Vacina contra dengue no SUS ainda não é para todo mundo? Tire suas dúvidas

Só neste ano, o Brasil já soma 160 mortes causadas por dengue e 401.408 casos prováveis da doença, segundo dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses, do Ministério da Saúde.

Além de medidas de prevenção, como eliminar focos de água parada e passar repelente, é possível contar com a vacina da dengue que, no momento, está disponível no SUS apenas para as idades de 10 a 14 anos.

O Ministério da Saúde anunciou uma vacina de dose única contra a doença nesta terça (25) para toda a faixa etária de 2 a 59 anos. Ela ainda não foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o governo diz que passará a disponibilizar 60 milhões de doses anuais a partir de 2026.

Tire suas dúvidas sobre a vacina

Recomendação atual do Ministério da Saúde é apenas para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. De acordo com a pasta, grupo concentra o maior número de hospitalizações por dengue, exceto os idosos, na qual a Anvisa ainda não liberou o imunizante, por falta de estudos.

Nem todas as cidades têm vacinas disponíveis. Anvisa, Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) definiram critérios para distribuição das doses, priorizando regiões com alta transmissão nos últimos dez anos, cidades de grande porte e alta incidência recente. É possível ver a lista neste link. A vacina é dada em duas doses.

Ministério afirma que segue avaliando a ampliação dos municípios contemplados. Todo estoque disponível foi adquirido: 6,5 milhões de doses em 2024 e 9,5 milhões para 2025. Até o momento, foram distribuídas mais de 6,5 milhões de doses, com 3.294.344 aplicações — 2.349.369 de primeira dose (D1) e 944.975 de segunda dose (D2).

Para receber o imunizante, basta ir à UBS do bairro. O paciente precisa estar acompanhado de um responsável, levando documento de identidade, cartão de vacina (pode ser emitido na hora) e comprovante de residência ou escolar.

Na rede particular, é possível obter o imunizante. No entanto, de acordo com a pediatra Mônica Levi, presidente da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações), há relatos de falta de vacinas para quem quer iniciar o esquema vacinal.

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VivaBem entrou em contato com a farmacêutica Takeda, responsável pela vacina em uso no Brasil, para saber como está a distribuição em clínicas particulares.

Em nota, a empresa informou que o número de doses disponibilizadas ao setor privado está limitado. De acordo com eles, objetivo é priorizar as vacinas ofertadas ao SUS, além de "priorizar a segunda dose para quem já iniciou a imunização na rede particular."

É importante esclarecer que a gestão das doses disponíveis no sistema privado é de responsabilidade das clínicas e farmácias, enquanto a Takeda está empenhada em viabilizar o fornecimento necessário para completar o esquema vacinal daqueles que já receberam a primeira dose. Farmacêutica Takeda, em nota

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Imagem: iStock

Esquema vacinal

Vacina da Takeda (QDenga), disponível no SUS, tem duas doses, com intervalo de três meses. A primeira dose da vacina já oferece uma proteção "bem elevada", explica a presidente da Sbim. No entanto, é fundamental tomar a segunda dose, que vai manter a proteção de longa duração.

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Nem 60% dos adolescentes que fizeram a primeira dose da vacina voltaram para a segunda. É uma batalha ir atrás deles, sabemos da dificuldade com esse grupo, mas precisamos reforçar isso.
Mônica Levi, presidente da Sbim

Em São Paulo, as UBSs estão realizando busca ativa ao público que não retornou para tomar a segunda dose. O primeiro contato é telefônico. Nele, profissional de enfermagem avisa ao pai, mãe ou responsável que o prazo para tomar a segunda dose venceu, tenta identificar o motivo e solicita que o jovem seja levado até a UBS para completar o esquema no mesmo dia. Caso a equipe não consiga falar com o familiar e a criança ou adolescente não compareça à unidade, a tentativa é presencial..

Até o momento, não há orientação de dose de reforço para quem já completou o esquema. De acordo com Levi, os estudos em "vida real" estão sendo acompanhados e, por isso, ainda não é possível saber por quanto tempo a vacina da dengue protege as pessoas — se será necessária uma dose de reforço ou se o imunizante vale por 10, 15 anos, etc.

Vacina pode causar dor no local da aplicação. É possível ter febre, dor de cabeça, além de coceira e edema (inchaço) na região. Efeitos do imunizante costumam aparecer na segunda semana após a aplicação. "As reações alérgicas que vimos causaram inchaço, principalmente nos olhos, e urticária. Mas todos os pacientes foram tratados e estão bem, sem óbitos registrados", explica a médica.

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Imagem: Danilo Martins Yoshioka/Anadolu/Getty Images

Como a vacina é feita

Imunizante da Qdenga usa o vírus da dengue atenuado (enfraquecido). Essa condição pode melhorar a resposta do sistema imunológico, funcionando de forma semelhante à defesa do corpo humano nos casos de infecção pela dengue

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Por isso, a vacina tem algumas restrições. Para as pessoas imunossuprimidas, que possuem um sistema imunológico que não funciona da maneira esperada, há risco de desenvolver a própria doença, ou seja, a dengue.

Grávidas e lactantes também estão no grupo contraindicado. Vacinas atenuadas, como a da dengue, não costumam ser indicadas nesta situação. Entram na lista os imunizantes contra febre amarela, varicela e a tríplice viral (rubéola, sarampo e caxumba). Em alguns casos, pode ocorrer a recomendação, mas tudo deve ser feito com orientação e acompanhamento médico.

A vacina da degue não é a única ferramenta contra a doença. Nesses primeiros meses do ano, é importante reforçar os cuidados em casa, até em que já se vacinou: olhar os vasos e possíveis criadores em casa e nas redondezas. É usar repelente corretamente e evitar locais com alta incidência da doença.
Mônica Levi, presidente da Sbim

23 comentários

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Marcos Mil Homens

Governo de apaniguados incompetentes que não disponibiliza vacina, desde o ano passado tenho procurado nos postos de Saúde e nunca tem. Meus filhos ainda não tomaram. Imaginem se fosse o governo petista na época do covid, teria morrido o triplo de pessoas. E ainda falam mal do governo anterior.....

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Paulo Eduardo Vieira Rosato

Cadê a turma do consórcio da imprensa ? Cadê a vacina da dengue ?

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Maria Aparecida da Silveira Falkenbach

Ok! E os idosos? Ficam fora da vacina por quê? Parece-me que são um grupo de risco para a dengue! 

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