Criança pode fazer crossfit? Sem cuidados, pode atrapalhar crescimento
Volta e meia aparecem nas redes sociais casos de meninos e meninas praticando crossfit e participando de competições infantis dessa modalidade. Mas será que fazer isso nessa idade é perigoso?
Marco Aurélio S. Neves, ortopedista, traumatologista e médico do esporte, destaca a importância da supervisão e da adaptação dos exercícios para evitar impactos negativos no crescimento e desenvolvimento da criança.
"É preciso ter cuidado com a prescrição de alguns exercícios e a metodologia utilizada para crianças. Exercícios com níveis elevados de força podem prejudicar o crescimento devido ao fechamento das epífises, estruturas anatômicas encontradas nas extremidades dos ossos longos do corpo humano, e a possível lesão das cartilagens ósseas", comenta o médico.
Por isso, o profissional de educação física responsável pelo treino deve se preocupar com a intensidade e metodologia utilizadas.
E quando feito da forma correta?
O esporte é importante para o desenvolvimento motor, psíquico e intelectual, e ainda pode ter uma abordagem lúdica nas aulas adaptadas para crianças.
"O planejamento de aula para crianças segue a mesma estrutura de aula do adulto, mas de forma adaptada, para que as elas consigam realizar todos os exercícios para o melhor desenvolvimento", diz Danilo Zacarias, profissional de educação física especializado em treinamento de força.
Segundo Zacarias, é preciso ver todos os desenvolvimentos individuais sendo trabalhados, o incentivo de todos para a criança se sentir confortável e animada para realizar o exercício, e preferencialmente os pais participando, sendo exemplos e puxando fila para realizar a tarefa.
Para um crossfit infantil saudável
A pediatra Cecilia Tartari reforça que existem benefícios no "crossfit kids", como o desenvolvimento de habilidades fundamentais, promoção de um estilo de vida ativo e a construção de confiança e disciplina. Mas também abordou preocupações, como o risco de lesões e a importância do acompanhamento médico regular.
Por isso a necessidade de balancear atividade física e descanso. Além disso, é muito importante haver acompanhamento médico regular e a comunicação aberta entre pais e profissionais de saúde.
"Caso a modalidade seja prescrita com níveis mais altos de intensidade, poderá diminuir o crescimento, podendo causar atraso puberal e desmineralização óssea. Caso seja prescrita com níveis moderados de intensidade, poderá promover flexibilidade, melhora da postura, força e resistência cardiovascular", diz a médica.
Os benefícios também vão além do físico. "Pode diminuir casos de transtornos mentais como ansiedade, depressão, vício em telas, abusos de substâncias lícitas como álcool e tabaco, cada dia mais precoce na sociedade moderna. Outro ponto positivo é a melhora dos relacionamentos interpessoais que a criança desenvolve em um ambiente de atividade física", diz Tartari.
*Com informações de reportagem publicada em 30/12/2023
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