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Jejum intermitente pode reduzir não só o peso, mas o seu cabelo também

Imagem: iStock

Colaboração para VivaBem

17/12/2024 12h00

A prática de jejum intermitente, que alterna longos períodos entre refeições com outros mais curtos, pode resultar em uma cabeleira menos volumosa, apontou uma pesquisa liderada por estudiosos da Universidade Westlake em Hangzhou, na China. O trabalho foi publicado na sexta (13) na revista científica Cell.

O que o jejum intermitente tem a ver com o seu cabelo?

Privação de comida aumenta o estresse celular, que inibe e até mata folículos capilares. Os chineses acreditavam que o resultado apontaria na direção inversa: estudos anteriores sugeriam que jejuar pode aumentar a resistência ao estresse em algumas células-tronco, incluindo aquelas associadas com tecidos sanguíneos, intestinais e musculares. Portanto, eles resolveram investigar tecidos periféricos, como cabelos e pele.

A expectativa era que o jejum também estivesse ligado à regeneração deste tipo de tecido. Então eles rasparam os pelos de ratos de três grupos — um com acesso ilimitado à comida e os outros dois em dietas com jejum intermitente. O primeiro modelo de jejum permitia a alimentação durante 8h e obrigava o jejum por 16h. Já o outro alternava um dia inteiro de alimentação com outro dia inteiro de jejum.

Foi monitorado então o progresso do crescimento da pelagem dos animais. Sob qualquer um dos dois programas de jejum, a regeneração capilar dos ratos era mais lenta. Os ratos que comiam quando tinham vontade — mas com a mesma média de ingestão de calorias dos grupos em jejum — viram a maior parte dos pelos crescerem em um mês, enquanto aqueles que realizavam os jejuns tinham um crescimento apenas parcial após 96 dias.

O jejum intermitente pode ter benefícios para alguns órgãos e sistemas, mas causar danos a outros processos do corpo Imagem: iStock

Células-tronco dos folículos morriam porque o jejum iniciava uma reação em cadeia, facilitando comunicação entre as glândulas adrenais, que produzem hormônios do estresse, e as células de gordura na pele. Hormônios como o cortisol e a epinefrina então levavam à quebra da gordura — um processo que liberava ácidos graxos. Estas substâncias produzem bastantes radicais livres que danificam o metabolismo das células-tronco foliculares e até as destroem.

Apesar disso, os ratos que jejuaram tiveram melhora na tolerância à glicose, um sinal de maior saúde metabólica. A aplicação de um creme antioxidante com vitamina E antes e durante a dieta também se mostrou eficiente em prevenir os problemas de nascimento dos pelos, o que sugere que este efeito adverso do jejum intermitente é evitável.

Para checar se este efeito se estende aos humanos, os pesquisadores realizaram um pequeno teste com 49 pessoas jovens e saudáveis. Elas foram divididas entre um grupo que fazia jejum diário de 18 horas e outro que se alimentava sem restrições de horários. O crescimento capilar no grupo praticante de jejum intermitente era 18% mais lento do que entre aqueles que comiam livremente.

É possível que um creme com antioxidantes, como a vitamina E, possa contornar o efeito colateral Imagem: Getty Images/iStockphoto

Efeito não se estende às células-tronco "vizinhas", que reparam a camada mais externa da pele. "No jejum intermitente, o corpo não sabe quando receberá a próxima refeição e a [maior] necessidade se torna proteger o núcleo central de órgãos enquanto se dispensa aqueles que não são essenciais", analisou a pesquisadora Elaine Fuchs, especialista em células-tronco da Universidade Rockefeller, em Nova York, à revista Nature. Ela não estava envolvida no estudo.

Testes moleculares encontraram evidências de um processo semelhante àquele que afetou os ratos. No entanto, os cientistas não querem imediatamente descartar o jejum intermitente como uma opção de dieta. "A população humana é bastante heterogênea, então os efeitos podem ser diferentes para diferentes populações", alertou Bing Zhang, biólogo especializado em células-tronco da Universidade Westlake e um dos autores do estudo, ao site Science Alert.

O estudioso também salientou que o efeito visto nos seres humanos era mais leve do que nos roedores. "Ratos também têm uma taxa metabólica bem alta comparada com as dos humanos, então o jejum e a alternância metabólica pode resultar em uma consequência mais severa nas células-tronco foliculares deles", disse Zhang.

Zhang e sua equipe continuarão investigando como outros tecidos se comportam em relação ao jejum. A próxima etapa do trabalho, anunciou, será justamente a investigação de como o processo de cicatrização de feridas é impactado pelos longos períodos sem alimentos.

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