Psiquiatra francesa explica como vencer a timidez e viver sem medo
Palpitação, tremedeira, falta de ar e a sensação de ser incapaz de falar em público e expressar e seus pontos de vista, seja no trabalho, na escola ou na família. Existem diferentes formas de timidez e todas elas podem afetar a vida das pessoas de maneira consequente. Em alguns casos, ela é patológica e pode desencadear distúrbios como a síndrome do pânico ou a fobia social.
De onde vem esse medo do outro e a falta de confiança em si mesmo e como lutar contra esse sentimento? A psiquiatra francesa Marie-Claude Gavard , autora do livro "Mais qu'est-ce qui se passe dans ma tête?" (O que está passando pela minha cabeça em tradução livre), conta que, na França, poucas pessoas consultam motivadas pelo excesso de timidez, e quando elas o fazem é porque já desenvolveram outro problema, como a depressão.
"As consultas são, na maior parte do tempo, solicitadas por pessoas que se sentem deprimidas, porque a vida é realmente difícil para uma pessoa muito tímida. O tímido terá a impressão de que muitas coisas que ele deve fazer são um fardo, são difíceis"
A timidez afeta a vida do paciente como um todo e complica suas relações pessoais e profissionais. Ela tem início na infância, diz a especialista, que compara o sentimento "a um véu acinzentado que cobre o paciente durante toda sua vida." A falta de confiança em si mesmo, lembra, está no centro do problema.
"Tudo o que a pessoa deve fazer se torna difícil. Ela imagina, e isso acontece provavelmente desde sua infância, que é incapaz de fazer qualquer coisa e os outros são bem mais capazes do que ela. Eles vão criticá-la, ou desprezá-la."
Freio cotidiano
A psiquiatra francesa lembra que tudo isso acaba se tornando um freio no cotidiano. Ela lembra que, para complicar a situação, os tímidos justificam seu próprio comportamento, que muitas vezes têm origens familiares, com comentários desastrosos feitos pelos pais.
"O raciocínio é esse: não ouso falar em público porque não tenho uma boa imagem de mim mesmo. Estou certo de que não sirvo para nada, sou inferior aos outros. Desde pequeno, meus pais sempre disseram que nunca conseguiria nada e eu acredito nisso"
Como ajudar uma criança a se tornar um adulto seguro de si, ou "bien dans sa peau", como dizem os franceses? O primeiro conselho de Marie Claude Gavard é evitar a competição com os outros. Quando uma criança comete um erro, diz, é preciso dizer que isso é normal e é errando que se aprende.
Crianças absorvem todas as críticas
"A criança absorve todas as críticas como uma forma de desvalorização dela mesma. Se a gente briga com uma criança que comete um erro, ela vai ter medo de avançar e isso pode gerar um bloqueio. Ela pode imaginar que nunca conseguirá vencer esse medo."
Algumas pessoas demonstram timidez apenas em situações específicas, como no ambiente de trabalho, por exemplo. "A maioria das pessoas, e na maioria dos casos, cuida na maior parte do tempo de si mesma e muito pouco dos outros. O problema, em nível profissional, é que, quando a pessoa não ocupa seu espaço, torna-se uma presa fácil para chefes narcisistas e pode ser alvo de assédio.
É preciso entender, diz a psiquiatra, que a timidez e a falta de amor próprio são uma construção irreal, baseada em uma visão que temos do mundo que é falsa. "As outras pessoas têm a vida delas. Nós não interessamos tanto aos outros quanto a gente imagina. Quando entendemos isso, e vivenciamos isso, criamos para nós mesmos um espaço de liberdade"
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