8 sinais de que você encontrou o amor de sua vida, segundo a ciência
Léo Marques
Colaboração para VivaBem
08/01/2025 05h30
As paixões vêm e vão, e muitas vezes passamos uma vida inteira em busca de um amor verdadeiro, vivenciando muitas decepções (ou decepcionando muitas pessoas).
Para ajudá-lo a entender se chegou a sua vez de encontrar o par perfeito, algumas evidências científicas no campo da psicologia podem ajudar. Confira a seguir oito sinais de que você achou o amor da sua vida, segundo a ciência.
1. Você conhece bem o seu parceiro
Reconhecer as singularidades da pessoa, aceitando suas características únicas, sem projetar expectativas irreais, é um dos sinais de que você encontrou o amor da sua vida e tem um relacionamento bem-sucedido.
"A paixão, com sua intensa idealização, pode atrapalhar quando se trata de conhecer o parceiro de forma verdadeira. Nesse estado, o outro é muitas vezes visto como um reflexo das nossas fantasias e desejos, e acabamos focando apenas nas qualidades que mais nos encantam, criando uma imagem idealizada de perfeição", explica Ana Thereza Mazzi, psiquiatra colaboradora do IPq - HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP).
Ela diz que esse conhecimento sobre o outro deve ir além do superficial: envolve compreender os valores, desejos, medos e sonhos do outro, criando um espaço onde ambos se sintam vistos e aceitos. "Essa profundidade permite construir uma base sólida, na qual o amor verdadeiro não se limita à idealização, mas se desenvolve com respeito, empatia e um compromisso mútuo de crescer juntos".
Um estudo publicado no periódico Frontiers in Psychology corrobora com essa afirmação e identificou a "preocupação com o parceiro", o "desejo de conhecer e ser conhecido" e "estudar a outra pessoa" como pontos centrais do amor romântico.
2. Você pensa mais como casal
Amar não quer dizer apagar o "eu" ou o "você", mas construir um "nós" que integra as singularidades de cada um em um projeto de vida comum.
"Não se deve perder a individualidade, mas deixamos a vida totalmente independente para dividi-la com alguém, e esse alguém importa, deve ser relevante e levado em consideração. Se não for assim, melhor manter uma vida de solteiro", ressalta Luciana Oliveira, psicóloga especialista em TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental).
"Existe um lado mais racional dentro dessas dinâmicas onde devem ser sempre realizados combinados, onde existe o respeito à individualidade do próximo, mas que esse próximo não esqueça também do nós", complementa Yuri Busin, psicólogo, mestre e doutor em neurociência do comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós-graduado em psicologia positiva e TCC pela PUC-RS.
Um estudo do Departamento de Psicologia da Universidade do Texas (EUA) observou que parceiros em relações estreitas costumam optar pelo uso do pronome "nós" ao invés de "eu", o que denota uma identidade compartilhada. Isso sugere um vínculo emocional sólido.
3. Vocês se colocam no lugar do outro
A empatia é um pré-requisito para construir um amor. "Colocar-se no lugar do outro promove compreensão e reduz conflitos, porque permite enxergar a situação pela perspectiva do parceiro. Isso tudo dentro dos limites onde os dois têm voz e vez na relação, é uma via de mão dupla", afirma Oliveira.
Pesquisadores da Universidade Estadual de San Diego e Universidade da Califórnia (EUA) conduziram um estudo com 374 casais que moram juntos, mas não são casados, para entender a relação entre empatia e qualidade do relacionamento romântico. O estudo sugere que a falta de empatia entre casais coabitantes, incluindo a falta de simpatia, sensibilidade, compreensão e compaixão, pode se traduzir em menor qualidade de relacionamento, incluindo menor satisfação no relacionamento, amor pelo parceiro e amor percebido pelo parceiro.
4. Você é você mesmo
Ser genuíno num relacionamento é essencial, pois permite que a troca e a convivência sejam autênticas e baseadas em confiança. Isso se manifesta na experiência cotidiana e no diálogo aberto.
"Um relacionamento exige uma comunicação clara, onde cada pessoa possa expressar seus desejos, sentimentos e necessidades sem medo de julgamento", ressalta Mazzi.
Luciana Oliveira diz que essa base sólida de confiança e aceitação de quem se é pode ser apaixonante, e aconselha: "Não seja um personagem, isso não se mantém. Não queira ser alguém diferente do que é para caber na vida de alguem, você se perderá de você e isso custará caro no futuro".
Pesquisadores da Universidade Adelphi (EUA) e Universidade de Western Sydney (Austrália) realizaram um estudo sobre a importância da autenticidade como estratégia de relacionamentos amorosos de longo prazo e constataram que o "seja você mesmo" é a estratégia de namoro que indivíduos autênticos usam para facilitar relacionamentos bem-sucedidos de longo prazo. A pesquisa ainda indica que autenticidade está associada à inteligência emocional e a resultados relacionais positivos.
