Quem são os minerais?

Na natureza, estão nos solos e nas águas. E no nosso corpo, em tecidos, líquidos e secreções corporais

Bruna Alves De VivaBem, em São Paulo

Essenciais em pequenas quantidades

Na natureza, os minerais estão presentes nas águas, no solo e nas plantas. Já no nosso corpo, aparecem em tecidos, líquidos e secreções corporais (sangue, suor, urina, fezes, saliva, entre outras), sempre em pequenas quantidades. Pode parecer estranho ter ferro, cobre e magnésio no corpo, mas eles estão lá, cada um com a sua função.

São elementos necessários em pequenas quantidades para o funcionamento do organismo e da manutenção da saúde. Eles representam de 4 a 5% do peso corporal em mulheres e homens adultos. Estão presentes, principalmente, nos vegetais, cereais e alimentos de origem animal. Sua concentração é maior nos alimentos integrais, pois o refinamento dos grãos leva à perda dos minerais presentes na casca.

Quando se fala em nutrientes, há uma divisão entre macronutrientes e micronutrientes. Os macronutrientes são os carboidratos, proteínas e lipídios —mais conhecidos de todos nós. Os micronutrientes envolvem as vitaminas e os minerais.

Os minerais são classificados de acordo com a quantidade necessária no nosso corpo:

  • Macrominerais: necessidade diária é maior. Suas funções principais estão ligadas à estrutura e formação dos ossos, regulação dos fluidos corporais e secreções digestivas. Exemplos: sódio, potássio, cálcio, fósforo e magnésio.
  • Microminerais (ou oligoelementos): necessidade diária menor. As funções destes minerais estão relacionadas a reações bioquímicas, ao sistema imunológico e ação antioxidante. Exemplos: ferro, cobre, fluoreto, manganês e zinco.

Vale lembrar que a desnutrição é o reflexo da deficiência de nutrientes —seja você gordo ou magro—, a falta de nutrientes não está relacionada somente a quantidade dos alimentos, mas também a qualidade deles. E assim como a falta é prejudicial, o excesso também, portanto, nenhum tipo de suplementação mineral deve ser iniciada sem a indicação de um especialista.

O que acontece após a ingestão?

Após ingestão de um mineral, a absorção e utilização nos tecidos e células depende da sua biodisponibilidade.

A biodisponibilidade de um nutriente se refere a proporção realmente usada pelo organismo. Ou seja, a simples presença do mineral no alimento não garante sua utilização pelo corpo, uma vez que ele depende da forma química, quantidade ingerida, interação com outros nutrientes, eficiência da absorção, metabolização, entre outros. Em resumo: não é a quantidade total que você ingerir que será aproveitada em alguma função do seu organismo.

Apesar de os alimentos terem certa quantidade de micronutrientes, não significa que se você comer duas conchas de feijão por dia, por exemplo, vai conseguir suprir a sua necessidade diária de ferro. Há um estudo que indica que apesar de ter 2,2 g de ferro por refeição, apenas 2% desse ferro foi absorvido por mulheres.

Para que você consiga ler esse texto, respirar, movimentar os dedos e pensar, estão ocorrendo inúmeras reações e ações ao mesmo tempo que, para terem sucesso, um dos fatores é o equilíbrio dos nutrientes (entre eles, os minerais) no nosso organismo.

Os minerais precisam ser ingeridos —já que não têm origem orgânica e, por isso, jamais se transformam em energia para o corpo— e a melhor forma de obtê-los é por meio de uma alimentação rica em alimentos in natura. Como dizem por aí: tem que descascar mais e desembalar menos. Alguns minerais ainda podem ser armazenados para serem utilizados depois em outro órgão, como por exemplo, o cálcio, que se armazena nos ossos. Esse é o motivo pelo qual não apresentamos deficiência diária pela falta de ingestão.

