Foram sete meses de pandemia até que o Brasil atingisse a marca de 150 mil mortes causadas pela covid-19. Somos o segundo país a alcançar o número, atrás apenas dos EUA.
Nesse momento, o país está em um cenário conflitante: enquanto em muitas cidades a vida está cada vez mais próxima do "normal" —e não há problema algum nisso, já que os médicos sabem lidar melhor com a doença, os hospitais estão longe de um colapso e a retomada das atividades tem sido planejada—, em muitos locais seguimos sem controle adequado da transmissão do coronavírus, o que deixa a dúvida se uma nova onda da doença nos atingirá.
As estatísticas apontam que o número de casos e mortes vem caindo ao longo das últimas semanas, porém, em meio a tantas dúvidas, uma certeza: a pandemia teve um freio, mas não acabou —nem dá sinais que isso ocorrerá antes do desenvolvimento de uma vacina. Devemos continuar tomando cuidados básicos (como usar máscara, evitar aglomerações) e seguir buscando compreender melhor o comportamento da doença para evitar que o número de óbitos volte a acelerar.
Para Bernadete Peres, vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), o número de 150 mil mortes poderia ter sido evitado, mas também poderia ter sido ainda maior.
Nós tivemos uma ausência do governo federal na resposta à epidemia, tanto do ponto de vista clínico-epidemiológico, como do ponto de vista simbólico, social, de investimento em pesquisas. Mas ela poderia ser maior, não fosse a articulação de serviços e instituições que ainda resistem nos territórios, que representam o SUS (Sistema Único de Saúde). Tivemos ação de universidades e de instituições de pesquisa e de ciência.