Tacada de ouro

Bianca Rinaldi fala sobre infância de atleta, paixão pelo golfe e como mantém saúde e bem-estar na pandemia

Giulia Granchi Do VivaBem, em São Paulo Mariana Pekin/UOL
Mariana Pekin/UOL

Foi entre brincadeiras nas ruas da Vila Sônia, na zona oeste de São Paulo, que a atriz Bianca Rinaldi, 46, começou a sonhar. O primeiro grande desejo da vida surgiu assim, de um faz de conta compartilhado por tantas meninas do bairro.

Assim que comecei a brincar de boneca, tive a certeza de que queria ser mãe. Naquele momento descobri que queria ter minha família

Essa vontade ficou guardada no coração de Bianca e, anos mais tarde, deu vida às gêmeas Beatriz e Sofia. Mas, antes de ser mãe, a artista que brilhou como Paquita do "Xou da Xuxa" e participou de novelas da TV Globo, SBT e Record sonhou e realizou muitas coisas.

Quando tinha 6 anos, quase que por acaso, cruzou seu caminho o sonho de alcançar pódios e conquistar medalhas de ouro. Nas tardes em que cuidava de Bianca, sua tia Cláudia, na época estudante, a levava para as aulas de educação física —uma forma de entreter e ficar de olho na pequena sobrinha.

A facilidade de Bianca para fazer estrelas, pontes e outros exercícios de ginástica olímpica chamou a atenção da professora. Pouco tempo depois, ela foi aceita nas duas fases de testes seletivos do Clube Paineiras do Morumby e se tornou atleta.

Mariana Pekin/UOL Mariana Pekin/UOL

Rotina de ginasta

Dos 7 aos 12 anos, Bianca treinou pra valer. "Não era um passatempo, mas uma rotina de atleta. Saía da escola para o clube e ficava das duas da tarde até as oito da noite. Lições de casa, refeições... Era tudo feito lá", lembra.

Durante esse tempo, o que mantinha a sua motivação era o objetivo de se tornar uma atleta olímpica. "Aos 11, conheci a Nadia Comaneci (ex-ginasta romena). Imagina? Fiquei do lado dela, quase morri", brinca a atriz, que sentiu ali um gostinho do sonho.

Ela decidiu abandonar o esporte após sofrer uma lesão ao cair da trave. "Deixei a modalidade não pelo acidente, mas pelo tratamento que recebi depois de me recuperar. Na volta aos treinos, estava com medo e o professor me colocou o dia todo para fazer o mesmo exercício. Fiquei com trauma de subir na trave. Gosto de contar sobre isso para ressaltar a importância do respeito, do carinho, de como conduzir uma criança com medo. A gente confia demais no professor", diz.

Foi o fim de uma etapa, mas o amor pela "G.O", a ginástica olímpica, continua até hoje. "Amo assistir às competições, eu me emociono demais. Quis que minhas filhas também fizessem —nunca forcei, mas elas adoram."

Bianca ressalta que o esporte deu uma base de valores que a ajudou como atriz e pessoa.

Ser atleta me ajudou a ter foco e, diante de uma situação difícil, ter controle das minhas emoções. Também me tornou competitiva, mas em relação a mim mesma —busco sempre me superar

Mariana Pekin/UOL Mariana Pekin/UOL

Bem-estar ainda é prioridade

Para (tentar) manter a saúde mental durante a pandemia do coronavírus, Bianca, que como atriz teve projetos interrompidos e alterados, recorre a 20 minutos de meditação transcendental duas vezes por dia (de manhã e no fim da tarde). "Se estou muito atarefada, faço 10 minutos em cada sessão, que é o mínimo." Na técnica, mantras são usados para chegar ao chamado "estado de consciência alerta".

Além disso, ela adaptou os exercícios que fazia na academia para treinos dentro de casa. "Não amo essa nova rotina, mas faço por compromisso. Os exercícios funcionais são muito importantes para manter a saúde do corpo e evitar as dores que sinto no joelho", conta.

Mas para a atriz, a grande bola da vez é outra, completamente diferente —o golfe. Por influência do marido, Eduardo Menga, Bianca começou a jogar há dois anos e não parou mais.

O maior benefício que o golfe traz para mim é a saúde mental. Durante a partida, você precisa esvaziar a mente e se concentrar muito. Além disso, a prática é toda ao ar livre

O esporte ainda permite que toda a família fique junta, já que as filhas do casal também participam dos treinos e jogos. "Vou principalmente por eles, são pelo menos duas horas e meia que nós quatro passamos juntos rindo, brincando e conversando. Para o futuro, quero viajar para podermos jogar golfe em diferentes cidades", planeja.

