Até o paracetamol: França proíbe antigripais sem receita e faz alerta

As autoridades de saúde da França colocaram oito medicamentos usados para tratamento de resfriados, que contém a substância ativa pseudoefedrina em sua fórmula, na lista de produtos considerados perigosos. Esses remédios passam a ser vendidos somente com receita médica a partir de quarta-feira (11). Medicamentos populares, com Ibuprofeno ou Paracetamol em sua composição, estão na lista.

"Tendo em conta as inúmeras contraindicações, precauções de utilização e efeitos colaterais conhecidos da pseudoefedrina e a natureza benigna do resfriado comum", a Agência Nacional de Segurança de Medicamentos (ANSM) considera que "a possibilidade de obter estes medicamentos sem aconselhamento médico representa um risco muito grande para os pacientes", de acordo com uma decisão divulgada na terça-feira (9).

"Pedimos aos médicos que avaliem cuidadosamente a relação benefício/risco para cada paciente antes de prescreverem um destes medicamentos", acrescentou a ANSM, cuja decisão de proibição já era esperada.

A pseudoefedrina é um descongestionante indicado para o tratamento de gripes, resfriados, sinusite ou rinite alérgica, pois ajuda a aliviar os sintomas de nariz escorrendo ou de obstrução nasal.

Apesar de considerados perigosos há anos, porque podem causar efeitos secundários graves, como acidentes vasculares cerebrais e ataques cardíacos, estes tratamentos eram vendidos sem receita. Com a chegada do inverno no hemisfério norte, as autoridades de saúde francesas decidiram finalmente pôr fim a esta situação.

Em 2023, a ANSM desaconselhou a utilização dos antigripais pela primeira vez. A decisão fez com que, durante algum tempo, as vendas de tratamentos descongestionantes diminuíssem. Mas desde setembro elas voltaram a subir.

De acordo com as autoridades de saúde francesas, o princípio ativo não foi proibido antes porque, pelas regulamentações europeias, a retirada de uma autorização para comercialização está sujeita ao parecer da Agência Europeia de Medicamentos (EMA).

A ANSM estimou no ano passado que os tratamentos antigripais não apresentavam riscos suficientes para serem proibidos, já que os efeitos secundários graves permanecem muito raros. Alguns são relatados a cada ano e, na França, nenhuma morte foi declarada. No entanto, a agência recomendou novas contra-indicações.

A lista dos medicamentos que não podem mais ser vendidos sem receita médica conta com produtos populares na França, como Actifed Rhume, Dolirhume Paracétamol, Humex Rhume, Nurofen Rhume e Ibuprofène/Pseudoéphédrine.

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Lobby farmacêutico contra receita

O lobby dos medicamentos não sujeitos a receita médica, NéreS, pediu na terça-feira (10) às autoridades de saúde francesas que "reconsiderassem" sua decisão.

Em um comunicado de imprensa, a NèreS, que representa 26 laboratórios farmacêuticos especializados em produtos de saúde isentos de prescrição, considera a decisão "uma medida desproporcional" e "sem dados científicos recentes" que sirvam como justificativa.

A federação NérèS defende que "os vasoconstritores à base de pseudoefedrina são utilizados há décadas com uma relação benefício-risco reconhecidamente favorável".

Segundo ela, a medida pode "sobrecarregar desnecessariamente as práticas médicas, agravando assim os atrasos no acesso aos cuidados de pacientes que sofrem de patologias mais graves". A federação também alega que a decisão "contradiz as recentes conclusões de especialistas europeus", que estimaram no ano passado que os tratamentos antigripais em questão não apresentavam riscos suficientes para serem proibidos, ainda que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) tenha imposto novas contraindicações.

(Com AFP)

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