Além da virose no litoral, dengue também preocupa; só vacina protege?
De VivaBem, em São Paulo*
08/01/2025 07h43Atualizada em 08/01/2025 16h47
Um surto de virose no litoral paulista levou centenas de pessoas aos hospitais, mas outra doença também preocupa: a dengue. No verão, o calor e as chuvas criam um ambiente propício para a proliferação de mosquitos, incluindo o Aedes aegypti, que transmite a dengue.
Números da dengue
O ano de 2024 registrou aumento nos casos de dengue no Brasil. Foram 6.630.766 de casos prováveis de dengue, com 6.041 mortes confirmadas e 875 ainda em investigação.
Só em São Paulo foram confirmados 2,1 milhões de casos. Em última atualização, o Ministério da Saúde apontou, em 2024, 2.058 mortes confirmadas no estado e 342 sob investigação —em 2023, foram 326.872 casos, com 295 mortes, um aumento de pelo menos sete vezes no número de óbitos.
O problema continua: só nos primeiros seis dias de janeiro, já são 1.051 casos prováveis em São Paulo, segundo o CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), órgão da Secretaria de Estado da Saúde. Uma morte está em investigação na cidade de Ribeirão Preto, no interior do estado.
O que explica o aumento dos casos?
Mudanças climáticas podem estar por trás do aumento de casos de dengue no Brasil. É o que diz o plano de ação do governo federal para a redução da dengue e de outras arboviroses. "Os anos de 2023 e 2024 foram marcados por anomalias nos padrões de temperatura e chuvas, decorrentes dos impactos do fenômeno climático", diz o documento.
No Brasil, além dos efeitos das mudanças climáticas, temos uma grande extensão territorial, elevado contingente populacional, sérias e históricas deficiências na coleta do lixo urbano e no fornecimento regular de água para o consumo doméstico, sobretudo nas periferias das cidades de médio e grande portes.
Plano de ação para a redução da dengue e de outras arboviroses
A proliferação do mosquito Aedes aegypti se acelera no verão. O secretário-adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Rivaldo Cunha, diz que as elevadas temperaturas e o maior volume de água das chuvas contribuem para esse fenômeno.
Ao intensificar a atividade biológica do mosquito, nós temos um maior número de pessoas sendo infectadas, porque há um maior número de mosquitos nesse período.
Rivaldo Cunha
Recomenda-se, para este período do verão, intensificar os cuidados e dedicar uns 10 minutinhos para cuidar do seu ambiente, do seu domicílio, ver se tem algum objeto que possa acumular água, cuidar dos terrenos baldios, dos quintais, conversar com os seus vizinhos e cobrar que o poder público também faça a sua parte, recolhendo rotineiramente o lixo produzido pelos domicílios.
Rivaldo Cunha
Vacina contra dengue
Em São Paulo, a vacinação gratuita contra a dengue é feita nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de idade. Segundo a Prefeitura, até o momento, 223 mil crianças foram vacinadas com a primeira dose, mas faltam 388 mil. Já em relação à segunda dose, 126 mil foram vacinadas e a Secretaria aguarda 474 mil para encerrar o plano. Para saber se a vacina está disponível na sua região para a sua faixa etária, consulte o site da prefeitura da sua cidade.
Tem na rede privada?
Na rede privada, há duas opções de vacinas contra a dengue: o imunizante da Sanofi, aprovado pela Anvisa em 2015, e o da japonesa Takeda, aprovado em março de 2024. Este primeiro (em três doses) só é recomendado para quem já teve a doença e tem idade entre 9 a 45 anos. Já o segundo é mais amplo: pode ser aplicado em pessoas de 4 a 60 anos de idade —independentemente de o indivíduo ter tido a doença antes ou não— e são necessárias apenas duas doses.
O Grupo Fleury —dos laboratórios a+ Medicina Diagnóstica, Fleury Medicina e Saúde e Hermes Pardini— informou que as doses da vacina da Takeda contra a dengue estão sendo comercializadas. Segundo a empresa, a venda ocorre em diversas marcas de laboratórios regionais em todo Brasil, com oferta para primeira e segunda dose.
A rede de saúde integrada Dasa disse que, atualmente, tem estoque para vacina da dengue Qdenga, da Takeda, em diversas praças e que a disponibilidade está sujeita ao fornecedor. A empresa também recomendou verificar a disponibilidade do imunizante por meio do contato com os canais de atendimento na plataforma de exames, consultas e vacinas NAV Dasa.
Só segunda dose no Einstein. A Clínica de Imunização do Hospital Albert Einstein informou que, neste momento, a vacina contra a dengue está disponível em suas unidades somente para segunda dose.
Em consulta ao site da Labi Saúde, que também oferece a Qdenga, o agendamento aparece como indisponível. Procurada por VivaBem, a empresa ainda não se pronunciou sobre isso.
Reações e contraindicações da vacina
Segundo Rosana Richtmann, infectologista e consultora em vacinas da Dasa, são contraindicadas a tomarem a vacina da dengue pessoas que:
- Fazem algum tratamento imunossupressor como quimioterapia ou radioterapia ou que tomam alguma medicação que seja imunossupressora
- Estão gestando ou amamentando
- Estão em vigência de um quadro infeccioso (neste caso é preferível adiar a vacina)
- Apresentaram hipersensibilidade a alguma dose prévia ou a algum dos componentes da vacina
Já sobre as reações, Richtmann diz que a maioria dos sintomas são leves, como reações locais, dor ou vermelhidão, e, eventualmente, reações sistêmicas, como febre e dor de cabeça.
Proteção
Além da vacina, outra forma de proteção é passar repelente de mosquitos no corpo durante o dia e, se possível, vestir roupas compridas que cubram também os braços e as pernas. Repelentes em spray ou creme à base dos compostos DEET, Icaridina ou IR 3535 são eficazes nos cuidados contra a dengue.
Também é essencial evitar a formação de pequenos reservatórios de água parada, como vasos de flores, barris de chuva ou pneus de carros.
Sintomas da dengue
Os sintomas da dengue são variados e podem ser observadas as seguintes manifestações:
- Eritema (mancha vermelha parecidas com alergia)
- Dor no corpo
- Mialgia (dor muscular)
- Fadiga
- Dor de cabeça
- Dor no fundo dos olhos
- Febre (maior que 38,5ºC)
- Perda de apetite
- Dor abdominal
Em caso de sintomas, procure uma UBS e não use remédio sem orientação.
*Com informações da Agência Brasil, Agência Estado e reportagens publicadas em 06/02/2024 e 15/04/2024.