Parkinson nem sempre gera tremor, e sinais surgem anos antes do diagnóstico
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O Parkinson é a segunda doença crônica neurodegenerativa mais comum do mundo, atrás somente do Alzheimer, e afeta principalmente pessoas com mais de 60 anos.
Segundo o Ministério da Saúde, a condição acomete cerca de 200 mil brasileiros. Com o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população, o número de pessoas com a doença deve dobrar até 2040.
Para alertar e orientar a população sobre o problema, 11 de abril é o Dia Mundial da Conscientização do Parkinson. Entenda a seguir as causas e sintomas iniciais da doença, que muitas vezes surgem de 5 a 11 anos antes da condição se manifestar de fato.
Como surge?
O Parkinson ocorre devido à morte acelerada de neurônios específicos que produzem dopamina, neurotransmissor relacionado com a coordenação de movimentos. A redução da substância no cérebro deixa os movimentos mais lentos, além de gerar rigidez e tremores.
Até o momento, não se sabe a razão exata para isso acontecer, mas fatores genéticos e ambientais e o envelhecimento do cérebro podem estar envolvidos. Exposição a toxinas e traumas na cabeça também podem aumentar o risco da doença, segundo a médica Tamires Rocha, da equipe de neurologia do Hospital Sírio Libanês.
Como reconhecer os sinais da doença

Apesar de o tremor ser popularmente associado ao Parkinson, algumas pessoas nunca apresentam esse sintoma, mesmo com a evolução da doença. A explicação é de Eduardo Melo, neurologista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), unidade vinculada à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), em reportagem de VivaBem.
Dos quatro principais sintomas motores que caracterizam a doença, apenas um deles é "obrigatório": a lentidão dos movimentos (chamada de bradicinesia). Os outros três sinais comuns são o tremor no repouso, a rigidez e a instabilidade postural.
Samira Apóstolos, neurologista do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e coordenadora da equipe de neurologia da clínica EVCITI, alerta que os primeiros sintomas de Parkinson geralmente surgem de 5 a 11 anos antes de a condição se manifestar de fato e ser diagnosticada.
Por isso, especialmente após os 60 anos, é preciso ficar atento a alterações na escrita, ao virar na cama, na marcha, na salivação, na fala e na expressão facial, que podem ser sinais da doença se manifestando lentamente.
Também é importante observar sintomas não motores como insônia e distúrbios do sono, diminuição do olfato, alterações do humor, depressão e ansiedade, dor, fadiga, constipação e disfunção da bexiga.
Como é o tratamento
A evolução do Parkinson geralmente é lenta e o tratamento tem como principal objetivo prolongar a qualidade de vida do paciente, com estratégias terapêuticas interdisciplinares que incluem atividade física, uso de medicamentos, fisioterapia e até cirurgia —tudo para reduzir sintomas e efeitos colaterais da doença e das medicações.
"Parkinson não tem cura, mas existe um espectro amplo da doença e as terapias evoluíram significativamente nos últimos 30 anos", afirma Lucas Silva, diretor de neuromodulação da Boston Scientific.
O médico especialista é quem vai determinar a melhor terapia para você. Geralmente, o tratamento é feito com remédios que repõem a dopamina no cérebro. Para alguns pacientes, pode ser recomendada também a cirurgia de implante de eletrodos cerebrais.
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