Eventos de fim de ano minam sua bateria social? Saiba por que isso acontece
Festa da firma, happy hour dos amigos, amigo secreto, ceia de Natal, Réveillon. A intensa interação social para celebrar o fim e o começo do ano é positiva e proporciona bem-estar para algumas pessoas. Para outras, no entanto, a sensação é de esgotamento após tantos encontros, o que pode incluir até mesmo sintomas físicos.
Entenda porque isso acontece e o que fazer para recarregar as energias.
As interações e a bateria social
Se você se sente exausto após os eventos de final de ano, seja com amigos ou em família, pode ser que sua bateria social esteja acabando. Alguns dos principais sinais que mostram que sua capacidade de socialização está chegando ao fim incluem cansaço físico, dificuldade de pensar com clareza, irritação, sono e dor de cabeça.
Nosso cérebro nos cansa da mesma forma que um exercício físico, já que o órgão gasta muita energia enquanto processa informações das relações interpessoais, como a expressão facial das pessoas envolvidas, os gestos, o conteúdo da fala, o contexto, entre outros fatores.
Situações mais desafiadoras e o contexto de cada um
Cenários estressantes ou aqueles em que nos percebemos mais vulneráveis, como confraternizações com pessoas com as quais não temos muita abertura e conexão, tendem a nos consumir mais facilmente. Podemos sentir mais cansaço na socialização com pessoas específicas por falta de afinidade, valores distintos, problemas de conduta ou mesmo por conta da nossa impressão sobre aquele indivíduo.
É comum, ainda, termos pouca bateria social disponível quando fazemos atividades ou vamos a lugares impulsionados por terceiros, sem vontade ou motivação própria, já que nossa energia descarrega mais rapidamente quando não vemos sentido e propósito no que estamos fazendo. Perfis mais introvertidos, inseguros ou ansiosos tendem a repensar à exaustão cada uma de suas ações e como estas foram vistas pelos demais, em uma dinâmica que também cobra um preço da sua bateria social.
O contexto pode ser ainda mais desafiador para quem está passando por situações mais graves. Uma pessoa em depressão, sob estresse crônico ou em um processo traumático pode não ter tanta energia disponível para socializar quanto teria usualmente, já que esta energia está sendo gasta por outros aspectos do processamento mental.
Extrovertidos e introvertidos: a diferença
As pessoas extrovertidas buscam a socialização como uma recarga de energia emocional. Já as introvertidas sentem-se drenadas nessas mesmas situações.
É importante ressaltar, entretanto, que este não é um processo universal: uma pessoa extrovertida pode se sentir "sugada" em socializações específicas, como em uma reunião do trabalho, e se sentir motivada ao sair depois do expediente com amigos. Uma pessoa introvertida pode sentir vontade de participar do happy hour da empresa, mas não se sentir à vontade caso tenha que lidar com clientes, por exemplo.
Independente da situação, é necessário avaliar se essa bateria social baixa ou drenada está sendo um problema para a vivência do sujeito e dos demais. Um dos principais fatores de alerta de um esgotamento crítico pode ser notado quando a pessoa abre mão de laços importantes em seu cotidiano por não se sentir capaz de manejar as interações sociais necessárias naquele contexto.
Como recuperar as energias?
Como as variações na "carga" da bateria social são muito individuais, as maneiras de recarregar essa energia também serão. O autoconhecimento é a chave para sabermos o que melhor funciona para cada um de nós: algumas pessoas recarregam sua energia com atividades físicas, outras meditando ou se conectando com a arte. No entanto, há algumas alternativas que podem auxiliar no manejo da maioria dos casos.
Confira:
Tenha uma boa noite de sono
É durante o sono que o organismo exerce as principais funções restauradoras. Dormir bem e por tempo adequado ajuda a diminuir o estresse e a manter corpo e mente saudáveis.
Fique um tempo sozinho (a)
Não há nada de errado em se afastar de amigos e familiares para recarregar as próprias energias. Mesmo que você realmente goste de estar com eles, é normal precisar de períodos de solidão, mesmo que estes momentos possam parecer desvalorizados. Encontrar tempo para fazer coisas de que gostamos e, principalmente, aprender a aproveitar a própria companhia são muito importantes para uma boa saúde mental.
Priorize e respeite seus limites
Nem sempre teremos tempo e energia necessários para investir igualmente em todos os momentos. Por isso, é preciso reconhecer e priorizar onde você deve investir mais desses recursos. Seja honesto consigo mesmo e saiba dizer "não" quando necessário para se poupar.
Faça uma pausa das redes sociais
As redes sociais são grandes fontes de informação, podendo facilmente sobrecarregar alguém já no limite da sua bateria social e provocar sensações negativas, como a comparação e a frustração. Neste final de ano, caso seja possível, desligue o celular, viva mais no mundo real e aproveite as festas —cada indivíduo à sua maneira.
Fontes: Anderson Siqueira Pereira, doutor em psicologia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, terapeuta do esquema e instrutor de mindfulness; Monique Cristielle Silva da Silva, psicóloga e mestranda do Grupo de Pesquisa em Avaliação em Bem-Estar e Saúde Mental (ABES/PUCRS); e Nathalya Lima, psicóloga e mestre em Psicobiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
*Com informações de reportagem publicada em 14/02/2024.
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