Ironia do destino, o problema da cabeleireira começou por conta de uma queda de cabelo. "Eu trabalhava em um jornal e tinha muito estresse. Apareceu uma falha bem pequena no meu couro cabeludo. Fui tentar consertar e deu no que deu", lamenta.
Os problemas na vida de Sonayra começaram a aumentar após um tratamento com infiltração de corticoide para corrigir a falha capilar, que aparecia sempre que ela abaixava a cabeça. Primeiro, sua sobrancelha caiu. Depois, foram os cílios e o cabelo. "Foi virando uma bola de neve. Lentamente, senti a testa afundar, fez uma fenda. Aí, percebi a alteração na bochecha e, por último, no olho, que percebia estar cada vez pior quando me maquiava. Levou de seis meses a um ano para ficar assim."
O "assim" foi uma diferença de 4,7 mm³ entre uma órbita e outra de seus olhos que, assim como as alterações em seu rosto, foi provocada pela perda de gordura da face e da cavidade orbitária ("buraco no crânio onde fica o olho"), um efeito colateral raro do uso de corticoide.
Tomografia e ressonância magnética viraram seus procedimentos de rotina para tentar encontrar um diagnóstico. A suspeita era de que Sonayra tinha uma doença autoimune, provavelmente a síndrome de Guillain-barré, que causa atrofia e paralisia. Em Araraquara, cidade do interior de São Paulo onde mora, ela passou por mais de 20 especialistas. Neurologistas, reumatologistas, dermatologistas, oftalmologistas, dentistas. Também consultou médicos em Botucatu e Campinas, na mesma região.