Criada por brasileiros, calculadora online mede níveis de depressão


De VivaBem, em São Paulo
26/03/2025 05h30Atualizada em 26/03/2025 10h26
Pesquisadores desenvolveram uma calculadora online, com acesso gratuito, para medir os níveis de depressão. A ferramenta se baseia em estudos e questionários validados para rastrear sintomas, mas não serve para diagnóstico.
Como funciona?
O cálculo é feito a partir das respostas a nove questões. As perguntas são do questionário PHQ-9 (sigla em inglês para Questionário de Saúde do Paciente-9), que avalia a presença dos sintomas depressivos descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais.
Quem responde deve considerar os sentimentos das duas últimas semanas. O teste investiga humor deprimido, grau de interesse ou prazer em fazer as coisas, problemas com o sono e de concentração, cansaço e mudança no apetite, por exemplo.
Resultado é comparado ao da população brasileira. Outro material utilizado para a calculadora foi um estudo que determinou normas para o PHQ-9 no Brasil, com base na PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) de 2019. Mais de 90 mil brasileiros responderam às mesmas perguntas da ferramenta internacional.
Pontuação padronizada indica o nível dos sintomas. Os resultados variam entre 0 e 100. De 0 a 50, representa nenhum sintoma; de 50 a 60, poucos sintomas; entre 60 e 70, indica sintomas moderados; acima de 70, os sintomas são graves e merecem atenção clínica para depressão.
Resultado da calculadora não é diagnóstico de depressão. A própria página do teste alerta que a pontuação deve ser interpretada dentro de um contexto, junto com outras informações, por profissional de saúde mental.
Estudo brasileiro levou à criação do recurso. Ele foi desenvolvido por profissionais ligados ao CISM (Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental), à UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e à UFSM (Universidade Federal de Santa Maria).
Recurso acessível
A ferramenta é gratuita. A calculadora pode ser acessada neste link (que pode levar um tempo para abrir), onde o resultado do teste pode ser enviado ao profissional de saúde ou baixado. Após o cálculo, as informações pessoais são apagadas automaticamente.
Equipes de saúde e o público em geral podem usar o recurso. "O acesso ao aplicativo e ao código-fonte está disponível publicamente, o que permite que outras instituições adaptem a ferramenta para diferentes contextos", diz o psiquiatra Mauricio Scopel Hoffmann, pesquisador do CISM e chefe do Departamento de Neuropsiquiatria da UFSM.
Pesquisadores querem aprimoramento para o futuro. Novos estudos podem melhorar a capacidade da ferramenta para prever desfechos importantes, como risco de suicídio ou necessidade de intervenção médica. "Essa inovação marca um passo importante na busca por métodos mais eficazes de monitoramento da saúde mental no país", aponta Hoffmann, um dos responsáveis pelo estudo da calculadora. Além dele, participaram da criação o médico e pesquisador João Villanova do Amaral e os membros do CISM André Rafael Simioni, Rodolfo Furlan Damiano e Igor Duarte.