Água no pulmão? Problema pode surgir de pneumonia a grandes altitudes
De VivaBem, em São Paulo*
02/01/2025 05h30
O acúmulo de líquido nos pulmões, popularmente chamado de "água no pulmão", vai além de casos de afogamento ou ingestão de líquidos. Esse problema pode surgir por diferentes motivos, como doenças cardíacas, infecções graves e até pela exposição a grandes altitudes.
A condição ocorre quando há a presença de líquidos nos alvéolos ou na pleura, comprometendo a respiração e a saúde pulmonar. Acompanhe a seguir.
O que é, afinal, "água no pulmão"?
O termo "água no pulmão" é um modo simplificado de se referir ao acúmulo de líquidos no sistema respiratório. No entanto, o líquido envolvido pode ser mais do que água — inclui filtrados de sangue e até pus, dependendo da causa.
Os líquidos podem se acumular em duas áreas principais. Veja abaixo.
Alvéolos. Pequenas bolsas responsáveis pelas trocas gasosas entre o ar inalado e o sangue. Durante a respiração, elas se expandem e se contraem, permitindo a oxigenação do corpo. Quando o líquido invade os alvéolos, ocorre o edema pulmonar.
Pleura. Membrana fina que reveste os pulmões e a parede interna do tórax. Quando o líquido se acumula na pleura, ocorre o derrame pleural, prejudicando a movimentação pulmonar.
Causas mais comuns de água no pulmão
Insuficiência cardíaca. A falha no bombeamento de sangue pelo coração causa congestão pulmonar. Isso resulta na produção de um líquido nos alvéolos, dificultando a oxigenação e a respiração.
Insuficiência renal ou hepática. A incapacidade dos rins e do fígado de regular líquidos pode levar ao acúmulo na pleura, formando derrame pleural.
Pneumonia. A inflamação causada por infecções pulmonares provoca o extravasamento de sangue e a formação de pus nos alvéolos.
Covid-19. O vírus SARS-CoV-2 desencadeia inflamações que dilatam os vasos sanguíneos, resultando em acúmulo de plasma e células no pulmão.
Tuberculose. A infecção pode causar granulomas que inflamam a pleura e geram acúmulo de líquidos.
Fatores externos e condições específicas
Grandes altitudes. Em altitudes superiores a 2.500 metros, a baixa pressão de oxigênio pode levar ao edema pulmonar. A adaptação insuficiente causa transudação de componentes do sangue para os alvéolos, acompanhada de sintomas como dor de cabeça e mal-estar.
Exposição a toxinas. Inalação de agentes como cloro pode inflamar as vias respiratórias, levando ao fechamento de bronquíolos e, em casos extremos, ao edema.
Trauma torácico. Lesões graves no tórax podem provocar hemorragias e insuficiência respiratória devido à compressão pulmonar.
Câncer. Tumores avançados no pulmão ocupam os alvéolos, enquanto o líquido se acumula na pleura. Em casos de metástase de outros órgãos, a pleura pode ser afetada, interrompendo o funcionamento normal do sistema de bombeamento e levando à formação de líquido.
Doenças reumáticas. Condições como lúpus e artrite reumatoide podem causar inflamação nos vasos sanguíneos, comprometendo a circulação e gerando acúmulo de líquido no pulmão ou na pleura devido ao processo inflamatório sistêmico.
Afogamento. Em situações de afogamento, a entrada de água pelas vias respiratórias provoca o fechamento da laringe como mecanismo de defesa. Contudo, isso gera uma pressão negativa que faz o líquido dos vasos sanguíneos ser absorvido para os alvéolos, causando edema pulmonar.
Diagnóstico e tratamento
Sintomas. No edema pulmonar, a manifestação mais comum é a falta de ar, causada pela ocupação dos alvéolos pelo líquido. Já no derrame pleural, os sintomas variam conforme a doença causadora, mas geralmente incluem cansaço, tosse, febre, dor no tórax ou abdominal e perda de peso.
Diagnóstico. Inclui análise clínica, exames de imagem, como raio-X ou tomografia, e ultrassonografia para localizar líquidos. Casos complexos podem exigir biópsias da pleura.
Tratamento. A abordagem varia conforme a causa. Inclui diálise para insuficiência renal, diuréticos para insuficiência cardíaca e pleurodese em casos de grande volume de líquido. A fisioterapia respiratória é indicada para melhorar a capacidade pulmonar.
Fontes: Carlos Carvalho, pneumologista do Hcor (SP) e professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Octávio Messeder, pneumologista do Hospital Português (BA) e docente da UFBA (Universidade Federal da Bahia); Elie Fiss, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP) e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e Andrei Augusto Cordeio, pneumologista do Hospital Santa Paula (SP).
*Com informações de matéria publicada em 27/05/2022.