O papel dos favorecedores e dos inibidores

Ao ingerir certos tipos de alimentos em conjunto, os nutrientes ali presentes podem interagir entre si e levar a maior ou menor absorção no organismo. Essas interferências alimentares são o que chamamos de favorecedores e inibidores. É como o próprio nome já diz, alguns alimentos ajudam na absorção de determinados minerais e outros prejudicam.

A clássica laranja na feijoada, além de ser uma ótima sobremesa, auxilia na melhora da biodisponibilidade de nutrientes da refeição. Isso porque a vitamina C favorece a absorção de ferro do feijão, por exemplo.

Já o leite, por ser rico em cálcio, é um dos inibidores da absorção de magnésio, assim como o sódio, encontrado principalmente no sal, é um inibidor de potássio.

Muitas pessoas gostam de tomar café preto ou até mesmo algum tipo de chá durante a tarde, essas bebidas, no entanto, são inibidores de zinco, pois contém taninos, que são substâncias derivadas de plantas, que interferem na absorção deste mineral.

Apesar de componentes vegetais, como fitato e oxalato, prejudicarem a absorção de alguns minerais, as fibras também presentes nesses alimentos podem auxiliar na melhora da absorção de cálcio e magnésio.

Há inúmeras interferências entre os próprios minerais que podem ser benéficas ou prejudiciais. Portanto, uma alimentação equilibrada e variada é capaz de fornecer todos os nutrientes necessários para o organismo, mesmo que hajam diversos inibidores da absorção.

Isso porque inibir não significa que não haverá absorção, mas, sim, que aquele mineral terá mais dificuldade de ser absorvido. Além disso, a forma como as pessoas vão absorver os minerais é individual, ou seja, cada um é de um jeito.

VivaBem ouviu especialistas e selecionou alguns dos principais minerais que precisamos para manter a saúde em dia.

Ferro

Por que é importante: o ferro é essencial para funções vitais do organismo. Uma de suas principais ações é o transporte de oxigênio dos pulmões para os demais órgãos, por meio da incorporação na estrutura das proteínas hemoglobina e mioglobina. Cerca de 2/3 do ferro encontrado no organismo está na forma de hemoglobina e, por isso, ela é utilizada como um dos marcadores para avaliar as reservas corporais de ferro. Destaca-se também a ação do ferro na produção de células vermelhas (hemácias), redução de espécies reativas e produção de energia.

Carência: é uma das carências nutricionais mais comuns e importantes em todo o mundo. A anemia é a manifestação mais comum, resultado da insuficiência de hemoglobina na circulação e da habilidade de transporte de oxigênio para os tecidos. Entre os sintomas da anemia por deficiência de ferro estão cansaço persistente, palidez, apatia, fraqueza, tontura, capacidade reduzida de trabalho, irritabilidade e perda de apetite. Em crianças e adolescentes, o desenvolvimento físico e cognitivo pode ser comprometido quando estão com deficiência de ferro.

Excesso: raramente, o excesso de ingestão de ferro provoca efeitos adversos, como desconforto abdominal.

Fontes: feijão, fígado de boi, fígado de frango, pitaia, castanha de caju, semente de chia, gema de ovo de galinha.

Selênio

Por que é importante: tem função antioxidante, que combate os radicais livres no nosso organismo. Essas substâncias são produzidas naturalmente no metabolismo, porém, em excesso, podem causar danos às membranas das células, gorduras e até ao DNA. Dietas com alto teor de gorduras saturadas, poluição do ar, estresse, tabagismo e alcoolismo aumentam consideravelmente a formação de radicais livres. Por isso, esse mineral tem potencial de melhorar a resposta imune e anti-inflamatória.

Além disso, o selênio regula a função e o metabolismo da tireoide, sendo considerado o órgão com maior concentração do mineral no corpo. A proteção contra a ação nociva de metais pesados, como cádmio, mercúrio e chumbo, é outra importante ação do selênio, para reduzir a toxicidade de substâncias estranhas ao organismo.

