Suplemento popular entre brasileiros pode aumentar risco de AVC, diz estudo

Um estudo de longo prazo publicado em junho de 2024 na revista BMJ Medicine sugere que o uso de suplementos de óleo de peixe —bastante popular entre os brasileiros— pode ser um fator de risco para fibrilação atrial e derrame na população em geral.

Entretanto, ele também pode ser benéfico para evitar a progressão da fibrilação atrial para eventos cardiovasculares adversos maiores e até a morte por essa causa.

Os pesquisadores destacam a necessidade de mais estudos para compreender melhor os efeitos do suplemento, especialmente em relação a infartos e AVC em indivíduos sem doenças cardiovasculares anteriores.

Como o estudo foi feito

Os pesquisadores se basearam em dados de 415.737 pessoas (55% mulheres), com idades entre 40 e 69 anos, que participaram do UK Biobank, um grande banco de dados de saúde.

Os dados analisados foram de 1º de janeiro de 2006 a 31 de dezembro de 2010, com acompanhamento até 31 de março de 2021 (acompanhamento médio de 11,9 anos).

Os cientistas analisaram o consumo de peixe e o uso de suplementos de óleo de peixe pelos participantes. Durante quase 12 anos, 31,5% dos participantes informaram que usavam o suplemento regularmente.

Resultados positivos e negativos

O estudo descobriu que quem usava óleo de peixe e não tinha problemas de saúde no início do estudo teve um risco 13% maior de desenvolver fibrilação atrial (um tipo de arritmia cardíaca) e risco 5% maior de sofrer um AVC.

Continua após a publicidade

No total, 22.636 pessoas tiveram problemas como infarto, AVC e insuficiência cardíaca, e 22.140 morreram durante o estudo, mostrando que os efeitos do suplemento podem variar, tanto para a saúde cardiovascular quanto para a mortalidade.

Por outro lado, entre os participantes com doenças cardiovasculares, o uso regular de suplementos de óleo de peixe foi associado a uma redução de 15% no risco de fibrilação atrial evoluir para um ataque cardíaco e 9% menos risco de morte por infarto.

Alguns fatores, como idade, sexo, uso de cigarro, consumo de peixes não oleosos e o uso de medicamentos para controlar a pressão arterial, influenciaram esses resultados.

Homens e participantes mais velhos, por exemplo, mostraram um benefício maior com o suplemento, reduzindo o risco de morte em 7% e 11%, respectivamente.

Estudo já questionou benefício do suplemento ao coração

Um estudo publicado no jornal científico PLOS Genetics em 2021 constatou que benefício do óleo de peixe para o coração depende de fatores genéticos. Variações no gene GJB2 podem alterar o comportamento do ácido graxo ômega 3 na regulação dos triglicerídeos, um tipo de gordura no sangue que, em alto nível, pode agravar o risco de doença cardíacas.

Continua após a publicidade

"A suplementação com óleo de peixe não é boa para todos; depende do seu genótipo", disse Kaixiong Ye, professor de genética da Universidade da Geórgia e um dos coordenadores do estudo. "Se você tem um histórico genético específico, a suplementação com óleo de peixe ajudará a reduzir seus triglicerídeos. Mas se você não tiver o genótipo certo, tomar um suplemento de óleo de peixe, na verdade, aumentará seus triglicerídeos."

*Com informações de matéria publicada em 05/04/2021

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.