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Ela teve problemas após PMMA: 'Pálpebra caiu e meu olho não fechava mais'

Erika ficou com pálpebra inferior caída após cirurgia para tentar remover o PMMA - Divulgação Erika ficou com pálpebra inferior caída após cirurgia para tentar remover o PMMA - Divulgação
Erika ficou com pálpebra inferior caída após cirurgia para tentar remover o PMMA Imagem: Divulgação

De VivaBem, em São Paulo

13/01/2025 05h30

A influenciadora Erika Alk, 49, sofria com olheiras profundas e pigmentadas. Há 15 anos, ela procurou um médico que ofereceu um tratamento: a injeção de PMMA (polimetilmetacrilato) na região.

A solução foi temporária. Com o passar dos anos, o material causou outro problema e seu sonho era retirar as bolsas que ficaram abaixo dos seus olhos.

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Em busca da correção, ela passou por um procedimento cirúrgico que a deixou com sequelas. Erika não conseguia mais fechar os olhos, teve uma úlcera ocular e precisou fazer outras duas cirurgias.

A VivaBem ela contou sua história, que inspirou o documentário "Além das Aparências", disponível no YouTube.

Erika Alk correu o risco de perder a visão devido à aplicação de PMMA Imagem: Arquivo pessoal

'Fiquei com uma bolsa abaixo dos olhos'

"Sempre tive muita olheira e procurei um especialista há 15 anos para tratar o problema. Ele me disse que usaria o PMMA. Naquela época, não se falava sobre seus efeitos colaterais.

Nos primeiros dias, ficou muito bom: aquela mancha preta sumiu e amenizou a sensação de olho fundo. Contudo, conforme o tempo foi passando, os problemas começaram a surgir.

Fiquei com uma bolsa abaixo dos olhos. Procurei diversos profissionais para tentar resolver, mas ninguém quis mexer. Cheguei a fazer aplicações de ácido hialurônico, mas isso não eliminava o PMMA.

Em 2023, meu marido perguntou qual era meu maior sonho e disse a ele que era retirar aquela bolsa abaixo dos olhos. Ele me levou a um cirurgião de sua confiança.

Na consulta, o médico disse que eu poderia ficar tranquila, pois era possível fazer a retirada e o resultado seria ótimo.

Fiz a cirurgia em outubro. Quando passou a anestesia eu ainda estava muito inchada, não tinha como saber. Passados uns dias, ficou visível que, em vez de melhorar, piorou. Tive uma infecção devido ao PMMA e a minha pálpebra inferior caiu. Meu olho não fechava mais.

O médico me garantiu que tudo ia voltar ao normal, que era parte da recuperação, mas não foi o que aconteceu. Nesse período, fiquei sem trabalhar, pois vivo da minha imagem. Tinha vergonha de sair de casa.

Seis meses depois, quando percebeu que não tinha melhora, o mesmo médico sugeriu que fizéssemos uma segunda cirurgia.

O resultado ficou ainda pior, meu olho estava mais caído. Uma amiga minha, que me encontrou na academia, disse que eu não poderia ficar daquele jeito. Mandei uma foto para outro médico de confiança e ele pediu para que eu fosse imediatamente a uma consulta.

'Meu olho foi costurado e fechado'

Antes e depois dos olhos de Erika Alk Imagem: Divulgação

Eu precisaria passar por outro procedimento cirúrgico. Continuar com os olhos daquela maneira, sempre abertos, poderia me trazer consequências graves.

Eu estava com o olho completamente ressecado, o que fez com que eu desenvolvesse uma úlcera na córnea. Fiquei com medo de perder minha visão.

Em cinco dias, voltei ao centro cirúrgico para operar o primeiro olho. Foi preciso fazer um enxerto com pele de trás da minha orelha para conseguirmos ter pele suficiente para meu olho voltar a fechar.

Meu olho foi costurado e fechado, por 30 dias, para que a pele expandisse e tivéssemos material para arrumar a pálpebra inferior. Eu não podia mexer nele ainda. Após 40 dias, com o olho direito já recuperado, fizemos o mesmo procedimento no esquerdo. Após esse procedimento cirúrgico, meus olhos voltaram ao normal.

Entenda o tratamento

Olheiras tem múltiplas causas e nem sempre devem ser tratadas de maneira cirúrgica, explica André Borba, oftalmologista e cirurgião plástico ocular, responsável pela correção dos olhos de Erika.

Não existe um único tratamento. O botox ajuda a diminuir as rugas, o preenchimento é feito em casos de olhos profundos e o laser é ideal para homogeneizar a pigmentação. Sem contar os cuidados que podem ser feitos em casa. A maioria dos casos pode ser tratada de forma não cirúrgica.
André Borba

Para arrumar a pálpebra caída de Erika, Borba precisou fazer um enxerto com pele retirada de trás da orelha. Era preciso tomar muito cuidado, porque ela tinha o PMMA na região como agravante.

A substância já tinha causado uma infecção pós-cirúrgica antes. Usamos a pele extra para fazer com que o olho voltasse a fechar. E, ainda assim, para a correção, ela precisaria ficar de olho fechado por pelo menos 15 dias. André Borba

Seguindo o protocolo, seus olhos voltaram à normalidade. O médico, no entanto, faz um alerta: pesquise sobre o profissional que você escolheu.

Esse depoimento é um alerta. Tem médico que opera no consultório, no mesmo dia, não pede exames. As pessoas estão desesperadas por um procedimento e não têm a clareza do que realmente é indicado.
André Borba

O que é o PMMA e por que é perigoso?

É um componente plástico. O PMMA é usado por indústrias na fabricação de lentes, na odontologia, em cremes de uso tópico e em procedimentos ortopédicos. Para preenchimento na pele, é utilizado em microesferas, numa forma semelhante ao gel.

Tornou-se conhecido da indústria estética. Seu uso se tornou comum na indústria estética para preenchimento da pele, visando aumentar o volume de glúteos, coxas, rosto e outras partes do corpo.

Resultado é permanente. O resultado do procedimento com PMMA é permanente: uma vez que ele é injetado nos tecidos, geralmente músculo, ele não pode ser removido sozinho.

Há também riscos de insuficiência renal irreversível. O PMMA provoca a produção de granulomas (reação do sistema imunológico contra infecções), que estimulam a absorção de uma grande quantidade de cálcio pelo corpo que chega aos rins, danificando sua função.

Substância traz danos a curto ou longo prazo. Essas complicações podem acontecer logo após o procedimento ou depois de alguns anos, e não necessariamente no local do implante. O PMMA ainda pode causar inflamação crônica, reações alérgicas e migração do produto para outras áreas do corpo.

O uso do PMMA no Brasil é autorizado pela Anvisa, mas apenas em duas situações:

  • Correção de lipodistrofia (alteração no organismo que leva à concentração de gordura em algumas partes do corpo) provocada pelo uso de antirretrovirais em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids);
  • Correção volumétrica facial e corporal, que é uma forma de tratar alterações, como irregularidades e depressões no corpo, como em casos de poliomielite, fazendo o preenchimento em áreas afetadas por meio de bioplastia.

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