clínica do HCFMUSP e membro da FGB (Federação Brasileira de Gastroenterologia); e André Camara de Oliveira, endocrinologista e diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (Sbem-SP).

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