Carência: pode causar fraqueza muscular, unhas e cabelos quebradiços, dores nas articulações, cansaço e falta de concentração. A deficiência também já foi relacionada ao risco aumentado de desenvolver câncer, diabetes tipo 2, doenças da tireoide, obesidade, doenças cardiovasculares e Alzheimer. Em casos mais graves, doença de Keshan e doença de Kashin-Beck.

Excesso: pode causar selenose, caracterizada pela perda de cabelo, unhas quebradiças (assim como na carência), lesões na pele e odor de alho pela respiração. A intoxicação por selênio também pode causar distúrbios gastrointestinais e aumento do risco de desenvolver diabetes tipo 2, síndrome metabólica e alteração do colesterol.

Fontes: castanha do Brasil, soja, picanha, polpa de buriti, fígado de frango, semente de chia, gema de ovo de galinha.

Magnésio

Por que é importante: o magnésio é um dos principais micronutrientes dentro das células. Ele exerce participação em mais de 300 enzimas na regulação e proliferação celular, metabolismo de energia, transporte de cálcio e potássio através das membranas celulares, influenciando assim a função de todas as células do corpo.

Nos músculos, o magnésio é fundamental no controle de contração e relaxamento, pressão sanguínea, transmissão de sinais entre sistema nervoso e mecanismos relacionados à insulina. Além disso, é fundamental para formação dos ossos, dentes, anticorpos e na participação no sistema imune. O maior reservatório de magnésio está nos ossos (53%) e músculos (27%), que mantém as concentrações adequadas do mineral no sangue e demais tecidos. Porém, esse estoque é reduzido com a idade.

O processo de refinamento dos cereais integrais, como arroz, aveia e trigo, leva à perda de 80% dos minerais presentes na casca. Como a ingestão de alimentos refinados é bem mais frequente pela população, o consumo de magnésio pela dieta é reduzido.

Carência: os sintomas típicos são anorexia, náusea, vômitos, letargia e fraqueza e, em casos mais graves, a pessoa pode apresentar parestesia (sensação de dormência, formigamento, coceira), irritabilidade, diminuição da atenção e confusão mental. A carência de magnésio pode levar também ao aumento da absorção e deposição de manganês nos tecidos, além de contribuir para o surgimento de algumas doenças como aterosclerose, hipertensão, diabetes, asma e osteoporose.

Excesso: nesses casos, a pessoa pode ter náuseas, vômitos, queda da pressão arterial, sonolência e fraqueza.

Fontes: feijão, soja, semente de chia, peito de frango, banana, leite de vaca integral, macaúba.

Potássio

Por que é importante: é o mineral que se encontra em maior quantidade dentro da célula, sendo o responsável, portanto, pelo bom funcionamento celular. Pequenas alterações na concentração do potássio extracelular podem afetar a transmissão neural, a contração muscular e o tônus vascular. Cerca de 85% deste mineral ingerido é absorvido em indivíduos saudáveis.

Carência: a deficiência grave de potássio é caracterizada por hipocalemia (concentração de potássio no sangue inferior ao normal), geralmente associado com o aumento da pressão sanguínea, podendo aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Os sintomas mais comuns da ingestão inadequada são arritmias cardíacas, fraqueza muscular, aumento da pressão sanguínea, sensibilidade ao sal e intolerância à glicose.

Sendo assim, o equilíbrio entre o sódio e potássio é um fator essencial para a diminuição da pressão sanguínea. Dificilmente a deficiência ocorre pelo consumo insuficiente. É mais provável a perda em vômitos e diarreias, uso de diuréticos, desnutrição grave e cirurgias.

Excesso: pode causar batimentos cardíacos irregulares, náusea e vômito, e fraqueza muscular.

Fontes: feijão, quinoa, pistache, leite de vaca desnatado, paleta suína, abacate, clara do ovo de galinha.

