Ossos e visão podem ser afetados: o que acontece com o corpo no espaço?
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Os astronautas da Nasa Sunita Williams, 59, e Barry Eugene Wilmore, 62, estão voltando para a Terra hoje depois de nove meses em órbita. Eles viajaram para a Estação Espacial Internacional (ISS na sigla em inglês) em junho do ano passado para uma missão de oito dias, mas problemas técnicos com a nave espacial adiaram o retorno da dupla. Veja aqui a cronologia.
O que acontece com o corpo no espaço?
O organismo passa por várias mudanças, mas volta ao normal meses após retornar à Terra. Elas são causadas pela enorme carga de estresse sobre o corpo, desde a exposição à radiação até o efeito desorientador da gravidade próxima a zero. Estudos já mostraram que voos espaciais podem causar problemas cardíacos, renais, de visão e perda óssea.
O efeito da radiação espacial é o mais significativo. No ano passado, a revista Nature publicou mais de 40 estudos descritos como "o maior compêndio de dados para medicina aeroespacial e biologia espacial". Um deles comparou o astronauta americano Scott Kelly, que passou um ano na ISS, e seu gêmeo idêntico e astronauta Mark, que ficou na Terra. Um dos principais riscos de um período prolongado no espaço é a radiação.
"A exposição à radiação é realmente muito prejudicial ao nosso DNA", disse Susan Bailey, bióloga de radiação da Universidade Estadual do Colorado e líder da pesquisa. Essa exposição aumenta o risco de câncer para os astronautas e o estresse oxidativo no corpo.
Os seres humanos não evoluíram para viver no espaço, em gravidade próxima a zero. Assim, aqueles que viajam para lá precisam de treinamento altamente especializado e monitoramento cuidadoso da saúde antes, durante e depois da viagem espacial. Poupar os astronautas dos efeitos tardios da radiação faz parte dos estudos nessa área. "Temos de criar contramedidas, alguma forma de proteger os astronautas não apenas durante o voo espacial, mas também se eles forem acampar na Lua ou até mesmo em Marte", disse Bailey.

Ossos, rins e visão prejudicados
Outro problema no espaço para o ser humano é a microgravidade. Ela pode causar desmineralização óssea, fazendo os astronautas perderem cerca de 1% a 1,5% de densidade óssea para cada mês passado no espaço. Também, pode levar ao aumento de cálcio no sistema excretor e, consequentemente, formar cálculos renais.
Músculos também sentem os efeitos da baixa gravidade. No espaço, eles não precisam fazer tanto esforço para manter a postura nas costas, pescoço, panturrilhas e quadríceps, então começam a atrofiar. Após duas semanas, a massa muscular pode cair até 20%, chegando a 30% em missões de três a seis meses.
A visão também fica comprometida no ambiente espacial. Os fluidos do corpo se deslocam para a cabeça e exercem pressão sobre os olhos, que, se prolongada, pode levar à síndrome neuro-ocular associada ao voo espacial, que pode alterar a capacidade de foco, às vezes de forma permanente. Ao retornarem à Terra, Williams e Wilmore serão submetidos a um monitoramento regular da saúde.
Como os riscos são minimizados
Na estação espacial, necessidades mais imediatas e básica são bem atendidas pela ISS. Missões de reabastecimento de alimentos, água, oxigênio e filtragem de carbono são enviadas regularmente à estação, que também conta com seis dormitórios, dois banheiros e um ginásio.
Para evitar a atrofia muscular, os astronautas treinam diariamente. Isso inclui uma série de agachamentos, levantamentos, remadas e outros exercícios usando um aparelho instalado na "academia" da ISS. Eles também fazem exercícios em uma esteira e em uma bicicleta ergométrica, além de tomarem suplementos para ajudar a manter os ossos o mais saudáveis possível.
A saúde mental também recebe cuidado. O atendimento psicológico é auxiliado pela integração dos astronautas no trabalho contínuo da estação. Wilmore e Williams se envolveram em trabalhos científicos e de apoio com os outros sete astronautas na ISS. "Em termos de saúde, prevejo que será muito semelhante ao que vimos com alguns de nossos astronautas de seis meses e com os que de fato estão lá há um ano ou até um pouco mais", disse Bailey.
*Com informações de AFP e DW
1 comentário
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Darcio de Souza
Não existe gravidade zero, não existe gravidade baixa. A gravidade continua a mesma, o que ocorre é que como eles estão em órbita eles estão em queda livre permanente (só não colidem com a terra porque ela é redonda!) e por isso flutuam. isso tem o mesmo efeito de brinquedos em parques de diversões que simulam a queda livre em um elevaror, e se a pessoa não estiver presa ao cinto ela vai flutuar e bater a cabeça no teto da cabine.