Se neutralizar todos os fatores de risco é impossível --e viver muito é um desejo de todos --, a solução é diagnosticar o câncer o quanto antes, enquanto é possível falar em cura. Isso melhorou muito nas últimas décadas, com a sofisticação dos exames de imagem e a implementação de políticas de rastreamento.
"Podemos dizer que, considerando todos os tipos de câncer, mais da metade dos pacientes tem oportunidade de ficar curados", afirma Alexandre Palladino, chefe de oncologia clínica do HC I, do Inca (Instituto Nacional do Câncer). É muito quando se trata de doenças crônicas.
Novas técnicas de radioterapia e substâncias que atacam as células doentes sem destruir as sadias também transformaram o cenário, inclusive para doenças que de fato eram uma sentença de morte, como certos tipos de câncer de pulmão ou melanoma de pele avançados.
Com diagnóstico precoce, vamos curar cerca de 90% dos casos de câncer, com baixo custo e sem mutilação", diz Lopes. Para ilustrar, o médico lembra que, até pouco tempo, quase todos os tumores de mama eram tratados com mastectomia radical.
Hoje, com associação de novas técnicas cirúrgicas, drogas e radioterapia, é possível retirar só um quarto da mama em muitos casos de câncer. Não só a sobrevida aumenta, como também a qualidade dela" Ademar Lopes, cirurgião oncológico
Embora a taxa de mortes por todos os tipos de câncer no Brasil (mais de 200 mil ao ano) ainda não dar nenhum sinal de queda --principalmente por falhas no rastreamento da doenças --, os números nos EUA mostram que há muita gente vivendo mais, apesar do câncer.
Sim, ainda há 600 mil mortes por ano no país, de acordo com a Sociedade Americana do Câncer, porém, de 1990 a 2016, aconteceu uma redução de 27% na letalidade geral --o que se deve muito aos avanços na prevenção, diagnóstico e controle do câncer de pulmão, um dos mais fatais no mundo todo. Além do impacto das políticas contra o tabagismo, a detecção precoce e os novos tratamentos para casos avançados já começam a dar impacto. A mortalidade por câncer de próstata caiu 50% e a por tumores de mama, 40% nos últimos anos.