Um pico de estresse levou Margot Godinho Saito, 42, a procurar uma psicóloga. Na época, ela estava com 38 anos e achou que era por causa do trabalho como analista de logística. Mas a psicóloga levantou a suspeita de que, talvez, algo maior pudesse estar acontecendo.
A especialista estava certa. Após vários exames e consultas com diversos médicos, Margot descobriu ter demência frontotemporal, também conhecida pela sigla DFT.
Diferentemente do Alzheimer, esse tipo de demência não afeta predominantemente a memória. A doença provoca principalmente uma alteração no comportamento —é como se a pessoa mudasse de personalidade. A idade também é um diferencial: a DFT atinge uma parcela muita ativa da população, geralmente com idade entre 45 e 65 anos, enquanto o risco do Alzheimer aparecer aumenta a partir dos 65.
"Por conta da doença, os médicos disseram que parte do meu cérebro parece com o de uma pessoa de 90 anos", diz Margot. De acordo com os especialistas, essa analogia utilizada ocorre porque a demência frontotemporal causa atrofia nas regiões frontais e temporais do cérebro, reduzindo o volume do órgão —algo que acontece de forma natural e progressiva a partir dos 70 anos.
Não há cura para a DFT, os remédios servem apenas para controlar os sintomas, que variam (e explicamos mais adiante). Mesmo assim, é possível ter qualidade de vida, e é exatamente isso que Margot busca.