Mofo em garrafa de água pode matar? Veja riscos e como evitar problemas

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O uso corriqueiro de garrafas de água reutilizáveis é bem-vindo para manter a hidratação em dia, mas limpá-las de forma incorreta pode levar a problemas de saúde.
Há um ano, uma jovem de 19 anos dos EUA contou que foi diagnosticada com bronquite justamente no mesmo período em que descobriu bolor na tampa de sua garrafinha. A história voltou à tona recentemente e, embora não seja possível confirmar se a doença foi mesmo causada pelo mofo, uma coisa é certa: garrafa suja pode ter bactérias e fungos que, em contato com o organismo, podem causar mal-estar.
O que acontece se não limpar
Sem limpeza, fungos e bactérias podem aparecer. A tendência é que eles contaminem as curvas e cavidades das garrafas. Além disso, a saliva acumulada e até mesmo o sol incentivam o crescimento de algas.
Mais de um milhão de bactérias já foram encontradas. Em uma pesquisa de 2019, foram analisados diferentes tipos de garrafas de empresas da cidade de Campinas, interior de São Paulo. Em apenas uma das garrafas, foram encontrados 17,5 mil bactérias e 1.980 fungos na parte interna, além de 1.152.000 bactérias e 8.310 fungos no bocal. A análise foi conduzida pela microbiologista Rosana Siqueira, da Faculdade de Biomedicina da UniMetrocamp.
Diferentes bactérias podem aparecer nas garrafas. Algumas delas vivem em nosso organismo sem causar danos, como algumas do gênero Streptococcus, mas outras podem causar infecções variadas, como intestinais, urinárias e no trato respiratório. Outras bactérias encontradas são as que vivem em nossa pele, que contaminam o objeto durante o manuseio. Há outras que vivem normalmente na água e não foram filtradas.
Quais são os riscos?
O risco de infecções graves e doenças sérias que podem levar à morte é baixo para a maioria das pessoas saudáveis. "O principal risco é gastrointestinal, caso a pessoa ingira água contaminada com bactérias como Escherichia coli ou Salmonella, o que pode causar desconforto abdominal, diarreia ou vômito", diz Matias Chiarastelli Salomão, infectologista do Fleury Medicina e Saúde.
É ainda menos provável a relação entre bactérias e infecções como bronquite ou pneumonia. Para que isso ocorresse, a pessoa teria de ter aspirado a água contaminada diretamente para os pulmões, algo que raramente acontece em situações cotidianas.
Com mofo, os riscos são outros. Pode haver intoxicação alimentar e infecções em pessoas imunodeprimidas, ou seja, que têm o sistema imunológico enfraquecido. "O melhor nesse cenário é não consumir a água da garrafa e esterilizá-la com água fervente. Caso isso não seja possível, é melhor descartar a garrafa", orienta o médico.
Garrafas estragadas têm risco maior. "Superfícies arranhadas ou amassadas favorecem o aumento de bactérias por criar uma área onde elas podem grudar e resistir à limpeza. Portanto, devemos evitar o uso de garrafas danificadas", diz Salomão.
Esqueça a água guardada por muito tempo. O líquido mantido em recipientes já abertos, levados à boca e esquecidos por mais de três horas dentro de carro ou mesa do trabalho não é seguro. Há risco de contaminação por bactérias e crescimento de algas e fungos quando exposta a calor e luz solar.
De plástico, vidro ou metal: qual é melhor?
Garrafas de vidro ou metal são mais tolerantes ao processo de limpeza do que as de plástico. Utensílios do tipo squeeze também são mais indicados, pois geralmente têm menos bactérias no bocal do que garrafas com canudo dobrável ou de tampa de rosca.
Evite reutilizar garrafinhas descartáveis de água mineral. Uma vez que elas foram fabricadas para serem descartáveis, não há garantias de como elas se comportarão ao longo do tempo e especialmente em relação ao uso para beber outros líquidos além de água. Mas se essa for a única opção para o momento, a recomendação é que você não utilize essas garrafinhas por mais de três dias e tente ao menos lavá-las com água e sabão no período.
Como manter a garrafa limpa
Lave com água e sabão. Além disso, uma opção é deixá-la de molho em uma solução com hipoclorito, na proporção de uma colher de sopa para um litro de água. Isso vai garantir que a sua garrafinha esteja sempre o mais limpa possível.
Se preciso, troque de garrafa. Se ela estiver com rachaduras ou sinais de desgaste, o ideal é trocar por uma nova.
Evite colocar garrafas plásticas com líquidos em fornos de micro-ondas. Esses recipientes podem desprender substâncias tóxicas nessas situações, então só faça isso se houver indicações claras de que o recipiente pode ir ao micro-ondas.
Lave bem as mãos. A higiene é sempre recomendável antes de pegar qualquer recipiente que seja levado à boca, para que as bactérias da pele não contaminem a garrafa.
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