Fósforo

Porque é importante: o fósforo tem um papel estrutural no organismo, sendo um dos principais componentes de ossos e dentes. Ele também faz parte da estrutura química dos fosfolipídeos, que são componentes estruturais das membranas celulares, responsáveis pela permeabilidade seletiva da membrana plasmática que controle a entrada e saída de moléculas.

O fósforo é importante na ativação de fatores na cascata de coagulação e auxilia na manutenção do pH. O fósforo, sob a forma de fosfato, é o componente do DNA e RNA, moléculas necessárias para transmissão das informações hereditárias e síntese proteica.

O conteúdo do fosfato das plantas e animais está bem mais acima do recomendado, tornando a deficiência deste mineral pela dieta rara.

Carência: a deficiência de fósforo leva ao aumento moderado do cálcio no plasma, podendo contribuir para o entupimento do vaso sanguíneo e aumento na urina, facilitando assim, a formação de cálculo renal de cálcio.

No entanto, raramente uma pessoa saudável terá deficiência de fósforo. E, quando acontece, está associada a outros fatores como restrição alimentar grave, problemas na absorção, dieta renal grave, dietas com altas concentrações de magnésio, alcoolismo, etc. Nesses casos, é possível apresentar sintomas como tremor, confusão mental, fraqueza, dores ósseas, problemas na coagulação, entre outros.

Excesso: neste caso podem surgir irregularidades na função renal e vascular, diminuição da fertilidade, aumento do risco de envelhecimento precoce e desenvolvimento de câncer.

Fontes: feijão, leite de vaca integral, fígado de frango, paleta suína, semente de chia, gergelim, gema de ovo de galinha.

Cálcio

Por que é importante: esse é o mineral mais abundante no organismo, sendo responsável por 1 a 2% do peso do corpo. O cálcio possui funções estruturais e funcionais, como a formação e manutenção do esqueleto, fortalecimento de ossos e dentes, auxilia na rigidez da membrana plasmática, serve como barreira contra a entrada de células alérgicas, melhora o funcionamento cerebral e auxilia na contração muscular e na coagulação do sangue, reparando os tecidos.

Cerca de 99% é encontrado em dentes e ossos, o restante é encontrado no sangue, no fluido extracelular, nos músculos e em outros tecidos.

Carência: a falta de cálcio pode causar raquitismo e osteomalácia. Raquitismo é uma doença que ocorre em crianças e adolescentes, resultante da falta de mineralização do osso recém-formado. Em uma grave deficiência, os baixos níveis de cálcio intracelular em nervo e músculo podem fazer com que ocorra convulsões musculares.

Já na osteomalácia ocorre uma desmineralização progressiva, provocando dores nos ossos e deformidade do esqueleto, com fraqueza muscular. Tanto o raquitismo como a osteomalácia podem estar relacionados com a falta de vitamina D, por conta da exposição solar inadequada. Isto porque a vitamina D na sua forma ativa tem função de transporte de cálcio.

Além disso, a falta de cálcio no organismo pode levar a sintomas moderados como formigamentos, agulhadas, fraquezas dos membros e contrações musculares. Já deficiências mais severas podem causar osteopenia e osteoporose.

Excesso: pode levar à formação de pedras nos rins, náuseas, fraqueza muscular, insuficiência renal e confusão mental.

Fontes: lambari, leite de vaca desnatado, soja, feijão, semente de chia, gergelim, costela suína.

Cobre

Por que é importante: há 12 cuproenzimas, isto é, enzimas que dependem de cobre para realizar suas diversas funções, como respiração celular, metabolismo do ferro, formação de pigmentos, modulação do colesterol, biossíntesse de neurotransmissores e ação antioxidante.

Carência: a deficiência de cobre está associada a diminuição da atividade das cuproenzimas, resultando em alterações no metabolismo do colesterol e da glicose, problemas vasculares, esqueléticos e cardíacos, maior suscetibilidade para oxidação de lipoproteínas, entre outros.

