No caso de Murilo, a convulsão não deixou sequelas. Ele descobriu ter um cavernoma único, no lobo temporal direito, que está relacionado à audição, memória e tem conexão com as vias ópticas. Depois de ser medicado com anticonvulsionante, teve alta e foi orientado a procurar um neurocirurgião.
A cirurgia é recomendada em casos de cavernoma com mais de 1,5 cm ou 2 cm, dependendo da localização e sintomas. O que Murilo carregava consigo media quase 3 cm. Apesar da ideia de ser submetido a uma microcirurgia cerebral despertar seus piores fantasmas, era necessário passar por isso.
"Se você escolhesse algo para ter no cérebro, seria isso", disse Veiga a Murilo durante a consulta. Ele possuía um cavernoma único e provavelmente esporádico (ou seja, não na forma familiar), em uma região não muito profunda. A principal sequela que a cirurgia poderia trazer seria um déficit na visão periférica.
Cavernoma não é um tumor
Apesar do sufixo 'oma', que está tradicionalmente relacionado a tumores, o cavernoma não é um tumor. Faz parte do capítulo de malformações vasculares. E uma das boas notícias a que Murilo se apegava para manter a calma era que uma vez retirado totalmente, ele estaria curado. Mesmo arrasado emocionalmente, Murilo começava a acreditar na cura. Sua mãe, sua companheira e seu irmão (que também se amontoavam na sala do Dr. Veiga) sentiram o mesmo.