O que acontece com o corpo quando ficamos acordados por mais de 24 horas
Dormir não é só para descansar e promover uma pele bonita. O sono atua sobre o todo o organismo, o que inclui cérebro, metabolismo, defesas do corpo, hormônios, bem como a regulação do apetite e até o sistema cardiovascular.
Mas o que esperar quando, por algum motivo, você não dorme tempo suficiente?
A sensação é de embriaguez
Deixar de dormir o suficiente atrapalha as atividades do cérebro como um todo. Isso resulta em sintomas como alterações do humor, irritabilidade, ansiedade, falta de motivação e impaciência.
A lentidão de raciocínio é comum. É como se você tivesse tomado 12 copos de cerveja.
Concentração e atenção são reduzidas. Depois aparecem alterações no equilíbrio e na coordenação. A memória também é prejudicada (formação e consolidação), assim como o aprendizado e a tomada de decisões.
Há ainda deficiência no processamento das informações. Além de maior propensão a cometer erros durante a prática de atividades costumeiras, bem como a adoção de comportamentos de risco e julgamento.
Ansiedade e depressão. Nesse contexto, não dá para saber o que vem primeiro —a privação do sono, que leva a esses quadros, ou a ansiedade e a depressão, que promovem a insuficiência do repouso noturno, provocando ou piorando tais condições.
Pode favorecer o aparecimento de doenças cognitivas e neurodegenerativas. Uma das funções do sono é fazer uma espécie de faxina em proteínas tóxicas que se acumulam no cérebro durante o dia. Quando esse trabalho não é feito, facilita-se o acúmulo delas, o que tem sido relacionado ao Alzheimer.
Sinal aberto para doenças crônicas
Depois de mais de 24 horas sem dormir, o desejo de comer alimentos ricos em gordura e carboidratos aumenta. Isso porque a privação de sono reduz a produção do hormônio leptina, que regula a sensação de saciedade. Isso explica por que trabalhadores de turno tendem a aumentar 5 kg no peso inicial durante o primeiro ano de trabalho nesse esquema de horário; nos anos seguintes, o ganho é de 1 kg para cada 12 meses trabalhados.
Cansaço e sonolência ainda podem desmotivar a prática de exercícios ou reduzir a performance. Há diminuição da força muscular, da resistência, da habilidade motora etc. Um atleta só consegue ter alto desempenho quando ele dorme bem.
Pode predispor a doenças metabólicas e cardiovasculares. Como diabetes, hipertensão, colesterol alto e obesidade. Dormir menos de 6 horas por noite é fator de risco para infarto, AVC, além de mortalidade precoce: quem tem qualidade e quantidade de horas de sono vive mais.
Atrasos na defesa contra enfermidades
Boa noite de sono propicia o aumento da circulação de citocinas. Essas proteínas fortalecem a resposta imunológica para combater infecções, recuperar-se de doenças e promover a cicatrização, por exemplo.
Mais de 24 horas sem dormir pode atrapalhar o sistema imunológico. O corpo fica mais exposto a infecções, facilitando o aparecimento de um estado inflamatório constante que prejudica a saúde como um todo.
Tempo de sono adequado
As necessidades de sono variam de pessoa a pessoa e devem ser respeitadas. Mas, a depender da idade, podem ser considerados os seguintes parâmetros:
Idosos (65 +): 7 horas
Adultos (26-64 anos): 7 a 8 horas
Adolescentes (14-17 anos): 8 a 10 horas
Crianças em idade escolar (6-13 anos): 9 a 11 horas
Crianças (3-5 anos): 10 a 13 horas
Crianças pequenas (1-2 anos): 11 a 14horas
Recém-nascidos e bebês: 14 a 17 horas
Os indivíduos mais suscetíveis à privação de sono são os vespertinos, isto é, aqueles que biologicamente preferem dormir e acordar tarde.
Depois eu compenso
O volume do sono não funciona como um banco de horas. Quando dormimos menos do que é considerado necessário, a qualidade do sono fica comprometida. E mesmo que venhamos a dormir mais horas depois, as fases do sono não são completamente restauradas.
O que pode acontecer é que períodos curtos de sono operam como uma espécie de crédito. Por exemplo, pessoas que trabalham em esquema de plantão noturno, podem dormir 3 horas durante o dia, o que resultaria na necessidade de dormir mais 3 ou 4 horas depois, caso o padrão de sono corresponda a 7 horas/noite. Quanto mais tempo você demora para recuperar essas horas, menor será a compensação.
Será que é insônia?
Os especialistas consultados afirmam que esse quadro tem como característica uma série de queixas que revelam uma insatisfação com a qualidade e a quantidade de sono, somadas a sintomas diurnos.
Em geral, as pessoas relatam as seguintes situações:
Dificuldade para iniciar e manter o sono.
Despertar antes do horário planejado e esperado
Quando o sintoma é ficar mais de 24 horas sem dormir, observe se isso ocorre ao menos três vezes na semana, e se isso tem se repetido ao longo dos últimos três meses ou mais. Se este é o caso, é preciso buscar por uma avaliação médica.
Embora exista muita informação disponível sobre o assunto, muitas vezes, a ajuda médica —se possível, com um especialista em medicina do sono— é essencial para entender as causas e encontrar possíveis soluções.
A abordagem terapêutica geralmente começa com a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental).
O uso de medicamentos só é indicado quando a TCC não apresenta o resultado esperado.
Como nem sempre a TCC é acessível, algumas pessoas se valem do uso de aplicativos, que podem ser úteis.
*Com informações de reportagem publicada em 24/09/2024
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