Câncer de próstata e sepse: entenda quadro que levou Ney Latorraca à morte

Ney Latorraca morreu aos 80 anos, na manhã desta quinta-feira (26). O ator tratava um câncer diagnosticado em 2019 e chegou a passar por uma cirurgia de remoção da próstata. A doença voltou em agosto deste ano, já com metástase. Houve o tratamento inicial, porém sem sucesso.

A causa da morte foi uma sepse pulmonar após o agravamento do câncer. Latorraca estava internado há seis dias na Clínica São Vicente da Gávea, no Rio de Janeiro.

O que é o câncer de próstata

O câncer de próstata é considerado o mais comum entre os homens no Brasil. E é o terceiro mais incidente no país (perdendo apenas para o câncer de pele do tipo não melanoma e o câncer de mama).

O que é a próstata? A próstata é uma glândula do corpo masculino que está localizada entre o reto e a bexiga e tem como principal função produzir o fluído prostático, que faz parte da composição do sêmen e ajuda a proteger os espermatozoides.

O principal fator de risco para a doença é a idade. Pessoas acima dos 50 anos tem mais chance de receber o diagnóstico; no entanto, homens com histórico familiar da doença e indivíduos negros têm mais risco de desenvolver esse tipo de câncer.

Início da doença é silencioso. Além de o início do câncer não dar sinais na maioria dos casos, a falta de hábito e até o preconceito que o homem tem em cuidar da própria saúde muitas vezes prejudicam a prevenção da doença.

Sintomas do câncer

Os sintomas aparecem geralmente quando a doença já está em estágio mais avançado. Isso porque a presença do câncer influencia no tamanho da glândula e causa problemas principalmente na hora de urinar. Isso ocorre porque a uretra, por onde a urina sai, passa no meio da próstata.

Entre eles está:

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  • Dificuldade para urinar (demorar para começar e terminar).
  • Necessidade de urinar mais vezes durante o dia e/ou a noite.
  • Diminuição ou alteração no jato de urina.
  • Dor ou ardor ao urinar.
  • Presença de sangue na urina ou no sêmen.
  • Dor ao ejacular.
  • Alteração nas fezes (pois o tumor pode pressionar o intestino).

Mas médicos alertam que próstata aumentada nem sempre é sinônimo de câncer. A partir dos 50 anos, é bastante comum que os homens tenham uma condição chamada de hiperplasia prostática benigna —um aumento da próstata que também pode dificultar a saída da urina.

Como é feito o diagnóstico?

Os principais exames são o PSA (dosagem do antígeno prostático específico, em inglês), realizado a partir de uma amostra de sangue; e o toque retal, feito em consultório pelo urologista para detectar qualquer alteração ou nódulos na próstata.

Mas vale ressaltar que o exame de toque é um procedimento muito rápido. Ele dura menos de um minuto, com o médico utilizando luva e lubrificante, e não causa dor nem complicações.

Apenas se houver alguma alteração suspeita o especialista pode pedir uma biópsia —retirada de uma amostra de tecido da glândula para análise em laboratório para diagnosticar possíveis tumores.

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Médicos recomendam que pessoas com próstata façam exames rotineiramente, como forma de rastreio da doença. De acordo com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), os exames de rastreio devem ser feitos a partir dos 50 anos —com exceção de homens negros e com histórico da doença na família, que devem começar aos 45, pelo maior risco de desenvolver a doença.

O que é sepse?

Problema acontece por uma resposta "exagerada" do corpo a uma infecção causada por vírus, bactéria ou fungo. Toda vez que temos uma infecção nosso sistema de defesa entra em ação para combater a doença, provocando uma inflamação local que causa sintomas como febre. Mas a sepse pode acontecer se essa resposta for desregulada e, de alguma forma, passar a prejudicar o organismo.

Seria como se diante de uma grande invasão durante uma batalha um posto de defesa atirasse para todos os lados, acertando não apenas inimigos, mas também aliados. Isso leva a perda de função de órgãos colateralmente, para além do órgão onde a infecção começou. Não há um padrão de quem vai ser atingido, mas geralmente órgãos mais próximos anatomicamente, ou órgãos que já possuíam algum grau de debilidade prévia podem ser os primeiros a manifestar problemas quando uma infecção grave o suficiente se manifesta.
Natanael Adiwardana, coordenador de equipe de infectologia no São Luiz Itaim, da Rede D'Or

No caso de Ney Latorraca, a sepse foi pulmonar. A sepse é reconhecida quando se verifica uma disfunção orgânica, ou seja, existe uma infecção primária, mas ela já afetou outro órgão, como o rim, pulmão, cérebro, fígado, etc.

A sepse de foco pulmonar é quando você tem o início do processo infeccioso no pulmão e ele vai para a corrente sanguínea. Por definição, no quadro de sepse você isola o agente bacteriano e esse mesmo agente está em dois lugares diferentes. Você faz o diagnóstico de sepse por alterações gerais, como alteração da pressão, do pulso, do ritmo da respiração, acompanhadas por alterações laboratoriais. Se essa infecção evolui ainda mais, é chamada de choque séptico.
David Uip, diretor nacional de infectologia da Rede D'Or, a VivaBem

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Quais são as infecções mais comuns que levam à sepse? A Pneumonia, a infecção do trato urinário (bexiga, rins), a infecção intestinal; e a infecção de pele.

Pessoas com câncer, como Ney, estão entre os grupos de risco. Qualquer pessoa pode ter sepse, mas segundo Uip ela é mais comum em pacientes imunocomprometidos —por situações como transplante de órgãos, Aids, tumores e tratamento de tumores. "O tumor leva a imunodepressão e o tratamento também."

Quais os sintomas da doença?

A sepse sempre aparece em decorrência de uma infecção de base. Isso significa que já existe uma doença em curso causada por vírus ou bactéria, com seus sintomas característicos como febre e mal-estar generalizado, que não passam ou se agravam ao longo dos dias.

Além disso, o paciente pode sofrer alteração da Consciência, aceleração da respiração e pressão baixa.

*Com informações de "Silenciosos, sintomas iniciais de câncer de próstata não são perceptíveis", publicada em 16.2.2023; e "Sepse: maioria dos casos começa fora do hospital; veja sinais e como evitar", publicada em 27.8.2019

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