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Covid: estudo revela porque cepas resistentes à vacina continuarão a surgir

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Imagem: iStock

30/07/2021 17h23

Uma nova pesquisa mostra que relaxar as restrições, como uso de máscara e distanciamento social, quando a maioria das pessoas foi vacinada, aumenta o risco de surgimento de variantes resistentes à vacina contra o coronavírus.

Em um momento em que quase 60% dos europeus receberam pelo menos uma dose de imunizante contra a covid-19, os autores afirmam que seu estudo de modelagem afirma a necessidade de se manter as medidas de proteção sanitária até que todos estejam totalmente vacinados.

Para prever como o vírus SARS-CoV-2 pode sofrer mutações em resposta às campanhas de vacinação, uma equipe europeia de especialistas simulou a probabilidade de uma cepa resistente à vacina emergir em uma população de 10 milhões de pessoas ao longo de três anos.

As variáveis incluíram vacinação, mutação e taxas de transmissão - incluindo "ondas" recorrentes de infecções e declínios no número de casos em resposta às medidas de enfrentamento à covid-19. Previsivelmente, o modelo mostrou que uma taxa rápida de vacinação reduziu o risco de surgimento de uma cepa resistente.

Mas no que os pesquisadores chamaram de "resultado contra intuitivo", o modelo revela que o maior risco de surgimento de cepas resistentes acontece quando uma grande proporção da população foi vacinada, mas não grande o suficiente para garantir a imunidade do rebanho. É basicamente como se encontra grande parte da Europa, onde a variante Delta está se espalhando rapidamente.

Os autores explicam que o modelo acusou um limite de 60% da população vacinada, após o qual as variantes resistentes eram mais prováveis de ocorrer. A situação nos Estados Unidos - onde 60% dos adultos estão totalmente vacinados e 80% dos novos casos são causados pela variante Delta - é semelhante ao simulado no estudo.

"As vacinas são a nossa melhor aposta para vencer esta pandemia", declara o coautor Simon Rella, do Instituto de Ciência e Tecnologia da Áustria (IST). "O que nosso modelo mostrou é que quando a maioria das pessoas é vacinada, a cepa resistente à vacina tem uma vantagem sobre a cepa original."

Evolução constante

"Isso significa que a cepa resistente à vacina se espalha pela população mais rápido do que a cepa original em um momento em que a maioria das pessoas está vacinada", disse Rella a jornalistas em uma entrevista online.

Os vírus sofrem mutação constante em resposta a restrições ambientais, como imunidade crescente e medidas projetadas para limitar a transmissão. Com o SARS-CoV-2, a variante Delta é significativamente mais infecciosa do que a variante do vírus original, mas atualmente há pouca evidência para sugerir que seja mais mortal.

Os autores insistem que sua pesquisa destacou a necessidade de se manter outras medidas anti-covid até que todos sejam vacinados. "É claro que esperamos que a resistência à vacina não evolua ao longo desta pandemia, mas pedimos cautela", enfatizou Fyodor Kondrashov, pesquisador do IST e também coautor do estudo.

"A evolução é uma força muito poderosa, e manter algumas precauções razoáveis durante todo o período de vacinação pode ser uma boa ferramenta para controlar essa evolução", ele acrescenta.

Atualmente, pouco mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo estão totalmente vacinadas contra a covid-19, com muitos países - especialmente na África e na América do Sul - ainda sem começarem campanhas generalizadas devido à falta de insumo.

(Com informações da AFP)