Paciente sobrevive mais de 100 dias pela 1ª vez com coração de titânio
Colaboração para VivaBem
15/03/2025 05h30
Um australiano na casa dos 40 anos, não identificado, se tornou a primeira pessoa no mundo a sobreviver com um coração artificial feito de titânio por mais de 100 dias. A conquista inédita foi anunciada pela equipe médica do Hospital São Vicente, em Sydney.
O que aconteceu
Este foi o primeiro transplante de um coração totalmente artificial realizado na Austrália. Homem tinha falência cardíaca severa e recebeu o equipamento em uma cirurgia de seis horas em novembro.
Ele foi monitorado em ambiente hospitalar até fevereiro. Foi então que recebeu alta e o título, oficial, de primeiro paciente a deixar um hospital com o coração de titânio. Segundo a equipe médica, o paciente levava uma vida relativamente normal com o equipamento, mas vivia em uma residência próxima ao São Vicente, para o caso de emergência.
No início de março, o homem voltou ao hospital e teve o coração de titânio retirado. Nesta cirurgia, ele recebeu finalmente o transplante do órgão humano e agora se recupera com sucesso.
Para que serve o coração de titânio?
Equipamento é um recurso temporário para pessoas com falência cardíaca. Ele supre as necessidades circulatórias de quem aguarda por um doador humano na fila de transplantes. Outros cinco pacientes já receberam o coração de titânio em hospitais dos EUA, mas permaneceram com ele por menos de um mês, de acordo com a revista Nature.
Recorde não só atesta eficiência do aparelho, mas pode ajudar a conhecer melhor seu funcionamento. O homem passou mais de três meses com o coração de titânio antes de receber um humano. O fato de o paciente ter sido monitorado por um período bem mais longo proporcionará aos médicos a chance de estudar melhor como o corpo pode se adaptar ao equipamento.
Parte da comunidade internacional de cardiologistas espera que o coração de titânio possa se tornar um recurso permanente. Ele substituiria o humano em transplantes para pacientes que não são elegíveis devido à idade ou outras condições de saúde, relatou a Nature. No entanto, até o momento não há estudos suficientes para isso.
Como o coração de titânio funciona?
Chamado de BiVACOR, é uma bomba contínua em que um rotor magneticamente suspenso movimenta o sangue em pulsos regulares para o corpo todo. Um cordão sob a pele conecta o equipamento a um controle portátil externo, que funciona com baterias durante o dia, mas pode ser ligado a uma fonte de energia à noite.
Ao contrário de outras tecnologias, tem apenas um compartimento e nenhuma válvula. Além de substituir os dois ventrículos do coração humano, ele minimiza desgastes e a chance de falhas mecânicas justamente por sua simplicidade técnica.
Versão recebida pelo australiano é "upgrade". Os primeiros cinco pacientes americanos receberam em 2024 a primeira versão do BiVACOR, inventada pelo engenheiro biomédico Daniel Timms, que fundou a companhia de mesmo nome e tem escritórios nos EUA e na Austrália. Este primeiro coração de titânio não oferecia suporte para a vida do paciente fora do hospital. Já o recordista ganhou uma atualização, que permitiu sua alta.
Na próxima década, veremos o coração artificial se tornar a alternativa para pacientes que não podem esperar por um coração de doador ou quando um coração de doador simplesmente não está disponível. Chris Hayward, cuja equipe realizou os transplantes na Austrália, à rede americana CNN
Os novos resultados e melhorias do coração de titânios serão apresentados em uma conferência em abril. Timms espera, em breve, poder expandir os estudos e o uso do pequeno equipamento de 650 gramas, que cabe até no peito de uma criança de 12 anos.
Só precisamos fabricar mais dispositivos, essa é a única limitação no momento. Estamos aumentando a produção para que eles fiquem na prateleira, prontos e esperando. Daniel Timms, engenheiro biomédico, à rede australiana ABC