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Um dos peixes mais venenosos do mundo é consumido no Brasil e exige cuidado

O sashimi feito com carne de baiacu, além de perigoso, é caro: no Japão pode custar de R$ 400 a R$ 700 - Reprodução/Wikimedia Commons/Raita Futo O sashimi feito com carne de baiacu, além de perigoso, é caro: no Japão pode custar de R$ 400 a R$ 700 - Reprodução/Wikimedia Commons/Raita Futo
O sashimi feito com carne de baiacu, além de perigoso, é caro: no Japão pode custar de R$ 400 a R$ 700 Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons/Raita Futo

Colaboração para VivaBem*

25/03/2025 14h57

O baiacu (Tetraodontidae) é um dos peixes mais venenosos do planeta. Ele contém tetrodotoxina, uma toxina altamente letal que está presente nos seus órgãos internos. Se ingerido, pode causar paralisia muscular e morte por asfixia. Mesmo assim, é consumido em alguns países, como Japão e Brasil.

Por aqui, os tipos de baiacu mais comuns são o arara e o pintado. O arara possui menor toxicidade e pode ser vendido em mercados de peixe. Em contraste, o pintado contém níveis extremamente altos de tetrodotoxina e está associado à maioria dos casos de envenenamento no país.

Quantidade mínima pode ser letal

baiacu - Canindé Soares/UOL
Pescador devolve ao mar peixe baiacu filhote capturado pela rede, na praia de Tourinhos, em São Miguel do Gostoso (RN) Imagem: Canindé Soares/UOL

A tetrodotoxina não é produzida diretamente pelo peixe, mas por bactérias presentes em seus órgãos internos, como fígado, ovários e intestinos. Mesmo em quantidades mínimas, pode ser fatal. Bastam dois gramas da substância para matar uma pessoa.

No organismo humano, a tetrodotoxina causa sintomas que surgem rapidamente, geralmente entre 10 minutos e algumas horas após a ingestão:

Os primeiros sinais incluem dormência nos lábios e na língua;

Em seguida, tontura, fraqueza muscular e dificuldade para falar;

Em casos mais graves, a toxina provoca arritmia cardíaca e paralisia progressiva, afetando os músculos respiratórios e podendo levar à morte por insuficiência respiratória.

Como não há antídoto específico, o tratamento é baseado no suporte médico intensivo. O atendimento a uma vítima de envenenamento envolve administração de oxigênio, ventilação mecânica em casos de insuficiência respiratória e medidas para eliminar a toxina do organismo, como lavagem gástrica. A recuperação depende da rapidez com que a pessoa recebe assistência médica e do nível de exposição ao veneno.

Se deseja consumir, atenção

Em regiões onde o baiacu é tradicionalmente consumido, como Japão, Brasil e Tailândia, surtos ocasionais de envenenamento são registrados. Os acidentes são comuns principalmente entre pescadores e apreciadores de sashimi (peixe cru).

Por isso, no Japão, por exemplo, o fugu, um tipo de baiacu, só pode ser preparado por chefs altamente treinados e licenciados para remover as partes tóxicas com segurança. No Brasil, intoxicações geralmente acorrem por falta de conhecimento sobre os riscos do peixe.

Portanto, especialistas daqui recomendam evitar o consumo de baiacu devido à dificuldade em garantir que sua limpeza tenha sido feita de maneira adequada. Apesar de ser possível comer baiacu quando bem preparado, os riscos são altos, especialmente se o processo não for feito corretamente.

A vesícula biliar (ou fel) do baiacu contém uma quantidade muito alta de tetrodotoxina, e se ela se romper durante o preparo, a toxina pode contaminar toda a carne do peixe. Portanto, é fundamental que o fel seja retirado cuidadosamente.

Além disso, a substância é muito resistente e não se degrada facilmente com o aquecimento ou congelamento da carne do baiacu. Isso significa que, mesmo que o peixe seja cozido a altas temperaturas ou congelado, a toxina pode permanecer ativa, representando um risco significativo de envenenamento.

*Com informações de reportagem publicada em 31/01/2024


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