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'Há sinais de que a vacina não será eficaz para todos', diz diretor da OMS

Pesquisador injeta candidata a vacina para Covid-19 em voluntário no início de ensaio clínico na Alemanha - Kai Pfaffenbach
Pesquisador injeta candidata a vacina para Covid-19 em voluntário no início de ensaio clínico na Alemanha Imagem: Kai Pfaffenbach

14/09/2020 09h33

As candidatas a vacinas para a covid-19 mostram sinais de que não serão eficazes para toda a população, segundo Hans Kluge, diretor para a Europa da OMS (Organização Mundial da Saúde). Em uma entrevista concedida hoje ele declarou que nesses dois meses haverá uma mortalidade mais elevada no continente europeu.

"Ouço o tempo todo que 'a vacina será o fim da epidemia'. Com certeza não", afirmou Kluge. "Não sabemos se a imunização vai ser eficaz para todos os setores da população. Recebemos sinais de que será eficaz para algumas pessoas, mas não para todas", acrescentou. "E se precisarmos encomendar vacinas diferentes, será um pesadelo logístico", explicou.

Para ele, a Europa deve ver um aumento nas mortes nos meses de outubro e novembro.

A Europa registra uma aceleração nas contaminações, mas o número de mortos permanece estável. "Estamos em um momento em que os países não têm vontade de ouvir este tipo de notícia ruim e eu entendo", disse Kluge, que ao mesmo tempo insistiu na "mensagem positiva" de que a pandemia "vai acabar em um momento ou outro".

A OMS Europa se reúne hoje e amanhã com os 55 Estados membros para discutir a resposta comum à pandemia e elaborar uma estratégia quinquenal. Kluge também alertou para um excesso de expectativa em relação à vacina.

Aprender a viver com a epidemia

"O fim desta pandemia será o momento em que, como comunidade, conseguirmos aprender a viver com ela. Isso depende de nós e é uma mensagem muito positiva", disse o representante da organização. O número de casos diários aumenta rapidamente há algumas semanas na Europa, particularmente na Espanha e França.

Na sexta-feira (11), os 55 países da que integram a OMS no continente registraram, juntos, 51.000 novos casos, um número superior ao do pico do mês de abril, segundo os dados da organização. Ao mesmo tempo, o número diário de mortes provocadas pela pandemia permanece entre 400 e 500, como no início de junho.

Risco de politização da crise

Kluge defendeu a gestão que, algumas vezes, pareceu contraditória das autoridades, nos últimos meses, e fez uma advertência contra a politização da crise de saúde, que provoca muitas dúvidas entre as pessoas. "É importante basear a resposta à Covid-19 em dados epidemiológicos e de saúde pública", insistiu. "A OMS foi criticada em várias ocasiões, mas fazer a comunicação sobre algo que não se conhece perfeitamente é muito, muito difícil", disse. "Para alguns, você faz muito pouco, para outros você vai longe demais", explicou.

As pesquisas avançam, os conhecimentos continuam sendo imperfeitos e, pela primeira vez, as decisões devem ser tomadas com base em provas incompletas, resumiu Kluge. "Em alguns países, nós vemos que a política se impõe aos cientistas. E também em um certo número de países, nós observamos que as pessoas duvidam da ciência. É muito perigoso", advertiu.

*Com informações da AFP Brasil