5. Você admira seu parceiro
A admiração nos conecta ao que torna o parceiro especial, seja a maneira como enfrenta desafios no trabalho, a paciência com as crianças ou qualquer outra qualidade que desperte respeito e encanto. Mazzi afirma que essa admiração é um lembrete constante do valor e da singularidade do outro, fortalecendo o laço mesmo nos momentos difíceis.
"Quando admiramos o parceiro, enxergamos nele alguém único, com seus próprios pensamentos, desejos e potencialidades. Essa valorização das singularidades não apenas pode sustentar o relacionamento, mas também pode alimentar o desejo de crescer juntos, criando um espaço de respeito mútuo e reconhecimento contínuo", diz.
Em seu livro "Os Sete Princípios para Fazer o Casamento Dar Certo", John M. Gottman, pesquisador e clínico psicológico americano, afirma que carinho e admiração são dois dos componentes mais importantes em um relacionamento feliz e sustentável, e que uma relação não pode durar se eles estiverem completamente ausentes ou inacessíveis. O livro foi baseado em uma pesquisa na qual Gottman observou mais de 650 casais ao longo de 14 anos.
6. A escuta é mútua
A escuta mútua é essencial para um relacionamento. É um ato de cuidado, respeito e consideração, que permite que ambos se expressem de forma genuína. Ouvir com atenção, sem interrupções ou julgamentos, faz toda a diferença.
"Hoje muitos relacionamentos acabam por falta de diálogo. É no parceiro que devemos encontrar o bom ouvinte, o lugar seguro, acolhedor e sem julgamentos. Sem a escuta, vocês não se conhecerão bem e o distanciamento e conflitos aumentarão", alerta a psicóloga Luciana Oliveira.
Uma pesquisa publicada no periódico Journal of Family Psychology analisou o poder de escuta do parceiro em conversas didáticas de enfrentamento. No estudo, 365 casais heterossexuais mantiveram duas conversas de 8 minutos, nas quais cada parceiro discutia uma experiência pessoal estressante enquanto o outro era solicitado a responder como ele ou ela normalmente faria. O resultado mostrou que a escuta atenta enquanto o outro parceiro expressava estresse foi significativamente associada a melhores comportamentos de enfrentamento e maior satisfação no relacionamento.
7. Você reconhece e respeita suas diferenças
Reconhecer e respeitar as diferenças entre os parceiros é fundamental para um relacionamento. Afinal, não somos iguais, fomos criados por famílias diferentes e isso não precisa ser sinônimo de conflitos.
"As diferenças são inevitáveis e fazem parte de qualquer relação, mas, ao invés de serem vistas como obstáculos, podem ser enxergadas como oportunidades de aprendizado e crescimento —tanto pessoal quanto conjugal", ressalta a psiquiatra Ana Thereza Mazzi.
Uma pesquisa do Departamento de Psicologia da Universidade de Tecnologia do Texas (EUA) constatou que o respeito é parte fundamental de "relacionamentos que têm um tom positivo". A pesquisa ainda reforça que "quando o respeito não se desenvolve ou é muito baixo, o relacionamento é desvalorizado".
8. Você encara o sexo de outra maneira
O sexo em um relacionamento saudável é uma expressão de intimidade, conexão e cuidado mútuo. "Não se trata apenas de um ato físico, mas de um reflexo do respeito e da atenção às necessidades emocionais de ambos os parceiros. Lembre-se, sexo é para ambos. Aqui também pensamos em 'nós': o que nós queremos fazer, o que é bom para nós. Com dignidade e respeito", afirma Oliveira.
Mazzi complementa que é importante entender que cada parceiro pode ter momentos e ritmos diferentes, assim como criar um espaço onde a sexualidade possa ser discutida abertamente e sem tabus.
Numa revisão de estudos, dois pesquisadores da Universidade Reichman (Israel) e Universidade de Rochester (EUA) analisaram a dinâmica do apego e do sexo ao longo dos relacionamentos românticos. Eles apontam que pesquisas recentes estabeleceram que o sexo, longe de ser uma nota de rodapé nos relacionamentos, é uma força vital no vínculo que atrai e une casais românticos.
O estudo diz ainda que a contribuição do desejo sexual para os vínculos de apego varia ao longo do desenvolvimento do relacionamento, sendo muito importante para os estágios iniciais. Em estágios posteriores, uma vez que a conexão emocional entre os parceiros foi formada, o desejo sexual pode perder parte de sua proeminência como força vinculativa, e outros processos não sexuais se tornam mais influentes, como intimidade e compromisso.