Roupas compridas contra dengue? O que funciona e o que não protege

São Paulo começou o ano com 21 cidades em estado de emergência pela dengue. Segundo o Ministério da Saúde, a previsão é que em 2025 ocorra um aumento na incidência da doença em pelo menos mais outros cinco estados: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Impedir que o mosquito se reproduza eliminando todos os possíveis criadouros com água parada é essencial para dificultar a proliferação da doença. No entanto, outras medidas podem auxiliar a evitar contato com o vírus, como o uso de repelente e roupas compridas —desde que sejam de tecidos grossos.

As buscas por informações médicas relacionadas à dengue começaram a crescer a partir do dia 18 de novembro de 2024. A partir dessa data, o número de buscas pelo tema cresceu 2,81 vezes em âmbito nacional. Em São Paulo, o crescimento foi ainda mais expressivo, atingindo 4,52 vezes, enquanto em Minas Gerais o aumento chegou a 3,10 vezes, refletindo o aumento de casos notificados nesses estados no período. As estatísticas mostram as pesquisas realizadas no Afya Whitebook, ferramenta de apoio à decisão clínica utilizada por médicos do Brasil todo durante consultas e procedimentos.

Uso de roupas compridas ajuda?

Roupas compridas podem proteger, mas nem todas. Apesar de serem eficazes contra a picada do mosquito, roupas de mangas longas e calças compridas não garantem completamente a prevenção. Elas funcionam como uma barreira física que impede que o mosquito entre em contato com a pele, mas o tecido deve ser grosso. "O mosquito pode atravessar a trama do tecido se ele for muito fino", diz Jandrei Markus, infectopediatra e professor da ITPAC Porto/Afya (TO).

Trama deve ser mais fechada. De acordo com Markus, a densidade das roupas também deve ser levada em consideração. "Há muitas roupas que favorecem a transpiração, mas, ao mesmo tempo, favorecem as picadas de mosquito, porque a trama é muito aberta e faz com que o mosquito tenha acesso mais fácil."

Na prática, as roupas compridas e pesadas acabam não sendo tão efetivas, uma vez que o Brasil é um país quente e usar roupas do tipo pode ser inviável. O que sobra de estratégia é basicamente o repelente nas áreas expostas, de acordo com orientação do fabricante, e controlar os criadouros. André Giglio Bueno, infectologista e professor da PUC-Campinas

Evite água parada e use repelente

É necessário eliminar a água parada em qualquer espaço. Esses ambientes são perfeitos para a reprodução do Aedes aegypti. O infectopediatra explica que até mesmo uma tampa de garrafa com água parada requer atenção.

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A utilização de telas pode ajudar. Se colocadas em janelas e portas, elas evitam a entrada do mosquito na casa. "Se conseguir utilizar tela, isso com certeza pode ajudar, no entanto, nem todo mundo consegue ter esse tipo de estrutura", pondera Bueno.

Uso de repelente é essencial. Eles podem ser tanto dermatológicos quanto para usar por cima da roupa. Já existem marcas que disponibilizam essa modalidade de proteção. Além disso, há algumas tramas de tecido que têm tinturas que são repelentes naturais, mas ainda não chegaram ao Brasil, explica Markus.

Repelentes de icaridina são seguros por não ser um veneno. A aplicação deve ser feita com as próprias mãos e vale passar nas áreas expostas do corpo. Para a dengue, também é possível utilizar o DEET. Jandrei Markus, infectopediatra

Repelente deve ser utilizado até mesmo por quem está com dengue. O professor explica que uma pessoa infectada é transmissora do vírus para os mosquitos. Portanto, o uso de repelente é importante para que o paciente não sofra novas picadas e propague a doença para outros mosquitos.

Vacinação já está disponível no SUS. Por enquanto, apenas crianças entre 10 e 14 anos podem aplicar a imunização, que é feita em duas doses. A vacina oferecida no SUS é a Qdenga, desenvolvido pela farmacêutica Takeda. Demais pessoas podem optar por tomar na rede privada. Cada dose varia entre R$ 350 e R$ 490. Assim, o esquema vacinal completo pode sair até R$ 980.

*Com informações da Agência Brasil e Agência Estado.

7 comentários

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Rodrigo Soares de Mello

Vacina tem que ser destinada a quem de início pode ser mais acometido pelos sintomas. Não entendo começarem a imunização por adolescentes, que tem suas defesas naturais em índices maiores, enquanto idosos ficam esperando. E pior, milhares de vacinas paradas nos postos e outras pessoas querendo se vacinar. 

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Walmor Barbosa Martins Jr

O que funciona e protege é um MINISTRO DA SAÚDE, formado em medicina. 

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Celso Salgado de Melo

Registrei no INPI a patente de um aparelho fantástico para exterminar grande parte da população do Aedes Aegypti, entretanto, o governo não tem interesse em acabar com a dengue e outras arboviroses. 

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