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Frieira só aparece nos pés? Tire dúvidas e evite as micoses no calor

micose nos pés

Colaboração para VivaBem

16/12/2024 05h30

O calor e a umidade típicos desta época do ano criam condições perfeitas para o surgimento de frieiras: micose causada por fungos que proliferam em ambientes abafados.

O problema geralmente se manifesta entre os dedos dos pés e, se não tratado, pode evoluir para quadros mais graves.

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A seguir, respondemos algumas dúvidas sobre o tema e explicamos como se proteger da micose no verão!

1. A frieira só aparece entre os dedos dos pés?

A frieira (tinea pedis) é uma micose causada pela proliferação de fungos, como o Trichophyton rubrum, reponsável por cerca de 70% dos casos.

Também chamada de pé de atleta, ela surge principalmente em ambientes úmidos e abafados, como a região entre os dedos dos pés, mas também pode aparecer na sola e laterais deles.

Em casos mais graves, o problema pode se espalhar para outras áreas, como virilhas e couro cabeludo. Mas nessas regiões a infecção não ganha o nome de frieira e é chamada apenas de micose. Portanto, popularmente não é errado dizer que a frieira é uma condição que ocorre somente nos pés.

Embora a causa seja semelhante (a proliferação de fungos em ambientes quentes e úmidos), cada área do corpo pode apresentar sintomas característicos e exigir tratamentos específicos. Por isso, é importante buscar orientação médica diante de qualquer alteração na pele.

2. Usar calçados por longas horas influencia no surgimento da frieira?

Sim. Manter os pés em "fechados" e sem ventilação por muitas horas estimula a produção de suor, criando um ambiente abafado e úmido, ideal para a proliferação de fungos causadores da frieira.

Para evitar o problema, prefira meias de algodão, que absorvem melhor a umidade, e evite materiais sintéticos. Também considere aplicar talco antisséptico nos pés antes de calçar os sapatos, pois o produto contribui para controlar o suor e inibe o crescimento de fungos.

Além disso, é importante arejar os calçados antes de guardá-los, garantindo que fiquem secos após o uso.

3. Qualquer pessoa pode ter frieira?

Apesar de ser chamada de pé de atleta, a frieira pode surgir em qualquer pessoa Imagem: iStock

Sim. Apesar do nome popular pé de atleta sugerir uma relação exclusiva da frieira com esportistas, qualquer um pode desenvolver o problema, ainda que algumas pessoas tenham mais predisposição devido a condições de saúde que comprometem o sistema imunológico.

É o caso de idosos, pessoas com diabetes, transplantados, pacientes em tratamento contra o câncer e aqueles com insuficiência vascular nas pernas, que precisam redobrar os cuidados para evitar a infecção, já que estão mais vulneráveis.

No entanto, de maneira geral, a infecção está mais associada à exposição a fatores comuns para qualquer pessoa, como suor excessivo, ter os dedos dos pés muito próximos uns dos outros, fazer uso prolongado de calçados fechados, deixar de trocar a meia todos os dias, usar calçados sem meias, a falta de higiene adequada dos pés e sapatos e não enxugar bem entre os dedos dos pés após o banho.

4. A frieira pode desaparecer sozinha?

Na fase aguda, a frieira pode ser autolimitada, desaparecendo sem tratamento. No entanto, a infecção tende a voltar e se tornar crônica se os fatores de risco não forem controlados.

Nesse caso, ela se manifesta como uma coceira de intensidade progressiva, pele avermelhada, com descamação e rachaduras, que se alastra para a sola e as laterais, podendo chegar à parte superior do pé.

5. Secar os pés adequadamente ajuda a prevenir a frieira?

Sim! Manter os pés secos, especialmente a região entre os dedos, é fundamental para evitar a proliferação dos fungos.

Por isso, trocar as meias diariamente, usar calçados arejados e enxugar bem a região entre os dedos dos pés após o banho são hábitos simples que ajudam na prevenção de frieiras.

6. As rachaduras causadas pela frieira são perigosas?

Tanto as rachaduras quanto as fissuras na pele causadas pela frieira não são apenas incômodas, como também podem abrir portas para infecções graves, como a erisipela —causada por bactérias que penetram as camadas mais superficiais da pele e o tecido subcutâneo por meio das lesões, gerando vermelhidão, inchaço, dor e até febre.

Além de ser dolorosa, essa infecção pode se espalhar rapidamente e levar a complicações sérias, exigindo tratamento médico imediato.

Por isso, é fundamental tratar a frieira assim que os primeiros sinais surgirem, para evitar que as rachaduras evoluam e se tornem um ponto de entrada para infecções.

7. Lavar os pés com água e sabão durante o banho é suficiente para prevenir a frieira?

Para uma limpeza eficaz, é essencial lavar os pés com sabonete e bucha, especialmente depois de atividades que estimulem a produção de suor. Após a lavagem, é indispensável secar bem os pés, incluindo a região entre os dedos, para eliminar a umidade.

Também é recomendado não compartilhar calçados com outras pessoas e evitar ficar descalço em vestiários, saunas e outros locais que costumam estar contaminados, pois a micose é altamente contagiosa e está associada a fungos que liberam esporos no ambiente.

8. Soluções e pomadas antifúngicas resolvem a frieira?

Embora antifúngicos tópicos, como pomadas e soluções líquidas, sejam frequentemente eficazes, o tratamento da frieira depende de diversos fatores, como a gravidade da infecção, o tipo de fungo envolvido e a existência de outras condições de saúde.

Em casos mais avançados ou persistentes, pode ser necessário o uso de antifúngicos orais (comprimidos) para eliminar a infecção de maneira eficaz.

Portanto, a automedicação pode ser ineficaz e até agravar o problema, pois a pessoa demora para buscar o tratamento adequado. Por isso, é fundamental que um dermatologista avalie o quadro para identificar o tipo de fungo e a extensão da infecção, indicando a solução mais adequada para cada caso, além de orientar mudanças comportamentais que garantem a eficácia do tratamento e previnem recorrências.

Fontes: John Veasey, médico dermatologista, membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e responsável pelo Ambulatório de Micoses Superficiais e pelo Laboratório de Micologia do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; Adriane Reicher Faria, médica dermatologista, professora de dermatologia da Faculdade de Medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e doutora em ciências da saúde pela mesma instituição; André Lauth, médico dermatologista e membro da SBD (PR).

*Fontes consultadas em reportagem de 07/05/2019.

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