Febre das bebidas isotônicas: quem precisa repor sais minerais com elas?
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Os eletrólitos são minerais essenciais, tais como sódio, potássio, cálcio e magnésio, que desempenham um papel crucial no equilíbrio hídrico, na função muscular e na regulação dos nervos.
Disponíveis em várias opções, como bebidas isotônicas, pós, cápsulas, e géis, as misturas com eletrólitos viraram uma verdadeira febre no mundo fitness.
Mas embora as opções como bebidas isotônicas realmente sejam importantes —para esportistas e condições de saúde específicas— nem todo mundo precisa delas.
A reposição de eletrólitos é mais comumente indicada para quem pratica exercícios físicos intensos e duradouros, especialmente em dias muito quentes, quando o suor costuma ser mais abundante.
Alguns exemplos incluem corridas longas, jogos de futebol ou outros esportes e pedaladas de grandes distâncias —mas qualquer esforço físico que ultrapasse uma hora já justifica a recomendação, segundo o nutrólogo Rodrigo Pimental.
Nessas situações, há uma perda maior de líquidos e eletrólitos que precisam ser repostos para evitar problemas como desidratação, cãibras e queda no desempenho físico.
Já para quem é sedentário ou pratica atividades leves a moderadas, normalmente não é necessário repor eletrólitos com suplementos ou bebidas específicas. Nesse caso, beber água e ter uma alimentação equilibrada já garante o que o corpo precisa.
Pimental explica que, fora do contexto esportivo, há também quadros que requerem indicações de reposição de eletrólitos.
"Pessoas com diarreia ou vômito severos, trabalhadores em condições extremas (bombeiros, por exemplo), algumas doenças específicas (como insuficiência adrenal, condição em que as glândulas adrenais não produzem quantidades adequadas de hormônios essenciais ou fibrose cística) e, em alguns casos, idosos, mas sempre com uma avaliação individual por um profissional da saúde", explica ele, que é nutrólogo do Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia. uma das unidades da rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) em Salvador.
Como os eletrólitos afetam o corpo
![Longas pedaladas podem exigir a reposição de sais minerais Longas pedaladas podem exigir a reposição de sais minerais](https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/24/2024/06/07/ciclismo-bike-triatlo-1717776167252_v2_750x421.jpg)
Os eletrólitos são fundamentais para diferentes funções do corpo.
O sódio e o potássio, por exemplo, trabalham juntos para regular o equilíbrio de líquidos no corpo: o primeiro controla a quantidade de água fora das células e o segundo mantém o equilíbrio dentro delas.
Ambos são essenciais para o bom funcionamento dos músculos e para a transmissão dos sinais nervosos, o que permite a contração muscular e o batimento regular do coração.
Já o cálcio é vital para a contração muscular e a transmissão de sinais nervosos, além de ser fundamental para a coagulação do sangue e para manter os ossos saudáveis.
O magnésio também auxilia no funcionamento muscular e no trabalho de várias enzimas no corpo, sendo essencial para manter o ritmo cardíaco estável e ajudar na produção de proteínas.
Já o cloreto é crucial para a digestão, ajudando a formar o ácido gástrico necessário para quebrar os alimentos.
Entre os sinais de que uma pessoa pode estar com deficiência de eletrólitos, o médico nutrólogo Rodrigo Pimental cita: "Sede excessiva, cãibras, fadiga e tontura são alertas comuns. Se o suor deixar marcas de sal na pele ou na roupa, isso também pode indicar uma perda significativa desses minerais. Além disso, urina com coloração alaranjada ou acastanhada pode ser um sinal de desidratação".
Suplementação x alimentação
Vários alimentos também contêm eletrólitos essenciais para o bom funcionamento do corpo.
Bananas, laranjas e abacates são ricos em potássio, enquanto o cálcio pode ser encontrado em produtos lácteos, como leite e queijo, além de vegetais de folhas verdes.
O magnésio está presente em alimentos como amêndoas, espinafre e grãos integrais.
O sódio, embora precise ser consumido com moderação, é encontrado em alimentos como sal e queijos.
Mas a absorção de eletrólitos a partir dos alimentos é diferente. Isso acontece porque outros nutrientes, como fibras, proteínas, gorduras e carboidratos, podem influenciar como o corpo absorve e usa esses minerais.
Alguns nutrientes competem entre si, como o cálcio, enquanto outros, como a vitamina D, ajudam na absorção de cálcio. Em resumo, a absorção é mais complexa quando consumimos alimentos inteiros.
"As bebidas eletrolíticas fornecem reposição rápida de minerais, principalmente sódio e potássio, além de ter concentrações específicas para recuperação pós-treino ou reidratação. São úteis em situações de necessidade imediata. Já a reposição por meio da alimentação é mais lenta", explica Neto.
Vale dizer que há também contraindicações para o consumo dessas bebidas.
"Especialmente para pessoas com doenças pré-existentes, como insuficiência renal, o consumo dessas bebidas pode ser perigoso. Se a pessoa já tiver níveis elevados de potássio no corpo, isso pode resultar em complicações graves, como arritmias cardíacas, que pode necessitar de hemodiálise. Indivíduos hipertensos também devem ter cautela, pois o excesso de potássio pode afetar a pressão arterial", afirma Daniela Gomes, nutróloga do Hospital Albert Sabin, de São Paulo.
O consumo excessivo pode levar a hipernatremia (excesso de sódio), o que aumenta o risco de pressão arterial alta e pode sobrecarregar os rins, hipercalemia (excesso de potássio), o que pode causar arritmias cardíacas, e sobrecarga renal por forçar os rins a excretar os eletrólitos em excesso.
1 comentário
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Isaac Daniel Wasserman
Fica a sugestão de traduzir em números os termos consumo excessivo e moderado...