Excesso: não é comum o excesso de cobre em pessoas, mas, se houver, pode causar náuseas, vômito, diarreia, dor abdominal, taquicardia, dificuldades respiratórias e comprometimento da memória.

Fontes: fígado de boi, sarapatel, mamão papaya, grã-de-bico, repolho roxo, pescada, semente de chia.

Sódio

Por que é importante: o sódio é um mineral de suma importância para o organismo, sendo o responsável pela manutenção da pressão sanguínea. O sal de cozinha é composto por 40% de sódio, sendo a principal fonte desse mineral na alimentação. O sódio é essencial para o equilíbrio hídrico, acidobásico e é importante na transmissão de impulsos nervosos e no estímulo à ação muscular.

Carência: por ser facilmente encontrado nos alimentos, a deficiência de sódio é rara, mas pode ocorrer em casos de indivíduos com suor excessivo como trabalhadores braçais ou atletas em ambientes quentes. Nesse sentido, a deficiência de sódio pode causar alterações no equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico, na absorção de aminoácidos e glicose, na transmissão nervosa e contrações musculares.

Excesso: resulta na elevação da pressão sanguínea, sendo um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Estudo realizado na Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) mostrou que o consumo diário de sódio dos brasileiros é de 4,7 g/dia. Isso corresponde ao dobro do limite recomendado, que é de 2,3 g/dia.

Fontes boas: semente de chia, clara do ovo de galinha, morango, feijão, coxa de frango sem pele, leite de vaca integral, sururu (mexilhão).

Zinco

Porque é importante: o zinco desempenha funções catalíticas, (quebra de moléculas, no qual acelera a reação), e está envolvido em mais de 300 enzimas que controlam diversos processos como a síntese do DNA, desenvolvimento cerebral, resposta comportamental, reprodução e desenvolvimento fetal, estabilidade de membrana, formação óssea, cicatrização de feridas, dentre outras.

Carência: pode ocorrer por ingestão inadequada, aumento das necessidades, má absorção e perdas aumentadas. Cerca de 17,3% da população mundial apresenta risco de ingestão inadequada de zinco. Os principais sintomas desta deficiência são anorexia, alterações do paladar, alopecia, diarreia, intolerância à glicose, hipogonadismo (ovário e testículos produzem quantidade inadequada de hormônios sexuais), disfunções imunológicas, lesões cutâneas e oculares.

A falta de zinco pode ocasionar, ainda, atraso da maturação sexual, déficit de crescimento, diarreia crônica, pouco apetite, deficiência do sistema autoimune e risco a arteriosclerose.

Excesso: causa sintomas como náuseas, vômitos, diarreia, alteração da respiração, sudorese e gosto metálico na boca. Em longo prazo, o excesso de zinco pode reduzir a absorção de cobre e afetar o sistema imunológico.

Fontes: ostra, acém bovino, grão-de-bico, ovo de galinha, semente de chia, castanha de caju, polpa de coco.

Iodo

Por que é importante: o iodo foi reconhecido como um micronutriente fundamental para o crescimento e desenvolvimento humano, por ser um componente essencial dos hormônios da glândula da tireoide, tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3). No organismo há aproximadamente 20 mg de iodo, dos quais 80% estão acumulados nas estruturas da glândula tireoide. A produção e excreção dos hormônios T3 e T4 dependem da concentração de iodo.

Os hormônios tireoidianos exercem importantes funções relacionadas ao desenvolvimento e funcionamento do cérebro e do sistema nervoso, além da regulação da temperatura corporal.

Carência: na deficiência de iodo, não há formação adequada do hormônio tireoidiano e sua excreção é reduzida. A baixa ingestão por tempo prolongado resulta no aumento (hipertrofia) da glândula da tireoide.

