Acupuntura, homeopatia, musicoterapia. O que as três propostas têm em comum? Embora não sejam validadas pela ciência moderna, elas são amplamente utilizadas no Brasil e estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde), por meio da PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares), criada em 2006.
Com a medida, terapias como essas passaram a ser oferecidas pelos municípios, complementando serviços médicos convencionais. A ideia de que os processos de cura e prevenção perpassam fatores socioculturais está no cerne do discurso de quem defende a iniciativa.
Mas ela é carregada de polêmicas e há quem refute toda a premissa do projeto. Motivo: a maioria das 29 terapias listadas hoje na lei não tem a chancela da medicina baseada em evidências. A pergunta que paira é: faz sentido tratamentos sem consenso científico serem financiados pelo Estado?
Também há discussões comuns até entre os próprios defensores das PICS (Práticas Integrativas e Complementares em Saúde): como evitar que elas se sujeitem a lobbies do mercado do bem-estar? Como abraçar terapias que realmente conversem com a cultura local? Como promover pesquisa e qualificação e prevenir o charlatanismo? Como driblar a desinformação e impedir que pessoas troquem tratamentos como quimioterapia por práticas alternativas?
Entre embates e questões em aberto, as PICS encampam uma das principais polêmicas da saúde coletiva brasileira atualmente. E não há respostas fáceis.