Já assistiu? 4 lições sobre ansiedade que 'Divertida Mente 2' nos ensina
Colaboração para VivaBem*
18/12/2024 15h54
Uma década após o primeiro filme, a sequência de "Divertida Mente" chegou aos cinemas brasileiros em junho. Agora, a animação pode ser assistida a qualquer hora na Disney+, onde estreou em setembro.
O longa leva os espectadores novamente à mente de Riley, agora uma adolescente de 13 anos que enfrenta a montanha-russa emocional da puberdade.
Entre as novas emoções desta etapa, a ansiedade é a que mais chama a atenção. Na trama, a nova emoção chega para proteger Riley dos perigos futuros, mas acaba intensificando preocupações e medos. Ela é retratada de maneira intensa e até assustadora, reconfigura as convicções de Riley e altera a percepção da menina sobre si mesma.
As outras emoções, como a alegria, são reprimidas quando a ansiedade ganha espaço.
A seguir, veja algumas lições que "Divertida Mente 2" ensina sobre equilíbrio emocional para crianças (e adultos também):
1. Ansiedade tem lado bom e ruim
A ansiedade é uma emoção natural que desempenha um papel importante na sobrevivência. Ela faz com que a gente se prepare e reaja a possíveis ameaças. Em pequenas doses, pode ser útil. O problema é quando esse sentimento passa a dominar as outras emoções, como é visto no filme da Pixar.
"Quando começa a incomodar o tempo todo, como uma sensação ruim, já falamos em algo patológico", explica a psiquiatra Danielle Admoni, referindo-se ao transtorno de ansiedade, que gera prejuízo significativo e atrapalhar a vida da pessoa.
2. Ela altera os fatos e nos desorganiza
A ansiedade pode distorcer percepções e influenciar comportamentos, levando a ações impulsivas e crenças falsas, como Riley é levada a acreditar no filme.
Danielle Admoni diz que o sentimento pode levar a percepções ruins, uma autocrítica exagerada de si e, consequentemente, dos outros também.
"É uma busca pelo perfeccionismo. De maneira inconsciente, acho que, se as coisas saírem do meu jeito, tudo ficará certo. É lógico que isso é uma fantasia, não controlamos nada. Mas, quando as coisas saem do controle, o ansioso se desorganiza", diz a psiquiatra.
3. Não é só adulto que tem crise de ansiedade
Crises de ansiedade podem acontecer em qualquer faixa etária. De acordo com o psiquiatra Fernando Asbahr, os transtornos de ansiedade estão relacionados a fatores multifatoriais: desde fatores externos ligados ao meio ambiente, como situações de estresse, que podem intensificar estados ansiosos, até a questões individuais, como características biológicas.
Os sintomas de um transtorno de ansiedade na infância e na adolescência se expressam da mesma forma que em um adulto. "A criança fica tão ansiosa que não consegue fazer a prova ou comer, vomita antes de fazer alguma coisa importante. Ou seja, [a ansiedade] começa a trazer problemas, trazer prejuízo clinicamente significativo", diz o médico.
"Também pode haver alteração de sono e, às vezes, uma das queixas é que a criança está cansada, deita, mas não consegue dormir por pensar em coisas como uma prova", diz Asbahr, emendando que, havendo suspeitas, deve-se procurar uma avaliação especializada.
4. Ansiedade precisa ser tratada
Por fim, o filme aborda a importância de manter o equilíbrio entre as emoções, permitindo que cada uma desempenhe seu papel sem dominar as demais.
O enredo também destaca a importância de nomear e reconhecer os sentimentos para reduzir sua intensidade.
Técnicas de relaxamento, autoconhecimento e estratégias de enfrentamento podem ajudar a manter a ansiedade sob controle. Elas são aprendidas na psicoterapia.
*Com informações de reportagem publicada em 22/06/2024