O Conselho Internacional para o Controle de Distúrbios por Deficiência de Iodo (2017) destacou os principais prejuízos causados e/ou associados à sua deficiência: 1 a 10% cretinismo; 5 a 30% algum dano cerebral e 30 a 70% perda de energia relacionada ao hipotireoidismo.

O cretinismo endêmico é manifestado quando há deficiência de iodo e a diminuição da síntese dos hormônios tireoidianos durante o período fetal e primeira infância, podendo causar danos cerebrais irreversíveis, como retardo mental e anomalias neurológicas, interferindo, por exemplo, no desenvolvimento físico, na fala e na audição.

Existem dois tipos de cretinismo, o neurológico e o mixedematoso. O cretinismo neurológico é a forma mais comum, caracterizado por déficit neurológico, como tetraplegia. Já o cretinismo mixedematoso está associado à atrofia da glândula da tireoide.

Excesso: o consumo excessivo de iodo pode causar tireoidite crônica autoimune (tireoidite de Hashimoto) ou hipertireoidismo induzido por iodo.

Fontes: alga marinha (yakinori), bacalhau, iogurte desnatado, sal iodado, leite semi-desnatado, ovo de galinha, atum enlatado (drenado).

Manganês

Por que é importante: o manganês é um mineral essencial para o organismo e apresenta muitas funções, entre elas, a participação na formação de tecidos, no metabolismo de aminoácidos, colesterol e carboidratos, na regulação de neurotransmissores e de muitas enzimas, como a manganês superóxido dismutase (MnSOD), que tem ação antioxidante.

Carência: a deficiência pode causar prejuízos no crescimento, na formação e regulação da estrutura óssea e no metabolismo de lipídios e carboidratos.

Excesso: este excesso pode causar manganismo, caracterizado por mudanças no comportamento, espasmos musculares faciais, tremores, dificuldade de locomoção e déficit cognitivo.

Fontes: mexilhão, coentro, palmito juçara, avelã, noz pecã, arroz integral, aveia.

Deficiência mineral nos brasileiros

A situação nutricional no Brasil vem se alterando ao longo dos anos, com aumento da prevalência de sobrepeso/obesidade. Segundo a POF 2017-2018 (Pesquisas Orçamentárias Familiares) divulgada em agosto de 2020, a transição alimentar na população brasileira é caracterizada pelo aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, com baixa qualidade nutricional, alto valor energético e redução da ingestão de frutas, legumes e verduras.

Adolescentes são o grupo que mais consome alimentos ultraprocessados (27% do total das calorias diárias), enquanto para a população com mais de 60 anos, o consumo é de 15,1%. Isso impacta diretamente na quantidade de minerais consumidos na dieta.

Ainda segundo a pesquisa, o consumo de sódio foi acima da recomendação para mais da metade (53,5%) da população brasileira, sendo mais elevada em homens adultos (74,2%) e reduzida em mulheres idosas (25,8%).

A POF também analisou o percentual de indivíduos com consumo abaixo da necessidade média para os minerais cálcio, magnésio, fósforo, ferro, cobre e zinco. Cerca de 85% dos adolescentes de ambos os sexos consumiam pouco cálcio, e entre 50% e 85% deles ingeriam pouco magnésio e fósforo.

Entre os adultos, o mineral com inadequação maior que 85% foi o cálcio, para ambos os sexos. Magnésio apresentou inadequação entre 50% e 85%.

Para os idosos de ambos os sexos, os nutrientes com prevalências de ingestão inadequada acima de 50% foram cálcio e magnésio. Para idosos do sexo masculino, em 2017-2018, a prevalência de inadequação de ingestão de magnésio também foi expressiva (80,5%).

E, além da má alimentação que ocorre naturalmente, a concentração e condições do solo onde os alimentos são cultivados, como origem geológica, localização e clima, afetam diretamente toda a cadeia alimentar.

Sendo assim, solos pobres em minerais resultam em alimentos com baixo teor nesses nutrientes e, consequentemente, menor consumo pelas pessoas.

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