Vai uma gelada? Como escolher uma cerveja que seja melhor para a saúde
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A ideia de uma "cerveja saudável" chegou às mesas de bar. A bebida, uma das favoritas dos brasileiros, está mais diversa, com versões sem álcool, low carb, sem glúten e até orgânicas —feitas sem aditivos químicos.
O Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool) recomenda um limite diário de duas latas (350 ml cada), o que equivale a 28 g de etanol puro, para homens e uma para mulheres, pois o organismo feminino metaboliza o álcool mais lentamente. Já a OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2010, estabeleceu como excessivo o consumo de mais de 20 g de álcool por dia ou a ingestão da substância mais de cinco vezes na semana. Mas a entidade reforça que nenhum nível de consumo de álcool é seguro para a saúde.
Especialistas apontam que as melhores opções alcoólicas de cerveja são as mais naturais, como as artesanais e orgânicas, por terem menos aditivos. No entanto, estudos sobre os efeitos da bebida são conflitantes.
Cerveja tem lá seus pontos positivos
Ao contrário do que muitos pensam, a cerveja mais natural contém diversos nutrientes. Composta por cerca de 90% de água, ela também tem antioxidantes provenientes do lúpulo e do malte, que auxiliam no funcionamento do organismo. "Ela dispõe de um aporte proteico e calórico, além de sais minerais e algumas vitaminas do complexo B, principalmente", explica o engenheiro de alimentos Flávio Luís Schimdt.
A nutricionista Juliana Kato destaca que o lúpulo, responsável pelo sabor amargo e aroma da bebida, contém compostos fenólicos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. "Além disso, a levedura da cerveja é rica em micronutrientes e considerada um probiótico, por conter o fungo Saccharomyces cerevisiae."
Entre os nutrientes presentes, estão a niacina (B3), que contribui para a redução do colesterol, e o folato (B9), essencial para a formação do DNA. Já os minerais incluem magnésio, que atua no funcionamento celular, fósforo, envolvido na reparação de tecidos, e selênio, um antioxidante que combate os radicais livres.
No entanto, os possíveis benefícios só ocorrem com consumo moderado e para quem não tem intolerância aos ingredientes ou aos produtos da fermentação.
Com ou sem glúten?
A cerveja tradicional contém glúten, pois é feita com cereais como cevada, trigo e centeio. Por isso, não é indicada para pessoas com doença celíaca, alergia ou intolerância ao glúten. Para atender esse público, existem versões sem glúten, produzidas com cereais alternativos, como arroz, ou com enzimas que degradam a proteína.
No entanto, a ausência de glúten não torna a bebida mais saudável. O valor calórico é semelhante ao da tradicional, e não há redução significativa no teor alcoólico ou na quantidade de carboidratos.
Independentemente da escolha, é preciso ter controle. As versões consideradas mais saudáveis dão uma impressão equivocada de que podem ser consumidas livremente.
Pilsen ou puro malte?

Quanto às diferenças entre a cerveja Pilsen tradicional e a puro malte, estão nos ingredientes e no processo de fabricação. A Pilsen comum pode conter cereais não maltados, como milho e arroz, enquanto a puro malte é feita exclusivamente com malte de cevada.
Em termos de saúde, a puro malte costuma ter menos aditivos e maior concentração de nutrientes, como vitaminas do complexo B e antioxidantes naturais do malte e do lúpulo. No entanto, ambas possuem teor alcoólico semelhante e calorias próximas, então o impacto na saúde depende mais da moderação no consumo do que da escolha entre os dois tipos.
Cerveja não é água, então cuidado
A cerveja é uma bebida calórica, com cerca de 150 kcal por lata (350 ml). As versões light possuem menos calorias, mas a diferença não é tão grande. Para ser classificada como light, a cerveja deve ter até 35 kcal por 100 ml. Isso significa que uma lata teria 122,5 kcal, uma redução pequena em relação à tradicional. Além disso, mesmo com menos calorias e carboidratos, essas versões ainda contêm álcool.
Para quem busca uma escolha mais consciente, é essencial conferir a tabela nutricional e a lista de ingredientes. No mercado, há opções com baixo teor alcoólico (0,5% a 2%) e as chamadas zero álcool, que possuem no máximo 0,05% de álcool. Como o álcool tem 7 kcal por grama, essas versões costumam ter até 50% menos calorias, tornando-se alternativas para quem deseja emagrecer ou manter o peso.
No entanto, mesmo com pouco ou nenhum álcool, essas cervejas não são indicadas para gestantes. "Há um consenso científico sobre a proibição do consumo de álcool na gravidez, mas ainda não há concordância sobre a liberação da cerveja sem álcool", alerta o médico nutrólogo Paulo F. Henkin.
O consumo de álcool está associado a mais de 200 doenças e lesões, segundo a OMS. Entre os principais riscos estão doenças graves como cirrose hepática, certos tipos de câncer e problemas cardiovasculares, além de acidentes, violência e dependência química. Para quem desenvolve o vício, os impactos vão além da saúde, afetando relações familiares e profissionais, além de causar prejuízos financeiros e emocionais.
*Com informações de reportagem publicada em 13/05/2022