Mariana Pekin/UOL Mariana Pekin/UOL

Benefícios do golfe

  • Fortalecimento geral

    Músculos do corpo todo são ativados para realizar as tacadas, mas os do core (abdome, lombar e quadril) e pernas são os mais beneficiados. Essas são as partes responsáveis por estabilizar o corpo do atleta, impedindo que ele se desequilibre ou não consiga realizar o movimento corretamente.

  • Convívio social

    As partidas costumam ser longas e as caminhadas até os buracos onde as bolas devem entrar permitem um tempo bom para conversar. O esporte pode ser praticado por atletas de todos os níveis, o que o torna ideal para o tempo em família, como é o caso de Bianca.

  • Estímulo cognitivo

    É preciso muito foco para que a bola de golfe, que viaja a 360 km/h, caia dentro de um pequeno buraco. "São quatro horas em que a atenção é muito exigida. Os alunos costumam melhorar habilidades de concentração", diz Luiz Felipe Miyamura, professor de golfe na MGolf Academy, em Curitiba.

  • Baixo impacto

    Lesões graves são pouco prováveis no golfe. "Em outros esportes individuais, como o tênis, você precisa fazer gestos bruscos e inesperados para conseguir alcançar a bola. Já no golfe, nenhum movimento foge da sua anatomia", diz o professor.

  • Trabalho aeróbico

    Em uma partida de quatro horas, tempo estimado para que os participantes acertem os 18 buracos do campo, os jogadores caminham até 9 quilômetros --nem sempre em linha reta--, o que proporciona um bom gasto calórico e trabalha o sistema cardiorrespiratório.

  • Tempo ao ar livre

    Não à toa campos de golfe aparecem como o cenário de tantas cenas de filmes. Os locais costumam ser lindíssimos e a exposição à natureza, como mostra a ciência, é capaz de diminuir o estresse, a pressão arterial e turbinar a memória.

    Leia mais
Mariana Pekin/UOL Mariana Pekin/UOL

Alimentação saudável

Bianca adora rotina e com a alimentação não é diferente —ela congela pacotinhos com os ingredientes do suco verde que toma todos os dias, planeja as refeições da semana toda e ainda se esforça para colocar alimentos saudáveis nos pratos das filhas.

"É mais difícil agora que elas estão na pré-adolescência, mas vou colocando uma verdura aqui, outra ali. Se não gostam, digo que é só misturar no prato com o que gostam (risos)."

Quando é dia de fugir dos pratos totalmente saudáveis, a atriz adora comer massa. Ela ainda garante que faz um ótimo risoto de camarão ou de queijos, que a família adora. Para uma única sobremesa, escolheria a que não consegue resistir: torta de limão.

Carol Malavolta/Arte UOL Carol Malavolta/Arte UOL

Acompanhando o novo ritmo da vida

Com a interrupção da comédia musical "Silvio Santos Vem Aí", na qual Bianca Rinaldi atuaria como Íris Abravanel, mulher do apresentador, o elenco do espetáculo começou a fazer uma websérie à distância durante a pandemia, que leva o nome de "Home Office".

As cenas são gravadas em casa, separadamente, por cada ator, o que permite que o elenco permaneça seguro.

"Estamos juntos até demais!", brinca. "Não tem coisa que eu amo mais do que estar com a minha família, mas todo mundo precisa do seu espaço", reflete.

No tempo livre, ela brinca com as filhas gravando vídeos para o Tik Tok. "A Sofia sempre foi mais artística. Desenha bem, sempre gostou de pintar... E é autodidata, sabe? Mas a Beatriz é mais interessada na arte de interpretar. Ela quer saber se os vídeos ficaram bons, faz perguntas... É muito legal, mas por enquanto elas não querem seguir carreira", diz.

Enquanto as filhas fazem as aulas online, ela aproveita para malhar, organizar a rotina e tocar outros projetos.

Um deles é o quadro "Você pode escutar?" que traz, no Instagram, bate-papos sobre assuntos como acessibilidade para pessoas com deficiência, inclusão da comunidade LGTBQI+, feminismo, gordofobia e racismo —com convidados especialistas ou com vivência nos temas.

A ideia é aumentar o número de pessoas conhecendo essas pautas importantes. "Vamos falar até assentar nas pessoas, até que realmente escutem", afirma Bianca.

Mariana Pekin/UOL Mariana Pekin/UOL

Leia outras entrevistas especiais

Solange Frazão fala sobre treinos, vaidade e envelhecimento: "Amo ser avó"

Ler mais

Silvia Poppovic conta como perder 48 kg foi importante para ganhar saúde e diz que espera passar dos 90

Ler mais

Burnout é cada vez mais comum; Izabella Camargo conta sua história

Ler mais

Samara Felippo mostra que autoaceitação não é o mesmo que descuido e o importante é fazer mudanças pela saúde

Ler mais
Topo